Enfrentando tempestadesExemplo
Dia 3 - Experimentando sentimentos
Talvez você já tenha chegado em casa em um dia em que as coisas não iam bem, e logo tenha ligado a TV para ter algum barulho que camuflasse o alvoroço dos seus pensamentos. Talvez a válvula de escape tenha sido a comida. Sentou e comeu mais do que a fome pedia para tentar passar o tempo fazendo outra coisa que não fosse pensar na dor. Ou talvez você teve um dia tão agitado que nem deu tempo de dar atenção àquele problema que incansavelmente te atormenta, mas finalmente quando deitou na cama para dormir, ele deu uma aparecida, e você já lançou mão do celular para se distrair e só dormiu quando o aparelho caiu no seu rosto, vencido pelo sono. Somos capazes de criar várias maneiras para nos convencermos de que tudo esteja bem, ou de que nosso problema não passa de um mal-entendido, ou de que somos fortes o suficiente para passarmos por tudo isso sem sentir, sem chorar, sem desabafar. Afinal, sentir muitas vezes é confundido com fraqueza. Já ouviu dizerem por aí que "quem é forte não chora"?
Pois é, mas as coisas não são bem assim. Engraçado como a gente não se exige tanto quando a dor é física, não é mesmo? Quando você está entrando no seu quarto e dá aquela topada com o dedinho do pé na quina da cama, você sorri? Finge que nada aconteceu? Coloca um band-aid por cima para fazer de conta que não está doendo? Não! Geralmente você grita, franze o rosto em sinal de dor, encolhe a perna, esfrega o dedinho, coloca gelo, e observa que, com o tempo, o local ficará roxo, esverdeado, amarelado, e depois o dedo se recupera totalmente. Se podemos sentir dores físicas, expressando a dor que sentimos e cuidando delas, por que não podemos fazer o mesmo com nossas dores emocionais?
Fingir que nada está acontecendo, colocar nossa tristeza, raiva, decepção, mágoa ou outro sentimento difícil "para baixo do tapete" não faz com que ele desapareça. Ele não some, não desaparece, não evapora. Ele fica ali, guardadinho, pronto para ser sentido em algum outro momento da vida. Não é à toa que muitas vezes ouço pacientes em meus atendimentos que, ao falarem sobre seus sentimentos, dizem: "Não sei porque estou me sentindo tão triste (ou com raiva, ou magoado)... isso que aconteceu agora não era para tanto..." Geralmente eu me pergunto: "Será que deixou de sentir o quê durante outros momentos da vida e que aparece de maneira acumulada neste momento?"
Quanto mais tempo levamos para entrarmos em contato com sentimentos dolorosos em momentos difíceis na vida, mais tempo levaremos para nos recuperarmos emocionalmente. Portanto, parte do desenvolvimento da resiliência envolve experimentarmos sentimentos difíceis em momentos complicados. Quem sabe através do choro na hora do banho, da verbalização da dor com alguém em quem você confie, da lembrança dolorosa que traz a dor à tona, do nó na garganta, da saudade que aperta o peito. Existem várias maneiras de sentirmos, mas o importante é que esta etapa aconteça. Sentir dói, mas também alivia, ressignifica e nos prepara para seguirmos adiante.
Jó perdeu filhos, filhas, camelos, ovelhas, juntas de boi, jumentos e empregados em um dia só. Dá para imaginar seu sofrimento? Já ouvi algumas pessoas falarem sobre o quanto Jó conseguiu ser forte ao dizer: "Saí nu do ventre da minha mãe, e nu partirei. O Senhor o deu, o Senhor o levou; louvado seja o nome do Senhor." (Jó 1:21). No entanto, você já reparou no verso anterior? "Ao ouvir isso [sobre tudo o que havia perdido], Jó levantou-se, rasgou o manto e rapou a cabeça." (Jó 1:20). Ele sentiu. Experimentou a tristeza. Expressou sua dor. Mas não sucumbiu a ela. Não se revoltou contra Deus. Não ficou sentindo pena de si mesmo. Em vários capítulos seguintes, ele também expressa sua tristeza e sua angústia.
E você? O que faz com seus sentimentos? Já falou com o Senhor, hoje, sobre eles? Ele já sabe a sua história. Tem acompanhado de perto os acontecimentos em sua vida. Ele não precisa que você conte para ele para que ele fique sabendo sobre o que se passa com você. Mas Ele espera que você compartilhe com Ele suas lutas para que você consiga perceber sua pequenez, sua impotência e sua dependência dEle, para que Ele lhe mostre Sua grandeza, onipotência e amor.
As Escrituras
Sobre este Plano
Todos nós enfrentamos tempestades na vida. Uns saem mais machucados do que outros. Outros conseguem se recuperar relativamente bem. E há aqueles que experimentam crescimento emocional e espiritual após um vendaval. Independentemente de como tenham sido suas últimas tempestades, todos nós podemos aprender a ser resilientes para que não somente sobrevivamos a elas, mas cresçamos em meio a granizos e ventos fortes. Pegue seu guarda-chuva e aprenda a enfrentar tempestades.
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Gostaríamos de agradecer ao Psicologia em Casa por fornecer este plano. Para mais informações, por favor visite: http://www.psicologiaemcasa.com.br