Sermões de Spurgeon sobre a cruz de CristoExemplo

Nas últimas dores culminantes de Sua vida, vieram sobre Ele as imposições penais de Deus — a punição do nosso pecado sobreveio a Ele. Jesus foi preso no jardim do Getsêmani por oficiais de Deus antes que os oficiais dos judeus tivessem se aproximado do Salvador. Ele se ajoelhou e lutou até que suor de sangue fluísse por todos os Seus poros e Sua alma estivesse “profundamente triste até à morte”. Você leu a história dos infortúnios de Seu Mestre e sabe como Ele foi levado rapidamente de tribunal a tribunal e tratado com desdém e crueldade antes de cada julgamento. Quando o levaram a Herodes e Pilatos e quase o assassinaram com açoites, apresentaram-no e disseram: “Ecce Homo” — “Eis o homem”. A maldade deles não estava satisfeita; precisavam ir além e pregá-lo em Sua cruz, assim zombaram dele enquanto a febre secava Sua boca levando-o a sentir que Seu corpo se dissolvia em pó. Ele brada “Tenho sede” e é ridicularizado quando lhe oferecem vinagre. Você conhece o restante da história, mas eu gostaria que lembrasse bem que o flagelo mais intenso e as dores mais severas estavam todos em Seu interior — enquanto a mão de Deus o feria e o cetro de ferro da justiça o despedaçava, por assim dizer, de forma torturante.

Ele foi apropriadamente chamado “homem de dores”! Sinto como se não tivesse palavras, como se minha língua estivesse travada enquanto tento falar sobre esse assunto. Não consigo encontrar boas palavras dignas do meu tema, embora saiba que enfeites de linguagem degradariam as agonias de meu Senhor em vez de adorná-las. Permitamos que a cruz permaneça sublime na sua simplicidade! Ela não precisa de adorno. Se eu tivesse coroas das melhores flores para pendurar ao redor dela, ficaria feliz em colocá-las nessa cruz, e se, em vez de guirlandas de flores, cada flor pudesse ser uma pedra preciosa de valor inestimável, consideraria que a cruz merece todas essas coisas. Mas, como não tenho nada disso, regozijo-me que a cruz, por si só, em sua pura simplicidade, não precise de nada advindo de um discurso humano. Voltem-se para seu Salvador sangrando, ó meus ouvintes. Continuem com o olhar fixo nele e encontrem no “homem de dores” seu Senhor e seu Deus.