Sermões de Spurgeon sobre a cruz de CristoExemplo
As razões para essa dor superior podem ser encontradas no fato de que não havia pecado associado ao Seu sofrimento. O pecado merece o sofrimento, mas também cega o fio da dor, tornando a alma rígida e insensível. Jesus não nasceu em pecado como nós nascemos; não estremecemos com a condenação do pecador como Jesus estremeceria. A natureza dele era perfeita porque ela não conhecia pecado; o pecado não estava em sua essência em meio à dor, mas era como um pássaro do continente conduzido ao mar pelo vento forte. Para o ladrão, a cadeia é a sua casa, e a comida da prisão é a carne a que ele está acostumado. Mas, para um homem inocente, o cárcere é a miséria, e tudo nele é estranho e inexplicável. A natureza pura de nosso Senhor era peculiarmente sensível a qualquer contato com o pecado. Nós, infelizmente, por causa da queda, perdemos muito desse sentimento. Na proporção em que somos santificados, o pecado torna-se a fonte de nossa desventura. Pelo fato de Jesus ser perfeito, todos os pecados doeram nele muito mais do que doeriam em qualquer um de nós. Não tenho dúvida de que haja muitas pessoas no mundo que poderiam viver alegremente nos antros do vício — poderiam ouvir blasfêmia sem se horrorizar, ver a luxúria sem se enojarem e olhar para o roubo ou assassinato sem aversão. Mas, para muitos de nós, uma hora de familiaridade com tais abominações seria a mais severa punição. Uma frase onde o nome de Jesus é blasfemado torna-se uma tortura para nós do tipo mais requintado. A simples menção dos atos vergonhosos do vício nos toma de horror. Viver com os perversos já seria um inferno suficiente para os justos. A oração de Davi está repleta de agonia quando ele clama: “Não colhas a minha alma com a dos pecadores, nem a minha vida com a dos homens sanguinários”. Mas que dor a visão do pecado deve ter causado a Jesus, por Ele ser perfeito! Nossas mãos tornam-se ásperas com o trabalho e nosso coração com o pecado — mas nosso Senhor foi, por assim dizer, semelhante a um homem cuja carne era toda como uma ferida que provoca tremores; Ele era delicadamente sensível a todo o toque do pecado. Passamos por espinhos e abrolhos do pecado porque estamos revestidos com a indiferença, mas imagine um homem nu, obrigado a atravessar uma floresta de espinhos — assim era o Salvador quanto à Sua sensibilidade moral. Ele enxergava o pecado onde não podemos vê-lo e sentia a sua crueldade como não podemos senti-la. Havia, portanto, mais para entristecê-lo, e Ele era mais capaz de ser entristecido.
Lado a lado com Sua dolorosa sensibilidade ao mal do pecado estava Sua graciosa ternura em relação aos sofrimentos dos outros. Se pudéssemos conhecer e adentrar todas as tristezas desta congregação, é provável que seríamos, de todos os homens, os mais miseráveis. Nesta manhã, há mágoas nesta casa que, se pudessem encontrar uma língua, encheriam nosso coração de agonia. Ouvimos falar de pobreza aqui, vemos enfermidades lá, observamos luto e aflição. Notamos o fato de que os homens estão passando para a sepultura e (ah, aflição muito mais amarga) descendo ao inferno. Mas, de uma forma ou de outra, ou essas coisas se tornam tão comuns que não nos sensibilizam, ou então endurecemos gradualmente. O Salvador sempre agiu com compaixão pelas tristezas dos outros, pois Seu amor sempre foi abundante. As dores de todos os homens foram Suas dores. Seu coração era tão grande que foi inevitável para Jesus se tornar “um homem de dores”.
Recordamos que, além disso, nosso Salvador tinha uma relação peculiar com o pecado. Ele não ficava apenas aflito por vê-lo e triste por perceber seus efeitos sobre as pessoas, mas o pecado realmente foi colocado sobre Ele, e Jesus foi contado com os transgressores. E, portanto, Ele foi convocado a suportar os terríveis golpes da justiça divina e sofreu agonias desconhecidas e imensuráveis. Sua divindade deu-lhe forças para sofrer, onde a mera humanidade havia falhado. A ira cujo poder nenhum homem conhece veio sobre Ele — “ao SENHOR agradou moê-lo, fazendo-o enfermar”. Contemple o homem e assombre-se na busca vã por dor semelhante.
As Escrituras
Sobre este Plano
Cada uma das palavras aqui registradas lhe provocará a reflexão do quanto custou a Deus remir o que estava perdido. A paixão com que foram registradas instiga o leitor a sondar seu compromisso com o Redentor em vista de tal demonstração do amor divino.
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