Sermões de Spurgeon sobre a cruz de CristoExemplo
“Considerai e vede”
2. Devemos prosseguir para nos determos algum tempo sobre as próximas palavras: “HOMEM DE DORES”. A expressão é muito enfática. Não é “homem triste”, mas, “homem de dores”, como se Ele fosse feito de dores, e elas fossem elementos constitutivos de Seu ser. Alguns são homens de prazeres, outros homens de riquezas, mas Ele era “homem de dores”. Ele e dores podiam ter trocado de nomes. Quem olhava para Ele, via a dor e quem vê a dor deve olhar para Ele. “Considerai e vede”, diz Ele, “se há dor igual à minha, a que veio sobre mim”.
Nosso Senhor é chamado de o homem de dores por peculiaridade, pois esse foi Seu sinal particular e marca especial. Podemos muito bem chamá-lo de “homem de santidade”, pois não havia culpa alguma nele; ou “homem de obras”, pois Ele fez a obra de Seu Pai determinadamente; ou “homem de eloquência”, pois homem algum falou como Ele. Poderíamos muito apropriadamente chamá-lo como nas palavras de nosso hino “homem de amor”, pois nunca houve maior amor do que aquele que ardeu no coração do Senhor. Ainda assim, evidentes como todas essas, e tantas outras excelências foram, entretanto, se tivéssemos olhado para Cristo e perguntado depois o que era a peculiaridade mais notável nele, deveríamos ter dito que eram Suas dores. As várias partes do Seu caráter eram tão singularmente harmoniosas que nenhuma qualidade predominou de forma a tornar-se uma característica principal. Em Seu retrato moral, os olhos são perfeitos, assim como a boca; seu semblante é como canteiros de bálsamo, mas os lábios como lírios, gotejando mirra de aroma doce. Em Pedro, vê-se o entusiasmo exagerado às vezes tornando-se presunção, e em João, o amor por seu Senhor clamaria por fogo do Céu sobre seus inimigos. Deficiências e exageros existem em todos os lugares, exceto em Jesus. Ele é o homem perfeito, um homem íntegro e o Santo de Israel. Mas havia uma peculiaridade, e ela residia no fato de que “o seu aspecto estava mui desfigurado, mais do que o de outro qualquer, e a sua aparência, mais do que a dos outros filhos dos homens” devido aos sofrimentos excessivos que continuamente traspassaram Seu espírito. As lágrimas eram Seu brasão, e a cruz Seu escudo. Ele era o Guerreiro em armadura negra, e não, como agora, o Cavaleiro sobre o cavalo branco. Ele era o Senhor do sofrimento, o Príncipe da dor, o Imperador da angústia, um “homem de dores e que sabe o que é padecer”. —
Ó Rei do sofrimento! (Um título estranho, porém verdadeiro,
Devido somente a ti dentre todos os reis),
Ó Rei de chagas!
Como hei de chorar por ti,
Que em toda a dor me impede?
O título “homem de dores” não foi dado ao nosso Senhor por excelência? Ele não estava apenas aflito, mas preeminente entre os aflitos. Todos os homens têm um fardo a carregar, mas o de Jesus foi o mais pesado de todos. Quem há na humanidade que esteja livre de dores? Pesquise por todo o mundo, e espinhos e cardos serão encontrados em toda parte, e eles ferem todos os nascidos de mulher. Nos lugares mais elevados da Terra há dor, pois a viúva real chora por seu senhor. Mais abaixo, na cabana, onde imaginamos que nada além de satisfação possa reinar, mil lágrimas amargas são derramadas por causa da extrema pobreza e opressão cruéis. Nos climas mais ensolarados a serpente rasteja entre as flores; nas regiões mais férteis o veneno floresce bem como ervas boas. Em todos os lugares, “Homens devem trabalhar e mulheres devem prantear”. Há dor no mar e tristeza na terra. Mas, nesta humanidade, o “primogênito dentre muitos irmãos” tem mais do que uma porção dobrada, Sua taça é a mais amarga; Seu batismo é mais profundo do que o do restante da família. Os sofredores comuns devem se render, pois ninguém pode se comparar a Ele em sofrimento. Carpideiras comuns podem se contentar em rasgar suas vestes, mas o Cristo é rasgado em Sua aflição; elas bebem pequenos goles da taça do sofrimento, mas Ele a bebe inteira. Aquele que foi o Filho mais obediente sofreu mais o golpe da vara quando foi ferido por Deus e oprimido! Nenhum outro dos que foram espancados transpiraram grandes gotas de sangue, ou, na mesma amargura de angústia, clamaram: “Deus meu, Deus meu, por que me desamparaste?”.
As Escrituras
Sobre este Plano
Cada uma das palavras aqui registradas lhe provocará a reflexão do quanto custou a Deus remir o que estava perdido. A paixão com que foram registradas instiga o leitor a sondar seu compromisso com o Redentor em vista de tal demonstração do amor divino.
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