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O Senhor dos ExércitosExemplo

O Senhor dos Exércitos

DIA 3 DE 12

Canga

Desde o meu primeiro dia de incorporação no Exército, recebi um número que me acompanharia na formação: o 30. E não só isso, recebi um canga, um irmão de farda que seria minha dupla durante toda a caminhada militar. No meu caso, seria o 29. Ele era quase sempre o primeiro que eu pedia ajuda em meio às dificuldades e o contrário também acontecia. Nos dias mais estressantes, era ele que eu tinha ao meu lado, e quando um de nós estávamos desanimados era o outro que “levantava a moral”, como diríamos no quartel.

A amizade de Davi e Jônatas é muitas vezes usada como exemplo e padrão da amizade bíblica. O príncipe de Israel e um recém descoberto herói do povo tinham um nível elevado de confiança um no outro, que é descrito no capítulo 18 de 1 Samuel:

“a alma de Jônatas se ligou com a de Davi, e Jônatas o amava como à sua própria alma.” (verso 2)

Nesse contexto, o verbo traduzido como ligou vem do hebraico qâshar, usado para se referir a amarrações físicas, como quando Deus manda seu povo guardar a sua palavra em Deuteronômio:

“Ponde , pois, estas minhas palavras no vosso coração e na vossa alma; atai-as por sinal na vossa mão , para que estejam por frontal entre os olhos .” Deuteronômio 11 :18

Do ponto de vista mais figurado, refere-se também a um nível profundo de amor e aliança entre duas pessoas. É usada quando Judá descreve o que seu pai Jacó sentia por Benjamim, que era aparentemente o único filho vivo de Raquel, a mulher que amava. Essa relação íntima de confiança, quase inseparável, é o que faz com que o herdeiro do trono de Israel dê a capa e suas armas àquele que o próprio pai não só tinha como inimigo, mas também procurava matar.

Muito mais do que ter um contato próximo e dar presentes, Jônatas mostra que o amor verdadeiro implica em sacrifício: ele se coloca entre o rei Saul, seu pai, e Davi, intercedendo por seu amigo. No decorrer da história, a ambição e o anseio pela cabeça do menino que matou Golias toma conta do coração de Saul, a ponto de ele intentar contra a vida do próprio filho. O príncipe de Israel arrisca sua vida para salvar aquele que tomaria seu lugar no trono.

Alguns capítulos adiante na história, Jônatas renova sua aliança com Davi, na plena convicção de que Deus é quem conduz o trono do seu povo, reconhecendo com humildade que o filho de Jessé é quem deveria reinar:

“Então, se levantou Jônatas, filho de Saul, e foi para Davi, a Horesa, e lhe fortaleceu a confiança em Deus, e lhe disse: Não temas, porque a mão de Saul, meu pai, não te achará; porém tu reinarás sobre Israel, e eu serei contigo o segundo, o que também Saul, meu pai, bem sabe.” 1 Samuel 23:16-17

A expressão canga, que mencionei mais cedo, é a mesma utilizada para jugo, a peça de madeira usada para unir dois bois para puxar um arado, por exemplo. É a mesma expressão que Paulo utiliza ao falar de casamento:

“Não vos ponhais em jugo desigual com os incrédulos; porquanto que sociedade pode haver entre a justiça e a iniquidade? Ou que comunhão, da luz com as trevas?” 2 Coríntios 6:14

No caso de dois animais muito diferentes, quando unidos pelo jugo, o esforço físico exercido por um deles teria que compensar a ausência de força empregada pelo outro. A estrutura, quando não ficava na horizontal, mas tombava para um dos lados, podia causar muita dor em um dos animais impossibilitando-o de fazer seu trabalho. Da mesma forma, dentro do quartel, duplas de cangas muito diferentes se dividiam em interesses pessoais e não conseguiam impulsionar um ao outro rumo ao mesmo objetivo. Quando o relacionamento um com o outro dentro da dupla não ia muito bem, muitas vezes o desempenho individual de cada um também era comprometido. Nesse contexto, ajudar o canga muitas vezes significava se sacrificar, seja dando água de um cantil quase vazio ou gastando as últimas energias para animar o companheiro durante uma dificuldade. Enfim, era um preço que muitos julgavam alto demais para pagar por outra pessoa. Mas também eram nesses momentos de maior desespero que amigos se tornavam irmãos, como diria Salomão:

“Em todo tempo ama o amigo, e na angústia se faz o irmão.” Provérbios 17:17

Foi nas noites mais frias dos acampamentos militares mais duros que eu descobri que amor não é medido por palavras, mas por sacrifício. “Não quero saber de palavras bonitas em um dia tranquilo, vou saber de verdade que você está comigo quando a única água que eu tiver para beber for a do seu cantil.” - pensava comigo mesmo.

Ao falar sobre amizades, Jesus segue o mesmo padrão que Jônatas séculos antes; porém eleva o nível:

“O meu mandamento é este: que vos ameis uns aos outros, assim como eu vos amei. Ninguém tem maior amor do que este: de dar alguém a própria vida em favor dos seus amigos.” João 15:12-13

O maior exemplo de amor e sacrifício que poderíamos receber não foi demonstrado por meio de presentes nem de palavras bonitas, mas por expressões de dor e desolação em uma cruz sangrenta. Se Jesus nos amou nesse nível, como podemos amar sem sacrifício?

Como você tem amado àqueles que Deus colocou na sua vida?

Dia 2Dia 4

Sobre este Plano

O Senhor dos Exércitos

Esse plano conta algumas histórias de experiências com Deus que tive no meu ano de serviço militar, sempre comparando-as com textos bíblicos que o Senhor usou para falar comigo nas situações mais cotidianas. Te convido a conhecer uma face pouco falada do nosso Deus: a de Senhor dos Exércitos. Que Ele fale ao seu coração.

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Gostaríamos de agradecer ao Arthur Bessa por fornecer este plano. Para mais informações, visite: https://www.instagram.com/arthurnbessa/?next=%2F