O Senhor dos ExércitosExemplo
Quando Deus tira nosso posto
Durante o ano de formação no CPOR, cada matéria dentro da grade curricular tinha uma prova escrita. Além das provas teóricas, tínhamos nossa prova física, o Teste de Aptidão Física, e uma prova prática ao final do ano. A soma desses principais meios de avaliação geravam a classificação de nós alunos. O nível de dedicação às atividades era refletido nas notas e, consequentemente, na classificação.
Como sempre fui um bom aluno, busquei logo no início os primeiros lugares, e, após o período básico de instrução, tinha minha a classificação entre os 70 alunos: 2º lugar. O 1º colocado ganhava uma viagem com tudo pago para conhecer a academia militar americana de West Point em Nova York, com direito a uma visita à sede da ONU. Foi quasee o segundo lugar sempre dói mais. Nas semanas seguintes, decidi intensificar ainda mais meus estudos em busca da 1ª colocação geral no final do ano: meu nome ficaria marcado na instituição como o primeiro lugar da minha turma. Com as primeiras notas do período de instrução complementar, consegui me destacar dentro do curso e, pelas contas que fazia das notas dos outros que estavam no topo, eu havia chegado ao 1º lugar –era só manter até o final.
Lembro-me de imaginar como seria ser o primeiro colocado, com todas as honras devidas e orgulho que daria aos meus pais. Faltavam poucas provas para acabar o ano, quando recebi mais um resultado - seria a penúltima prova do ano de formação, e eu tinha dedicado todas as minhas forças para essa avaliação - estava muito confiante que o resultado me aproximaria ainda mais da classificação tão almejada. Deus porém tinha outros planos: 7º lugar. Minha pior nota em todo ano de formação. Como faltava só mais uma prova, a discrepância da minha nota pela do 1º colocado na prova me permitiram tomar a amarga conclusão: perdi minha classificação e muito provavelmente não terei tempo para recuperá-la.
A história de Atos 12, que remete ao início da igreja e da expansão do evangelho no Império Romano, descreve a morte de Herodes. Esse governador da Judeia, autoridade romana sobre o povo judeu, já havia ordenado a prisão de Pedro e a execução de Tiago: o primeiro mártir da história da igreja (Atos 12:1-3). A intensa perseguição aos cristãos promovida por ele, no entanto, chegou ao fim: Deus havia tirado seu posto. Nesse contexto, a Bíblia foi muito clara em explicitar o motivo:
“No mesmo instante, um anjo do Senhor o feriu por ele não haver dado glória a Deus; e, comido de vermes, expirou” Atos 12:23
Naquele dia, Deus havia deixado claro: a glória e a honra devida ao seu nome não são negociáveis. Mas não seria exagero que o Criador do universo se importasse com isso a ponto de matar um homem? Afinal, só por não ter “dado o crédito” ao Senhor por sua voz, ele merecia a morte? Que Deus insensível é esse?
Voltando a minha história no quartel, meu coração fazia perguntas parecidas. Ao receber minha nota, lembrei-me logo do versículo de Romanos 8:28, que eu havia decorado num acampamento de juvenis com uns 12 ou 13 anos (Sabemos que todas as coisas cooperam para o bem daqueles que amam a Deus, daqueles que são chamados segundo o seu propósito), e só conseguia perguntar ao Senhor: Por quê?
Não tinha dúvidas da soberania ou do agir de Deus nesse meu fracasso mais recente.O que eu sentia era a profunda indignação e raiva diante daquEle que havia tirado minha classificação. Alguns dias após o ocorrido, escrevi no meu caderno de devocionais: “Por que Deus precisa ser inimigo do meu sucesso? Que Deus tem planos melhores, isso eu sei, mas que planos são esses?”
A verdade é que muitas vezes estamos tão imersos nos nossos próprios projetos e desejos que nem percebemos o pecado que está por trás de cada anseio aparentemente bom. O mesmo Deus que é honrado com a excelência acadêmica de primeiro lugar em um concurso, por exemplo, é honrado quando nos mantemos confiando que Deus é soberano sobre os nossos fracassos. O padrão bíblico de excelência é executar cada ato como para o Senhor (Colossenses 3:23), mas também conforme nossas forças (Eclesiastes 9:10), confiando que o resultado vêm dEle.
Diferente de Herodes, o pecado do meu coração era mais oculto: revestido de um discurso de que o primeiro lugar glorificaria a Deus, acabei justificando todo meu esforço e empenho, que lá no fundo apontavam para a minha própria glória. Como vimos no texto, Deus não aceita que sua glória seja dada a outro.
Nos primeiros mandamentos que Deus deu ao seu povo, Ele destrincha ainda mais esse conceito:
“Eu sou o Senhor, teu Deus, que te tirei da terra do Egito, da casa da servidão. Não terás outros deuses diante de mim. Não farás para ti imagem de escultura, nem semelhança alguma do que há em cima nos céus, nem embaixo na terra, nem nas águas debaixo da terra. Não as adorarás, nem lhes darás culto; porque eu sou o Senhor, teu Deus, Deus zeloso, que visito a iniquidade dos pais nos filhos até à terceira e quarta geração daqueles que me aborrecem e faço misericórdia até mil gerações daqueles que me amam e guardam os meus mandamentos. Não tomarás o nome do Senhor, teu Deus, em vão, porque o Senhor não terá por inocente o que tomar o seu nome em vão” Êxodo 20:2-7
Apesar de ainda permitir, por um breve tempo, que outros aparentemente tomem o posto que só é devido a Ele; Deus promete que um dia todo joelho se dobrará e seu nome receberá a honra devida.
A frustração de planos de filhos mimados e arrogantes não é, como muitos dizem, reflexo do caráter egocêntrico de Deus, mas uma das maiores provas de amor que Ele poderia fazer. A busca pela glória própria é fruto do pecado. Quando estamos livres para correr atrás dos nossos próprios interesses, sem as amarras do Senhor, estamos fadados à pior escravidão: a de nós mesmos.
É interessante o que texto termina com dois versículos aparentemente desconexos:
“Entretanto, a palavra do Senhor crescia e se multiplicava. Barnabé e Saulo, cumprida a sua missão, voltaram de Jerusalém, levando também consigo a João, apelidado Marcos.” Atos 12:24-25
A palavra inspirada é quase irônica ao descrever esse contraste: o governador da região acaba de morrer, mas o grupo de pescadores que ouviram Jesus continuava pregando e expandindo o evangelho. Questões econômicas, políticas, sociais e pessoais podem até ser importantes, mas a expansão do Reino é mais.
O Senhor nos convida a fazer a declaração de Paulo: “será Cristo engrandecido no meu corpo, quer pela vida, quer pela morte.” (Filipenses 1:22). Que sua oração não seja simplesmente pelo sucesso pessoal ou profissional mas seja; “Se o Senhor for mais glorificado através da minha promoção, que assim seja, senão, que tua vontade seja feita e o teu nome engrandecido.”
Como você tem reagido às provas mais duras do amor de Deus na sua vida? Seus objetivos, lá no fundo, apontam para a glória de quem?
As Escrituras
Sobre este Plano
Esse plano conta algumas histórias de experiências com Deus que tive no meu ano de serviço militar, sempre comparando-as com textos bíblicos que o Senhor usou para falar comigo nas situações mais cotidianas. Te convido a conhecer uma face pouco falada do nosso Deus: a de Senhor dos Exércitos. Que Ele fale ao seu coração.
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Gostaríamos de agradecer ao Arthur Bessa por fornecer este plano. Para mais informações, visite: https://www.instagram.com/arthurnbessa/?next=%2F