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Felizes....!Sample

Felizes....!

DAY 7 OF 8

FELIZES OS PACIFICADORES!

Pode parecer o cúmulo da provocação usar como ponto de partida de uma reflexão de inspiração cristã sobre paz e prosperidade pensamentos dos maiores expoentes do movimento rastafári, mas não é. O anseio por um mundo livre de enfrentamentos não tem registro de propriedade filosófico-religiosa, é humano, universal. Dar as mãos para que ninguém empunhe armas é uma ambição legítima, mas que atrapalha quem quer qualquer poder, mesmo que seja o de uma resposta supostamente verdadeira, e a qualquer preço. O mais conhecido músico de reggae de todos os tempos afirmou: “O demônio se infiltra entre os políticos. Então, eles começam a brigar entre si. O poder se transforma em uma questão de orgulho. Não tem mais nada a ver com vivermos juntos e acabarmos com a guerra.

Por isso, e muito mais, paz e prosperidade não brotam das urnas, porque não tem a ver com vivermos juntos e acabarmos com a guerra. E nestes dias em que qualquer palavra é medida por dois números ou duas cores, é bom deixar bem claro que estas provocações não têm natureza hostil, e não visam delinear contornos messiânicos de posições ou figuras políticas. Faço delas somente uma oportunidade para me juntar a tantas outras pessoas, em épocas diferentes, que foram francas em perplexidade diante de Deus, quando a justiça parecia não triunfar, e para perguntar sobre o meu papel (e da igreja) no presente contexto.

Jeremias, profeta do Deus de Israel (no período de 626-586 a.C.), um desses perplexos, segundo Carlos Osvaldo Pinto, testemunhou os eventos mais dramáticos da história do antigo Oriente Médio, o declínio abrupto do Império Assírio e a ascensão meteórica do Império Neobabilônico como o poder dominante do Crescente Fértil. Testemunhou ainda a desintegração final de Judá como nação independente. Ele predisse o cativeiro babilônico e foi contundente na oposição aos profetas que enganavam o povo, ansioso por voltar ao lar pátrio, com falsas esperanças na terra do exílio. No intuito de fazer conhecida a vontade de Deus em meio a tantas incertezas, sua profecia diz: “Trabalhem pela paz e pela prosperidade da cidade para qual os deportei. Orem por ela ao Senhor, pois a prosperidade de vocês depende da prosperidade dela.” (Jeremias 29:7 NVT)Fazer planos para permanecer setenta anos naquele lugar, ainda que tudo leve a crer que em condições não totalmente desfavoráveis, era algo que soava como provocação ou insulto.

Buscando paralelos com o contexto atual, é óbvio que Deus deseja que oremos pelo nosso País, mas até mesmo pessoas tementes a Ele receiam que diante da gravidade do quadro talvez isso não seja suficiente. Aliás, com que facilidade a Bíblia é rotulada como simplista. Como observa Wells, o mundo evangélico perdeu seu radicalismo no longo processo de acomodação à modernidade; tragicamente, ele perdeu seu entendimento tradicional da centralidade e suficiência de Deus; voltou-se da dependência dEle para a administração, o que, neste mundo introspectivo e presunçoso, significa ter o domínio de Deus.

Nem simplista, nem escapista, muito menos triunfalista, a realidade é bem mais complexa. A lucidez do profeta ainda hoje adverte contra o perigo de tudo que tem aparente conformidade com a vontade Deus (ou presunção de domínio de Suas verdades), como se Ele pudesse ser resumido a uma receita, ou como se todos os embates do mundo tivessem a medida de uma ou outra caixinha. Tim Keller, pastor americano, escrevendo no New York Times, opinou sobre como os cristãos se encaixam no sistema bipartidário – eles não se encaixam. O que ele diz, em outras palavras é que não é possível transcender a política e ‘simplesmente pregar o Evangelho’. Não ser político é ser político. Mas tal opinião credencia o engajamento partidário, ou o extremismo?

Antes de qualquer resposta afoita, é bom pontuar que todo discípulo de Cristo deve ter consciência de sua dupla cidadania. Para a existência terrena essa condição é decorrente do pertencimento do indivíduo a uma comunidade articulada – um país – que lhe atribui um conjunto de direitos e obrigações, manifestados nas esferas civil (liberdades individuais), política (participação no exercício do poder), e social (relativos ao bem-estar social e econômico), sob a vigência de uma Constituição. Pelas garantias de vida futura, é a fruição presente dos valores do Reino de Cristo. A Bíblia narra histórias de pessoas que exerceram sua cidadania terrena sem perder de vista seus deveres para com aquele que tem o governo do mundo em suas mãos.

Viver a dupla cidadania é entender que a maioria das questões da discussão política não têm natureza mandamental, biblicamente falando, mas de sabedoria prática. Ainda assim, não poucos insistem em absolutizar o que Cristo deixou para ser exercitado sob o discernimento e escrutínio do Espírito. Somos empurrados para as perspectivas e propostas ideológicas (mesmo que de fachada) que agrupam suas convicções para serem aceitas por algo como uma “ética do pacote” (assim denominada por Mumford, citado por Keller). Os cidadãos do Reino, mesmo que a desejem, compreendem que a democracia não é a grande panaceia para a humanidade, ou uma prática cuja universalidade produzirá progresso e liberdade religiosa (de 193 países, talvez, aproximadamente, 120 tenham regimes democráticos). Verdadeiros discípulos de Cristo estão atentos à falsa retórica em defesa da laicidade do estado, e não porque dela discordem, mas por perceberem que se prestam apenas a servir como biombo que tenta esconder o aparelhamento ideológico da imprensa, dos meios de entretenimento, do aparato educacional e dos órgãos de coerção. Em função disso, como afirmou um pensador inglês, trocamos uma cultura religiosa de tolerância por uma cultura não-religiosa de intolerância.

