Psiquiatria e Jesus: Vencendo a AnsiedadeExemplo
A terceira ansiedade: a preocupação que deve ser combatida com uma crença firme que Deus é soberano
Em primeiro lugar, quando Jesus disse: “Não andeis ansiosos”, não se dirigia especificamente a pessoas com transtornos mentais como TAG (Transtorno de Ansiedade Generalizada), TP (Transtorno do pânico) ou outros transtornos ansiosos, mas a todos. Ele mostra o caminho a ser vivido diante das preocupações da vida, que certamente surgirão.
O objetivo do Senhor não era fazer um tratado de psiquiatria. Dessa forma, o texto de Mateus não deve ser usado para dizer a alguém com transtorno ansioso que a pessoa está em pecado, que tem pouca fé ou não está em comunhão com Deus. O Mestre compreende exatamente a ansiedade normal, a patológica e a atitude persistente de não crer no cuidado de Deus. Ao olhar para um paciente diagnosticado com ansiedade, Jesus o acolhe com a mesma compaixão que demonstrou nas curas realizadas em seu ministério terreno.
Ele compreende claramente que os sintomas ansiosos são oriundos de enfermidades que afetam o cérebro, não porque o paciente não tenha fé. Jesus sabe separar as duas realidades. O Senhor tem todo o conhecimento de neurociências e do comportamento humano que a medicina jamais terá. Se um médico ou um cientista sabe que crises de pânico ou ansiedade crônica são processos neurobiológicos do cérebro, é inimaginável pensar que o Filho não saiba.
Esse fato é essencial porque alguns líderes religiosos constantemente afirmam que toda ansiedade é fruto de pecado. Como resultado, ocasionam sofrimento emocional significativo para muitas pessoas. O paciente ansioso já convive com a falta de controle sobre os seus sintomas. A própria ansiedade também tenta constantemente diminuir a fé. Cristo, com seu coração amigável e compassivo, escuta e observa o ansioso para demonstrar-lhe infinita misericórdia. Ele compreende a dificuldade de controlar os sintomas durante as crises e sabe que a ansiedade prejudica a identidade espiritual.
Além disso, Jesus nos compreende mais que qualquer neurocientista. Portanto, se você estiver com ansiedade, não pense que isso significa que você não tem fé ou não confia em Deus. É a ansiedade que faz você ver o mundo pior do que ele é, sofrer antecipadamente e preocupar-se exageradamente com o futuro.
O remédio de Jesus para a nossa ansiedade existencial
Tanto a ansiedade normal quanto a patológica não são sinônimo de pecado. Obviamente, as escolhas, os pecados, a quebra de princípios espirituais (como o descanso), os vícios e determinados comportamentos podem ser causadores de ansiedade. Se o TAG é um transtorno mental, não podemos ignorar que, em alguns casos, atitudes pecaminosas contribuíram para que se desenvolvesse. Porém, a resposta de Jesus para o pecado não é aumentar a culpa ou promover punição, mas o perdão, o acolhimento e a possibilidade de recomeço. O Senhor confronta o pecado para nos curar e salvar. O que, então, o Mestre quer nos ensinar sobre ansiedade e pecado no capítulo 6 de Mateus?
Inicialmente, temos de compreender que a expressão “não andeis ansiosos” é mais bem traduzida por “não se preocupem”. Versões bíblicas como a Nova Versão Internacional e a Nova Almeida Atualizada traduzem dessa forma. Creio que seja a forma mais clara de compreendermos o que Cristo, de fato, disse. Ele se referia a todos nós e à nossa constante luta contra o pecado de não confiar na providência divina. A ansiedade-pecado — preocupação com a vida — desvia o nosso olhar do Pai e o direciona para os problemas e as circunstâncias. Muitas vezes, a preocupação é um ato de descrença no amor divino, pois não confiamos que ele seja capaz de nos dar diariamente aquilo de que precisamos. O estado permanente de desconfiança pode, no longo prazo, desencadear o surgimento de transtornos ansiosos. Conhecer o significado da providência divina é um grande ansiolítico espiritual para todo cristão.
