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FELIZES OS PERSEGUIDOS!
Entende-se por cristão todo aquele que se propõe a viver como Jesus Cristo ensinou. Entretanto, isso significa reunir no mesmo propósito ações e atitudes extremamente díspares, e pessoas de todos os naipes; algumas inclusive que, na prática, nenhuma afinidade tem com os ensinamentos que mudaram a história nos dois últimos milênios. Em nosso contexto, de relativas facilidades, é até bem simples autoproclamar-se ‘gospel’, tornar-se frequentador ou membro de uma igreja evangélica, difícil é viver como o Filho de Deus viveu em sua existência terrena. Nos primórdios da igreja a realidade era outra bem diferente (assim como em alguns lugares do mundo de hoje onde há perseguição de cristãos). Adotar a nova profissão de fé, ter a vida regenerada pelo poder do alto, tornar-se seguidor do carpinteiro de Nazaré, significava receber a pecha de ‘cristão’, e assumir riscos diversos que iam da perda de bens à morte por rebelião contra o estado. A novidade de vida, como pregada pelo apóstolo Paulo (cf. Romanos 6:4), é caracterizada, desde então, pelo abandono do pecado, graças a uma justiça que jamais será encontrada nos méritos humanos, e que produz santidade, não decorrente da perfeição terrena, mas da dignidade daquEle que venceu as trevas para fazer herdeiros do reino da Sua maravilhosa luz.
Certamente não foi Jesus que denominou seus discípulos como cristãos ou nazarenos. Ele ensinou, pregou, curou, restaurou, e disse a muitas pessoas o mesmo que diz ainda hoje: ‘Segue-me!’. Os que o seguiam, primeiramente, eram chamados de discípulos. Os que vieram no rastro de seus passos depois foram denominados ‘cristãos’ pela primeira vez em Antioquia (cf. Atos 11:26). Não há certeza sobre a origem grega da palavra. Champlin afirma quechrestianosera a forma comum nas primeiras inscrições.O termo gregochrestós,porém, significa ‘bom’, ‘gentil’, e as evidências demonstram que essa era uma derivação alternativa para ‘cristãos’. Porém, não é muito provável que os não-cristãos tenham chamado os seguidores de Cristo de bons ou gentis. Fato é que a população de Roma, em geral, naquela época, empregava a palavra para designar os membros da nova ‘seita’.O apelido tornou-se amplo, para bem e para mal, o Evangelho se espalhou, mas o crescimento da igreja promoveu também o enfrentamento da fé no ressurreto com religiões as mais diversas, começando pelo judaísmo. Esse antecedente, nada pacífico, que levou Jesus à cruz (sob a soberania do Pai), deu início a uma trajetória marcada pelo sangue de pessoas como Estevão, o primeiro mártir, Tiago, e outros vitimados pela fúria persecutória de gente como Trajano[1], que criminalizou o cristianismo no esforço de destruir uma religião, sem saber que isso nunca seria possível por ser essa ‘religião’ a Igreja do Senhor. E como disse Tertuliano, ‘o sangue dos cristãos era uma semente; quanto mais matava, mais crescia’.
Pedro bem que tentou escrever uma outra história com a espada, investindo contra as pessoas que prenderam Jesus, mas o máximo que conseguiu foi cortar a orelha do servo do sumo sacerdote[2], restaurada aliás pelo Mestre, de quem recebeu severa reprimenda. Mal sabia o discípulo impetuoso que ele próprio viria a ser vítima dos inimigos de Cristo, por quem daria sua vida, numa abençoada negação de sua traição. Depois dele não foram poucos os profetas da espada a pregar com o sangue dos outros a inauguração à força do reino de Deus. E assim muitos têm ‘profetizado’ a justiça divina sobre pecadores escolhidos a dedo. O massacre recente em uma boate gay americana é exemplo disso. Lamentavelmente os que usam a Bíblia para se colocar no papel de ‘justiceiros dos céus’ esquecem que a obra redentora de Cristo já foi consolidada na cruz, que o sangue que precisava ser derramado já verteu do corpo de Jesus, que o principal tema pregado por Ele foi o amor de Deus, tendo seus discípulos como testemunhas disso, e que o julgamento anunciado não os constitui como autoridades divinas para decretar a morte de ‘pecadores’. É uma questão de identidade, sem dúvida. Cristãos não matam por Cristo, morrem por Ele. Cristãos não são retratados pela mídia global como vítimas, mas como algozes, motivados por convicções que julgam retrógradas. Prova disso é que massacres de cristãos não geram a mesma comoção, simplesmente porque são ignorados pela indústria da notícia.
A bem da verdade, cristãos raivosos não refletem o caráter de Cristo. Por mais triste que seja a realidade do pecado, nossa missão é anunciar perdão. A ira de Deus é uma certeza teológica e escatológica inquestionável, mas o Evangelho é o amor divino como única opção para a eternidade. E se esse amor, o maior de todos, e perfeito, não for aceito, por quem quer que seja, é bom lembrar, o ódio não é alternativa. Entre a cruz e a espada, os cristãos ficam com a cruz.
Wilson Avilla
Scripture
About this Plan
Nestes tempos em que cada um quer ‘fazer Deus’ a seu próprio modo, em que as selfie-religions validam o individualismo, as bem-aventuranças são afirmações maiores da lei do Reino de Deus. Compreender a justiça desse novo domínio implica em obedecer de coração à Sua vontade em relacionamentos governados pelo amor a Deus. No mais famoso discurso de todos os tempos, Jesus ensina pessoas a serem simplesmente felizes.
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