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FELIZES OS QUE TEM FOME E SEDE DE JUSTIÇA!
Mesmo assim, muitos dos chamados crentes continuam tropeçando quando o assunto é a assistência aos necessitados. Uma das piores coisas que pode acontecer a alguém que está seguindo a Jesus é ser vitimado pelo temor de homens – verdadeira armadilha, prevenida em Provérbios:“Quem teme o homem cai em armadilhas, mas quem confia no Senhor está seguro”.[1]A arapuca espiritual é armada quando o bem é feito não para agradar a Deus, mas para buscara a aprovação das pessoas, tal qual Jerry Bridges enunciou:“queremos agradar a Deus, mas queremos parecer bons nesse processo.”Séculos antes o apóstolo Paulo já havia lidado com a mesma dificuldade:“Acaso busco eu agora a aprovação dos homens ou a de Deus? Ou estou tentando agradar a homens? Se eu ainda estivesse procurando agradar a homens, não seria servo de Cristo.”[2]Mas certamente ele já tinha entendido que a justiça do Reino do Messias deve ser vivida no cotidiano, não com mera religiosidade, mas com escolhas de vida e serviço que resultem em recompensas de valor eterno.
Por causas das diversas narrativas nos Evangelhos dos embates entre Jesus e os fariseus, podemos ser levados a crer que eram más pessoas. Pelo contrário, eram pessoas que viviam em estrita observância das Escrituras, mas invariavelmente sem as motivações devidas. Orações, esmolas e jejuns (as três expressões máximas de piedade no judaísmo) não passavam (e não passam) de ações vazias se feitas por amor ao aplauso humano. Lembrando do apelo de Mateus 5:20 (sobre exceder em justiça aos fariseus), Jesus ensina sobre o ato de dar esmolas e prova que quem faz boas obras com vistas à aprovação terrena fecha contra si mesmo as portas do Reino messiânico.
Para compreender a profundidade das exortações sobre as obras de justiça, é preciso conhecer o contexto da religião judaica em relação a isso. Daniel-Rops observa que “embora a pobreza fosse grande, esmolas eram dadas regularmente e com generosidade. Evidência disso são as palavras fortes de Jó: "Se a alguém vi perecer por falta de roupa, e ao necessitado por não ter coberta. Se os seus ombros não me abençoaram, se ele não se aquentava com a lã dos meus cordeiros ... Então caia a omoplata do meu ombro, e seja arrancado o meu braço da articulacao".Um dos gestos mais comuns na vida do judeu era dar dinheiro ou um pedaço de pão aos infelizes que esmolavam nas ruas. Jerusalém, principalmente nos dias das grandes peregrinações, ficava repleta de mendigos vindos de toda parte da Terra Santa: eles sabiam muito bem que todos os que iam para ali pedir o perdão de Deus estariam inclinados à caridade.”[3]As esmolas eram obrigatórias, exigidas por Lei. "Receba o perdão dos seus pecados dando aos pobres", repetiam os doutores da Lei; e de novo "De ao pobre o que lhe pertence, pois tudo o que você tem vem de Deus e pertence a todos". Ser generoso era alcançar mérito aos olhos de Deus, pois "o pobre faz mais pelo rico do que o rico pelo pobre". Havia uma crença popular no sentido de que para ter filhos era essencial dar boas somas de dinheiro aos pobres.[4]
O Cristianismo não pode prescindir das boas obras, mas não como causa para a vida eterna. Elas são na verdade a consequência de uma certeza de eternidade vivida por quem prioriza a recompensa do Pai celestial. Em meio a essas palavras, uma advertência de Jesus, em especial, chama a atenção, por seu caráter duríssimo: quem quer o louvor de homens, não receberá mais do que isso. Este assunto está tão entranhado nos contextos religiosos que passa desapercebida a muitos a triste realidade que decorre da busca do divino, a fé negociada. Aliás, a crença ‘comprada’, não é religião, é operação comercial. Mas isso não deve nos desanimar, já que “o céu não oferece nada que uma alma mercenária possa desejar. É seguro dizer que só os puros de coração verão a Deus, pois somente eles o desejam”[5]
Pela graça manifestada em Cristo não ajudamos mais por uma necessidade de cumprir a lei, mas pelo privilégio de servirmos a Cristo, e isso se aplica não apenas às esmolas mas a todo tipo de doação ou auxílio. Os crentes de Corinto foram elogiados por sua disposição para isso.[6]Quem ajuda não precisa ‘tocam trombeta’ como disse Jesus. Pode ser que Ele estivesse falando metaforicamente, mas o que é certo mesmo é que a discrição deve ser uma das regras para alcançar o coração do Pai, que tudo vê em secreto. O que passa disso é hipocrisia, e imperfeição, no sentido bíblico, de ‘devoção dividida’ a Deus.[7]
Assim, fazer o bem, sem olhar para quem deve ser olhado, é um erro lamentável. Richard Baxter disse: “É a coisa mais lamentável ver como a maioria das pessoas gastam seu tempo e sua energia para ninharias, enquanto Deus é posto de lado. Aquele que é tudo lhes parece como nada, e o que não é nada lhes parece tão bom como tudo”. Por segurança, é melhor olhar para Ele.
FAÇA O BEM, OLHANDO BEM PARA QUEM – PARA DEUS!
Wilson Avilla
Scripture
About this Plan
Nestes tempos em que cada um quer ‘fazer Deus’ a seu próprio modo, em que as selfie-religions validam o individualismo, as bem-aventuranças são afirmações maiores da lei do Reino de Deus. Compreender a justiça desse novo domínio implica em obedecer de coração à Sua vontade em relacionamentos governados pelo amor a Deus. No mais famoso discurso de todos os tempos, Jesus ensina pessoas a serem simplesmente felizes.
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