Sermões de Spurgeon sobre a cruz de CristoExemplo
Venham e contemplemos a INEXPRIMÍVEL ANGÚSTIA DO SALVADOR.
As emoções daquela pesarosa noite são expressas em várias passagens das Escrituras. João descreve Cristo dizendo quatro dias antes de Sua paixão: “Agora, está angustiada a minha alma”. À medida que Ele percebia as nuvens se acumulando, mal sabia para onde se voltar e clamou: “O que direi eu?”. Mateus registrou sobre Ele: “começou a entristecer-se e a angustiar-se”. Goodwin, argumentando sobre a palavra ademonein, traduzida como “angustiar-se”, observa que havia uma perturbação nas agonias do Salvador, pois a raiz dessa palavra significa “separado das pessoas — homens em perturbação, estando separados da humanidade”. Que concepção é essa, meus irmãos e irmãs, que nosso bendito Senhor deveria ser levado ao limite da confusão pela intensidade de Suas angústias! Mateus apresenta o próprio Salvador dizendo: “A minha alma está profundamente triste até à morte”. Aqui, a palavra perilupos significa envolvido, cercado, sobrecarregado com o pesar. “Ele estava mergulhado até a cabeça em tristeza e não possuía um lugar por onde pudesse respirar” é a forte expressão usada por Goodwin. O pecado não deixa brechas para que o consolo entre e, portanto, Aquele que carregou os pecados devia ficar totalmente imerso em angústia. Clark afirma que Ele começou a sentir-se “tomado de pavor” e de angústia. Neste caso, thambeisthai, com o prefixo ek, demonstra extremo assombro como o de Moisés quando se sentiu “aterrado e trêmulo”. Ó, bendito Salvador, como podemos suportar pensar em ti como um homem estupefato e aterrorizado? E foi assim que estiveste quando os terrores de Deus se lançaram em conjunto contra ti! Lucas usa a linguagem forte de meu texto: “estando em agonia”. Essas expressões, cada qual digna de ser tema de um sermão, são suficientes para mostrar que o pesar do Salvador foi de caráter extraordinário — assim justificando a exclamação do profeta: “Considerai e vede se há dor igual a minha, que veio sobre mim”. Cristo está diante de nós incomparável em sofrimento. Ninguém é tão molestado pelos poderes do mal quanto Ele foi — como se os poderes do inferno tivessem comandado às suas legiões: “Não batalhem contra o pequeno ou o grande, mas somente contra o próprio Rei!”.
Vimos de relance as fontes do grande oceano que irrompeu quando as torrentes de pesar inundaram a alma do Redentor. Irmãos e irmãs, ainda mais uma lição antes que passemos da contemplação: “Porque não temos sumo sacerdote que não possa compadecer-se das nossas fraquezas; antes, foi ele tentado em todas as coisas, à nossa semelhança, mas sem pecado. Acheguemo-nos, portanto, confiadamente, junto ao trono da graça, a fim de recebermos misericórdia e acharmos graça para socorro em ocasião oportuna”. Ponderemos: não há sofrimento que seja desconhecido para Ele! Nós corremos com os homens — Ele competiu com os cavalos; nós atravessamos com dificuldade as águas rasas do sofrimento, que nos chegam até apenas aos tornozelos — Ele teve de lutar contra as correntes do Jordão. Ele jamais falhará em socorrer Seu povo quando estiverem em tentação. Como foi dito há muito tempo: “Em toda a angústia deles, foi ele angustiado, e o Anjo da sua presença os salvou”.
As Escrituras
Sobre este Plano
Cada uma das palavras aqui registradas lhe provocará a reflexão do quanto custou a Deus remir o que estava perdido. A paixão com que foram registradas instiga o leitor a sondar seu compromisso com o Redentor em vista de tal demonstração do amor divino.
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