Psiquiatria e Jesus: Vencendo a AnsiedadeExemplo
Jesus não está interessado em discussões teológicas frias e sem esperança. Ele chora conosco. Ele entra na alma do cristão ansioso.
A cura de Lázaro é um bálsomo para quem está sofrendo. Se você chora por ser ansioso, Jesus chora com você.
Apesar de saber de antemão que, em poucos instantes, Lázaro seria ressuscitado e até poder visualizar mentalmente a cena do amigo conversando com Marta e Maria, mesmo assim, ele chorou. Em muitos momentos, um abraço, o choro e o sofrimento partilhado valem mais do que mil argumentos teológicos. Ele viu e sentiu o que a morte significa para a existência humana. Ainda que fizesse um grande milagre poucos segundos depois, demonstrou ter sentimentos carregados de compaixão. Quando passamos por um sofrimento, muitos se aproximam com discursos motivacionais ou querem advogar em favor de Deus, mas eles se esquecem do mais importante: a compaixão.
Eu me lembro de uma paciente cujo filho estava no Centro de Terapia Intensiva (CTI) por causa de uma pneumonia grave. Uma das pessoas a visitou e disse que Deus colocara o menino ali porque queria tratar a dureza do coração dela e do marido, supostamente em pecado. Entretanto, o casal tinha ótimo relacionamento, e obviamente o visitante não poderia afirmar que a enfermidade se devia a pecados dos pais. Quantas vezes vivemos a experiência de estar no meio de uma dor, passar por um grande sofrimento e muitos se aproximam de nós com discursos teológicos plastificados, respostas prontas ou julgamentos sobre a vontade divina que acabam aumentando ainda mais a nossa angústia e aflição.
Na ocasião da morte de Lázaro, Jesus poderia dizer a Marta e Maria: “Vocês não têm fé?”, “Eu já não disse que essa enfermidade não é para morte?”, “Vocês não confiam em mim”? ou “Não viram os milagres que já realizei?”. Entretanto, ele não as julga, mas demonstra compaixão e chora com as irmãs. O verdadeiro discípulo sabe que, mais do que discurso teológico, precisamos de abraço, choro e escuta na dor. Chorar diante da dor, do luto, da perda ou do sofrimento não é pecado. Lamentar-se, entristecer- -se, perder as esperanças e ter uma fé oscilante não são ações que nos afastam de Deus; o choro do Senhor demonstra que, como humanos, devemos expressar nossos sentimentos sem máscaras. A ressurreição de Lázaro nos assegura também da amizade do Mestre para conosco. Sim, ele é o nosso Salvador, mas também o nosso amigo. Ele vivia rodeado de pessoas que se aproximavam por motivos distintos; alguns por curiosidade, outros por necessidade, mas Lázaro, Maria e Marta eram muito próximos. O mestre por vezes se hospedava com aquela família e tinha grande carinho por eles.
Você, mesmo sendo amigo de Jesus, irá sofrer. Mas, tenha confiança que nenhum sentimento escapa ao coração de Deus.
Ainda assim, Lázaro ficou doente, e Maria e Marta foram tomadas por grande sofrimento. Muitas vezes achamos que, por sermos amigos de Jesus, não passaremos por situações que fugirão à compreensão humana. A perda de um parente, uma enfermidade, um problema financeiro ou uma aflição no casamento podem constantemente nos fazer duvidar do real amor de Deus por nós. A ansiedade pode abater nossa alma. Roubar nossa fé. Talvez você esteja em um quadro de ansiedade que não melhora ou a ansiedade esteja roubando a sua fé. Você pode ser cristão e passar por sofrimento, bem como por doenças da alma, mesmo sendo amigo de Jesus. A boa notícia é que ele compreende as nossas dúvidas e oscilações de fé. Os nossos questionamentos não o impedem de continuar guiando soberanamente a nossa vida.
Antes da morte do irmão, Marta e Maria comunicam a Jesus que estavam passando por grande sofrimento. Propositalmente, ele ficou mais dois dias onde estava e, nesse meio-tempo, Lázaro morre. O Senhor sabia que a doença não resultaria na morte definitiva de Lázaro, pois tinha pleno conhecimento do momento em que acabaria com a aflição dos amigos. O tempo de aparente demora de Cristo não é fácil de ser vivido. Para as irmãs, aqueles dias foram intermináveis: por que Jesus não aparecia? Por que não se apressava para socorrê-las? Diante de sofrimentos e do aparente silêncio do Eterno, somos tomados por sentimentos antagônicos, em que a fé e a desesperança se misturam em completa agonia.
Vamos refletir juntos: Você já passou por momentos nos quais o tempo de espera foi doloroso? Hoje você vive um momento em que a sua fé está sendo provada e acaba pensando que Jesus o abandonou?
No consultório, vejo muitos pacientes com ansiedade tomados por pensamentos de que Jesus está distante ou alheio aos sentimentos deles. A ansiedade pode ser a morte da alma que rouba a fé (falarei sobre esses temas posteriormente). Muitos pacientes me perguntam: “Doutor Ismael, Jesus me abandonou?”, “Por que ele não responde ao meu clamor?” Marta inicialmente disse-lhe: “Senhor, se estivesses aqui, o meu irmão não teria morrido, Mas sei que, mesmo agora, Deus te dará tudo o que pedires”. Entretanto, posteriormente, já no túmulo, afirma: “Senhor, ele já cheira mal, pois já faz quatro dias”. Marta exemplifica todo cristão. A nossa fé pode alternar entre momentos de grande convicção e dúvida. Em alguns momentos, confiamos que o Pai é capaz de tudo; em outros, somos pessimistas diante da dura realidade que nos impõe a dor e o sofrimento. Não somos chamados a negar o problema. Jesus não repreende Marta por mostrar a realidade. Ele novamente compreendeu sua dor. Talvez você tenha muitos questionamentos. Talvez sua fé seja como a de Marta.
Talvez o seu casamento já esteja cheirando mal. Talvez você tenha chegado a um ponto no qual não há soluções humanas possíveis, e suas orações são apenas gemidos de uma alma ansiosa, sem fé ou tampouco esperança.
O Senhor sabe o que é ver alguém no limite da dor e do sofrimento. Ele viveu entre humanos que choram e também chorou, mesmo sabendo que em seguida haveria um milagre. Ele sempre sabe a hora certa de agir. Não desanime. Lázaro foi ressuscitado, e esse foi um dos grandes milagres do Filho. Contudo, além de vermos a beleza da ressurreição (nós também seremos ressuscitados um dia), não podemos deixar de ver a beleza da compaixão do Mestre por aquela família. Quando buscamos Jesus em meio à dor e lhe contamos os nossos sofrimentos e sentimentos, ele sabe o que é ser humano; compreende exatamente o que estamos vivendo e tem grande compaixão por nós. Ele não mudou. O coração dele hoje é o mesmo de quando esteve na terra. Ele continua intercedendo por nós junto ao Pai.
As Escrituras
Sobre este Plano
Neste devocional de dez dias você aprenderá: 1) Os três tipos de ansiedade que um cristão pode ter 2) O que Jesus disse sobre ansiedade 3) Como vencer a ansiedade com a Psiquiatria e a Bíblia 4) Como ajudar alguém com ansiedade 5) Como voltar a confiar em Deus durante a ansiedade
More
Gostaríamos de agradecer ao Dr. Ismael Sobrinho por fornecer este plano. Para mais informações, visite: https://www.instagram.com/ismael.sobrinho