Jesus nos adverte a não nos mantermos em constante estado de preocupação, ou seja, para não nos preocuparmos demasiadamente com as coisas materiais, porque o Pai sabe aquilo de que precisamos. Não significa que não devemos ter uma reserva financeira ou que não tenhamos de trabalhar para ter provisão, mas que, ao permanecermos apreensivos com o futuro, negligenciamos o cuidado de Deus a respeito do que precisamos para viver hoje. A providência divina nos ensina a focar no que precisamos para hoje.
A ansiedade leva constantemente a pessoa a ter o coração nas coisas passageiras e materiais, desviando o olhar do que é espiritual e realmente importa. Essa preocupação exagerada em relação ao que ainda vai acontecer pode nos levar a ter ídolos no coração. Podemos fazer do trabalho, da gestão do tempo ou até da família um ídolo. Ao pensar que, apenas com o nosso esforço, obteremos os resultados desejados, trocamos o Pai pela força humana, pelas habilidades ou pelo trabalho, e isso é idolatria. A vida é mais importante do que conquistas materiais (até mesmo comida e roupas), e devemos constantemente nos confrontar em relação a isso. Os maiores ídolos estão sendo construídos no nosso coração, e a ansiedade é um dos tijolos da obra. Se o Senhor nos deu um corpo rico feito à imagem e semelhança dele, não deixará faltar nada para o nosso cuidado diário. Correr atrás das coisas materiais de maneira desenfreada pode evidenciar falta de confiança plena em Deus e na providência dele.
Por mais que fiquemos ansiosos, não é possível acrescentar uma hora sequer à nossa vida. A nossa preocupação não mudará o amanhã; somente nos prenderá a um futuro que não controlamos. Gastaremos energia física e emocional com fatos que, na maioria das vezes, nunca ocorrerão. Trata-se apenas de construções ansiosas da mente. Sofreremos desnecessariamente por preocupações sem sentido algum. Os nossos dias estão escritos e determinados por Deus, que sabe o dia da nossa morte e controla todo o processo. Como nossa vida está nas mãos do Pai, devemos compreender que a preocupação exagerada apenas faz que sobrecarreguemos o cérebro e nos condicione a um estado de alerta permanente e desnecessário. Nesse caso, a falta de confiança de que o Senhor controla a nossa existência pode, no longo prazo, nos fazer desenvolver transtornos ansiosos.
Na sociedade do consumo, os bens materiais definem as pessoas. Nas últimas décadas, a felicidade tem sido associada a padrões de consumo que tornam a nossa satisfação cada vez mais dependente do que é material. Dessa forma, movidos pelo consumo desenfreado e pela busca da felicidade a todo custo, entramos em um estilo de vida que somente aumenta a nossa ansiedade. A felicidade está associada à aquisição, mas o processo de buscá-la nos torna cada vez mais tristes e ansiosos. Jesus nos desafia a não ser “como os pagãos” e a não seguir o curso deste mundo. Devemos viver na contracultura que crê no Deus capaz de nos proporcionar diariamente aquilo de que precisamos. A vida com o Senhor nos arrebata do consumismo e da idolatria das coisas. Somos convocados a buscar um caminho mais excelente.
As Escrituras
Sobre este Plano
Neste devocional de dez dias você aprenderá: 1) Os três tipos de ansiedade que um cristão pode ter 2) O que Jesus disse sobre ansiedade 3) Como vencer a ansiedade com a Psiquiatria e a Bíblia 4) Como ajudar alguém com ansiedade 5) Como voltar a confiar em Deus durante a ansiedade
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Gostaríamos de agradecer ao Dr. Ismael Sobrinho por fornecer este plano. Para mais informações, visite: https://www.instagram.com/ismael.sobrinho