Sermões de Spurgeon sobre a cruz de CristoExemplo
Suor em sangue
Lemos: “seu suor se tornou como gotas de sangue”. Por essa razão, alguns poucos escritores supõem que o suor não era efetivamente de sangue, mas que aparentava sangue. Contudo, essa interpretação tem sido rejeitada pela maioria dos comentaristas, desde Agostinho em diante, e geralmente sustenta-se que as palavras “se tornou como” não apenas apresentam a semelhança de sangue, mas que significam que era real e literalmente sangue! Encontramos a mesma expressão usada no texto: “e vimos a sua glória, glória como do unigênito do Pai”. Assim, com certeza, isso não quer dizer que Cristo fosse como o unigênito do Pai, já que Ele realmente o é; de forma que essa expressão das Sagradas Escrituras geralmente estabelece não apenas a semelhança a algo, mas a própria coisa em si. Portanto, cremos que Cristo realmente suou sangue. Embora esse fenômeno seja um tanto incomum, ele tem sido testemunhado em outras pessoas. Há vários casos registrados, alguns em antigos livros de medicina de Galeno [N.T.: Cláudio Galeno, médico grego, 130 d.C.–210 d.C.], e, mais recentemente, por outros, sobre indivíduos que, após longos períodos de fraqueza, sob o temor da morte, suaram sangue. No entanto, o caso de Jesus é completamente único por várias razões. Se vocês perceberem, Ele não apenas suou sangue, mas foi em grandes gotas. O sangue coagulou e formou grandes massas. Não consigo expressar o significado de forma melhor do que “coágulos” — gotas grandes e pesadas. Isso não é visto com frequência. Já foi observada uma leve efusão de sangue em casos de pessoas que estavam previamente enfraquecidas, mas grandes gotas? Nunca! Quando se diz: “caindo sobre a terra”, demonstra a abundância, de modo que não teria ficado apenas na superfície, sendo absorvido por Suas roupas até que Ele se tornasse a novilha vermelha [N.T.: Números 19.] que fora sacrificada naquele mesmo lugar, mas o sangue caiu sobre a terra. Nisso, Ele é incomparável; era um homem de apenas 33 anos, com saúde perfeita e labutava sob o temor da morte, porém a pressão mental que surgia de Sua luta com a tentação e a tensão de toda Sua força, com o objetivo de desbaratar a proposta satânica, forçou Sua estrutura a uma agitação incomum, o que fez Seus poros expelirem grandes gotas de sangue que caíram sobre a terra. Isso prova como o peso do pecado que esmagou o Salvador deve ter sido tremendo levando-o a destilar gotas de sangue! Prova, também, meus irmãos e irmãs, o grande poder de Seu amor! Isaac Ambrose fez a bela observação de que é sempre melhor a seiva expelida pela árvore sem que haja corte. Essa preciosa canforeira exalou os mais doces aromas quando sob os açoites dos azorragues e quando perfurada pelos cravos na cruz. No entanto, vejam, ela produz suas melhores fragrâncias quando não há chicote, nem pregos, nem feridas! Isso ressalta a voluntariedade dos sofrimentos de Cristo, já que o sangue fluiu livremente sem que houvesse a lança. Não houve necessidade da aplicação da sanguessuga, ou de cortar com a faca — o sangue fluiu espontaneamente! Não há necessidade de que os governantes clamem: “Brota, ó poço!”. Por si mesmo ele brota em torrentes carmesim! Caros e amados amigos, se os homens sofrem de alguma assustadora pressão mental — não tenho ciência das questões médicas — aparentemente o sangue corre para o coração, as faces ficam pálidas, há um espasmo de desmaio. O sangue flui internamente, como se para nutrir o interior do homem que passa pela provação. Contudo, olhem para o Salvador em Sua agonia — está tão alheio a si mesmo que, em vez de Seu sofrimento levar Seu sangue para o coração para que nutra a si mesmo, ele o conduz para fora a fim de orvalhar a terra. A agonia de Cristo, enquanto o derrama sobre o solo, ilustra a plenitude da oferta que Ele fez pelos homens.
As Escrituras
Sobre este Plano
Cada uma das palavras aqui registradas lhe provocará a reflexão do quanto custou a Deus remir o que estava perdido. A paixão com que foram registradas instiga o leitor a sondar seu compromisso com o Redentor em vista de tal demonstração do amor divino.
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