Misturada nessa barafunda, a igreja muitas vezes tem abandonado sua visão de participação construtiva e cidadania responsável.Como ensina Goheen, ela deve se manter fiel à sua essência e identidade, assumindo sua vocação missional e seu papel na história de Deus, no contexto da cultura, participando de Sua missão para o mundo. Ele está chamando cidadãos a orar e trabalhar para que elas sejam expressão da cidadania que decorre do temor a Ele, e de estilo de vida coerente com os princípios do Reino de Cristo.

Todo cristão deveria fazer provocações pela paz, trabalhando por ela. Koyzis afirmou que a certeza da vitória final de Deus não é desculpa para cruzar os braços, evitando o árduo trabalho de compreender e detalhar o mandamento da justiça neste mundo. Pelo contrário, em razão do final conhecido da história é que tudo é feito para a glória de Deus, e humilde submissão ao Seu soberano controle. Cada pessoa que crê no Evangelho consagra-se à ‘vida comum’ e em favor de sua comunidade. Assim como Deus falou aos exilados para que construíssem casas, plantassem jardins, tivessem filhos e netos, ou, em outras palavras, para que se sentissem em casa, está falando a nós hoje para sermos bênção no tempo e lugar em que estamos. Não importa se a situação não é ideal, e faz tempo que não é. Desde a expulsão de Adão e Eva estamos juntos com eles na mesma e severa realidade – fora do jardim, mas ainda assim com bênçãos e promessas.

Sempre que um discípulo de Cristo atina para a relação entre prosperidade pessoal e bem-estar coletivo ele está dizendo que realmente se importa com os outros porque Cristo se importou. Eugene Peterson observou que sabemos mais sobre cuidar do que qualquer outra geração que viveu na face da terra. Temos mais homens e mulheres profissionalmente treinados nas habilidades de cuidar e comprometidos com uma carreira profissional de cuidado, mas ainda assim há uma deterioração alarmante do cuidado em todas as frentes. Vencer a ‘síndrome do não é comigo’ é uma das mais expressivas provocações pela paz. Nenhum cristão está dispensado de sua condição de ser sal e luz, o que implica, dentre muitas outras coisas, em cumprir seus deveres para com o país e ao mesmo tempo enxergar novas possibilidades de organização como sociedade solidária (a exemplo do descrito no livro de Atos, e prescrito na carta aos Efésios).

Outra provocação, e das grandes, é orar pela cidade. Isso porque em tempos de tanta devoção humanista a oração parece insuficiente, insignificante, menor do que qualquer esforço ordenado. Pessoas que obedecem a Deus de coração são, antes de tudo, testemunhas de submissão voluntária. “Podemos desenvolver uma grande multidão de cristãos entusiasmados com engenhosas técnicas de marketing e programações atraentes, mas essa não será necessariamente uma comunidade que encarna o poder do evangelho. Não há nada glamouroso ou novo nisso; a oração é essencial para a missão da igreja porque esta é a missão de Deus. Sabemos disso, mas nossa tendência humanista é depender de nossos próprios recursos e priorizar o planejamento à oração. De alguma maneira temos de quebrar o poder dessa idolatria e realmente crer que esta é a missão de Deus”, citando Goheen mais uma vez.

É de autoria dele um pequeno rol de provocações pela paz, ao sugerir que a igreja seja uma comunidade de contraste, o mesmo que Deus exigiu de seu povo durante o exílio. E o que pede agora, graças à maior de todas as provocações pela paz - a cruz.

Vamos fazer uma provocação pela paz sendo umacomunidade de justiça em um mundo de injustiça econômica e ecológica.

Vamos insultar nosso mundo consumista sendo uma comunidade de generosidade e simplicidade.

Que os avarentos sejam escandalizados por um grupo de pessoas que contribuem financeiramente com grande liberalidade, em um mundo egoísta que busca os seus próprios direitos mais do que os dos outros.

Tenhamos a ousadia de testemunhar humilde e ousadamente da verdade em um mundo de incertezas.

Sejamos ‘horrivelmente felizes’ como comunidade de esperança em um mundo desiludido e saturado pelo consumo.

Vamos sorrir descaradamente em verdadeira alegria e gratidão em um mundo hedonista que busca freneticamente o prazer.

Vamos experimentar com sobra a presença de Deus em mundo secular, em profundo deleite na percepção do que Ele está fazendo.

Wilson Avilla

Scripture

Day 6Day 8

About this Plan

Felizes....!

Nestes tempos em que cada um quer ‘fazer Deus’ a seu próprio modo, em que as selfie-religions validam o individualismo, as bem-aventuranças são afirmações maiores da lei do Reino de Deus. Compreender a justiça desse novo domínio implica em obedecer de coração à Sua vontade em relacionamentos governados pelo amor a Deus. No mais famoso discurso de todos os tempos, Jesus ensina pessoas a serem simplesmente felizes.

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