O Senhor dos ExércitosExemplo
EDL
Era dia 21 de setembro, uma quinta feira a noite comum, e o curso de intendência se preparava para fazer uma excursão para uma empresa de logística. Subitamente, durante a apresentação da empresa, o tenente muda o tom da conversa e descobrimos que não partiríamos para a visita, mas sim para mais um campo: o EDL (Exercício de Desenvolvimento de Liderança). Na intendência, o EDL tinha o nome de Forja do Acanto e o maior propósito era testar a resiliência e a liderança dos combatentes quando submetidos a calor, exaustão, estresse, sono, fome e fadiga. Não seria um campo fácil, e só de imaginar o que poderíamos passar, meu estômago se revirava dentro de mim. Como de costume, pediram que eu orasse antes da nossa saída e nos apresentamos às 00:00 prontos para a atividade.
Passamos a madrugada andando com a mochila nas costas, numa marcha que parecia que nunca ia acabar. Cada passo vinha acompanhado de uma oração, e quando finalmente amanheceu, ouvimos: “10 minutos para o café da manhã aluno, vai começar o campo.”. Eu simplesmente não acreditei no que ouvi. Nem tinha começado e eu não tinha mais forças para andar. Que o Senhor me ajude.
Na primeira atividade, nosso grupo já tinha uma tarefa praticamente impossível: transportar dois tonéis de água, cada um pesando 120 quilos, e alguns cunhetes com peso de um lado ao outro do quartel. Tudo isso com a mochila nas costas e carregando o fuzil. Não tinha dado 10 minutos de deslocamento quando o instrutor da oficina já gritava: “08 e 55, vocês morreram, agora a patrulha tem que carregar vocês também!”. Agora já era. Mais duas mochilas, dois fuzis e o pior: duas pessoas que deixariam de ajudar e passariam a ser carregadas. Quando passamos a metade do caminho, eu realmente achei que não conseguiríamos – ninguém tinha forças para nada. Lembro-me com muita nitidez do semblante de dor no rosto do 04, que me ajudava a carregar os feridos, e da expressão de exaustão que o 22 fazia quando puxava aqueles tonéis.
Enquanto isso, o tenente não parava de pressionar o 60, nosso xerife na atividade, e pedir que ele apressasse o grupo. Em nenhum momento, no entanto, ele gritou conosco. Mais tarde, ele chegou a confessar: “Meus homens estavam exaustos e destruídos, todos estavam sobrecarregados com o tanto de peso: mochilas, fuzis, corpos e tonéis”. Eu mesmo pensava comigo : “Não posso dar 99% de mim mesmo vendo meus irmãos pagarem com a musculatura o preço de dar 100% de si.”
O texto de hoje também fala de um grupo de homens que decidiu entregar o 100%. Mesmo angustiados, perplexos, perseguidos e abatidos; eles permaneciam avançando na pregação do evangelho, a ponto de entregarem suas vidas por isso:
“Porque nós, que vivemos, somos sempre entregues à morte por causa de Jesus, para que também a vida de Jesus se manifeste em nossa carne mortal. De modo que, em nós, opera a morte, mas, em vós, a vida.” 2 Coríntios 4:11-12
Ao lermos essas circunstâncias extremas que os cristãos passavam na igreja primitiva, sendo açoitados, torturados, mortos e perseguidos, muitas vezes nos colocamos distantes deles. “Que época difícil, ainda bem que hoje não sofremos mais com isso.” muitos pensam. Será que não?
O último relatório da Portas Abertas (2024), uma das maiores redes de apoio aos cristãos perseguidos no mundo, apontou que hoje 365 milhões de cristãos enfrentam altos níveis de perseguição e discriminação por causa da fé. Isso significa que 1 a cada 7 cristãos no mundo são perseguidos. 1 a cada 7. Como podemos deitar no travesseiro depois de um longo dia de trabalho, satisfeito porque produzimos muito no nosso trabalho, sem nem sequer nos lembrar de dar nosso testemunho e pregar o evangelho, enquanto nossos irmãos estão diariamente arriscando as próprias vidas para isso? Marcos Cruz, um dos secretários da Portas Abertas, tem uma frase que diz: “Enquanto existir um cristão preso por sua fé em Jesus Cristo, eu não sou livre”. Acontece que temos nos sentido muito mais livres do que deveríamos.
Lembro do 08, que havia “morrido” na atividade, comentar conosco depois do campo: “a pior parte de todas era vê-los com cara de dor e desespero na situação e não poder fazer nada, eu era só um peso”. Nós, que tínhamos condições de ajudar, não podíamos reter nossas forças para nós mesmos, buscando nosso próprio conforto . A dor que via nos meus companheiros durante a atividade do EDL simplesmente não permitia que eu me mantivesse imóvel frente à missão. Eu não podia deixar que carregassem o peso que eu conseguiria levar. Por que essa preocupação só no campo?
Temos retido parte das capacidades que Deus nos deu, deixando de buscar ao Senhor e pregar o evangelho, enquanto outros estão pagando o preço por dar o 100% na missão que Deus nos deu. Pastores, líderes, pais, mães e referências nas nossas vidas têm entregado sangue, suor e lágrimas pelo Reino, enquanto muitos de nós temos nos contentado com o conforto dos nossos lares. O Senhor te colocou no seu trabalho e na sua família para que você brilhe a luz de Cristo lá, não espere que outros tomem as responsabilidades que você tem negligenciado. Nas lutas, o Senhor promete estar conosco. Não fuja das suas responsabilidades.
Lembre-se também dos momentos de dor que muitos irmãos nossos estão passando enquanto você lê esse texto – seja em prisão, torturas, ou até se preparando para serem executados.
Muitos têm entregado a vida pelo evangelho. E você, o que tem feito?
As Escrituras
Sobre este Plano
Esse plano conta algumas histórias de experiências com Deus que tive no meu ano de serviço militar, sempre comparando-as com textos bíblicos que o Senhor usou para falar comigo nas situações mais cotidianas. Te convido a conhecer uma face pouco falada do nosso Deus: a de Senhor dos Exércitos. Que Ele fale ao seu coração.
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Gostaríamos de agradecer ao Arthur Bessa por fornecer este plano. Para mais informações, visite: https://www.instagram.com/arthurnbessa/?next=%2F