Psiquiatria e Jesus: Vencendo a AnsiedadeExemplo
Tire um peso da sua vida hoje: você pode servir a Deus e ter ansiedade
Compreender que a ansiedade é normal tira um grande peso da vida de quem anda com Deus e passa por um momento ansioso. Se a ansiedade pode ser benéfica, não podemos dizer que toda ansiedade é pecado, uma vez que ela tem efeito protetor e pode aumentar a produtividade. Quando a Bíblía nos diz “Não andeis ansiosos”, não se refere à ansiedade normal, mas à preocupação causada pela compreensão distorcida da vida que nos leva a não confiar na soberania e nos cuidados do Pai.
Não entenda a ansiedade como algo ruim; da próxima vez que alguém disser que toda ansiedade é pecado, argumente que é fisiológica e que nascemos com um sistema biológico programado para experimentá-la.
Porém, temos que avançar. Há um segundo tipo de ansiedade. O segundo tipo de ansiedade que devemos compreender é a ansiedade patológica, aquela que torna as pessoas doentes.
Em geral, pacientes com ansiedade patológica sofrem de Transtorno de Ansiedade Generalizada (TAG) ou Transtorno do Pânico (TP). Entretanto, há uma grande diversidade de transtornos emocionais relacionados à ansiedade que fogem ao objetivo deste devocional. É importante entender a ansiedade patológica por vários motivos. Em primeiro lugar, para saber quando devemos procurar ajuda.
Em segundo lugar, para não nos punirmos ou acharmos que estamos em pecado por sofrer de transtorno mental ansioso incapacitante. A ansiedade patológica tem caraterísticas nucleares. Devemos compreender que, ao contrário da ansiedade normal, a patológica piora a produtividade e rouba a qualidade de vida.
A diferença entre a ansiedade normal e a patológica está sobretudo na dose e na duração das respostas ansiosas produzidas pelo cérebro. A ansiedade normal é temporária e aumenta nossa produtividade em situações adversas. Nesse caso, sintomas como palpitações, perda de sono e alterações no apetite podem ser comuns, mas passam assim que a preocupação acaba.
Em resumo, os sintomas duram pouco tempo. Já a ansiedade patológica prejudica a produtividade, impedindo-nos de viver as experiências de modo adequado e proporcional ao estímulo. Nesses casos, são comuns sintomas do tipo:
• Preocupação excessiva e persistente (com vários assuntos ou sem motivo claramente aparente).
• Sensação de “estar no limite” ou de que algo ruim pode acontecer a qualquer momento (viver em alerta).
• Fadiga, alterações no sono ou inquietação.
• Dificuldade para se concentrar. • Irritabilidade e tensão.
A ansiedade patológica faz você sofrer mais do que deveria, e isso não é porque você não tem fé
Em síntese, a ansiedade patológica reduz nossa produtividade, leva-nos a hiperdimensionar as situações para pior, proporciona sofrimento exagerado sobre fatos que, na maioria das vezes, não acontecerão e nos deixa mais paralisados que ativos em busca de soluções. Não dura poucos dias nem cessa diante de estímulos externos, mas perdura por meses, rouba a produtividade e afeta a qualidade de vida.
Entretanto, a ansiedade considerada normal não é tida como um transtorno psiquiátrico, uma vez que tem duração limitada e não exige esforço intenso para ser controlada e superada. Por outro lado, quando ela se prolonga por muito tempo e é acompanhada por um turbilhão de pensamentos intrusivos e negativos, o corpo entende que você deve ficar em estado de alerta para se proteger daquilo que está por vir — mesmo que não seja real ou que você esteja vendo o cenário pior do que realmente é. Quando isso ocorre, falamos de ansiedade patológica.
Neste caso, é muito importante você procurar ajuda médica e psicológica. Muitos cristãos ainda guardam o preconceito em achar que ir ao psiquiatra seja falta de fé e que fazer terapia não é "de Deus". Porém, este não é o ensino bíblico mais adequado.
Quando falamos de saúde mental e fé cristã, também percebemos no consultório que muitas vezes os “filhos deste mundo são mais astutos no trato uns com os outros do que os filhos da luz”. São mais práticos, efetivos e rápidos em cuidar de situações estressantes como doenças físicas ou emocionais. Ao menor sinal de adoecimento, procuram ajuda médica ou psicológica especializada.
De maneira geral, os pacientes mais graves que atendo são cristãos, pois demoram substancialmente para buscar ajuda profissional. Enquanto os transtornos mentais forem vistos por muitos cristãos apenas como desordens espirituais, as ferramentas médicas ou psicológicas serão malvistas e pouco recomendadas.
Ainda hoje, muitos líderes religiosos impedem os membros de buscar tratamento. Não é raro que os cristãos se tornem administradores infiéis do corpo e da saúde mental. Atribuem ao Diabo questões psiquiátricas e aconselham os cristãos a não buscar ajuda; alimentam preconceitos ou tabus que só agravam o quadro. Talvez um grupo até reconheça que precisa de ajuda médica ou psicológica; entretanto, protela a busca por soluções e perde meses, ou anos, sem receber um tratamento adequado para depressão, ansiedade ou outros transtornos psiquiátricos.
Ir no Psiquiatra ou fazer uso de medicamentos não é falta de fé
É muito interessante que, nas Escrituras, quando Timóteo estava doente, Paulo recomendou que ele usasse o remédio disponível na época: vinho, uma vez que, na Antiguidade, o vinho era conhecido por seu poder terapêutico. Paulo orava por Timóteo e já tinha realizado muitas curas. O apóstolo tinha fé, acreditava no poder da oração e não tinha dúvida de que Jesus poderia curar Timóteo. Contudo, seu conhecimento não o impediu de usar a medicação da época.
Esse texto não deve ser usado para estimular o uso desenfreado de bebidas alcoólicas, mas serve para nos mostrar que, se Paulo estivesse vivo, não recusaria os diversos recursos médicos disponíveis. Todavia, uma parcela dos cristãos ainda é preconceituosa em relação aos medicamentos psiquiátricos. Até aceitam tratamentos para o fígado, para o rim, óculos e procedimentos estéticos, mas, quando falamos de transtornos mentais, recusam tratamento medicamentoso por acreditarem ser falta de fé ou de confiança em Deus.
Ao compreender o homem como ser biológico, emocional e espiritual, devemos buscar ajuda nas três áreas quando passamos por algum transtorno mental. Se negligenciarmos os recursos que a ciência comprovadamente considera eficazes, seremos administradores infiéis do nosso corpo e das nossas emoções. Integrar uma espiritualidade terapêutica na prática da psicoterapia e, em alguns casos, da psiquiatria será um caminho prático e eficaz para obter a cura ou melhorar os sintomas emocionais. Como cristãos, sabemos que o Filho de Deus tem poder para curar qualquer enfermidade. Entretanto, inúmeras vezes, a cura de doenças físicas ou emocionais não será milagrosa. Deus usará profissionais que nos ajudem a recuperar a saúde física e mental.
As Escrituras
Sobre este Plano
Neste devocional de dez dias você aprenderá: 1) Os três tipos de ansiedade que um cristão pode ter 2) O que Jesus disse sobre ansiedade 3) Como vencer a ansiedade com a Psiquiatria e a Bíblia 4) Como ajudar alguém com ansiedade 5) Como voltar a confiar em Deus durante a ansiedade
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Gostaríamos de agradecer ao Dr. Ismael Sobrinho por fornecer este plano. Para mais informações, visite: https://www.instagram.com/ismael.sobrinho