A VIDA POR UMA MEDALHAExemplo
NEM PENSE EM DESISTIR!
A Carta aos Hebreus é um livro da Bíblia considerado de difícil compreensão. Não é! Ela foi escrita para cristãos que haviam deixado o Judaísmo e estavam sofrendo toda sorte de perseguição e por isso pensavam em desistir. Para encorajá-los, o autor da carta mostrou que Cristo era superior a tudo o que a religião judaica tinha como mais sagrado.
Mas o que nos diferencia e o que nos iguala aos cristãos do primeiro século depois de Cristo? Não temos restrições religiosas no Brasil, mas estamos presos a uma sociedade adoecida (sob diversos aspectos); não corremos grandes riscos de perder nossas fontes de sustento; mas nos tornamos reféns de uma forma de trabalho que alimenta o consumismo; não estamos em vias de perder nossas propriedades, mas os bens materiais nos possuem; não somos discriminados socialmente, mas fazemos de tudo para ter relevância por pura vaidade; não sofremos castigos físicos em razão de nossa fé, mas somos torturados pela incredulidade, e chicoteados pela descrença de nossos filhos. Ou seja, nossos corações foram aprisionados pela descrença. E por causa disso somos tentados a desistir da fé (ou, seduzidos).
Hebreus 12.1-2 é um chamado para correr com perseverança. Um texto que é o clímax de uma longa argumentação anterior sobre as melhores promessas em um apelo insistente por lealdade a Cristo. Com uma estrutura poética bem construída, o ponto central fica evidente – Jesus Cristo é o melhor! É um elogio, mas também pode ser um ‘grito de torcida’. E que torcida!
A ‘nuvem de testemunhas’ é uma referência aos santos da Antiga Aliança, mencionados no capítulo 11. Uma torcida de craques. Gente que já recebeu suas medalhas e então, sentada na arquibancada, aplaude os que estão na pista, correndo com confiança em Deus.
Na metáfora esportiva, o apelo é a nos livrarmos de todo obstáculo que nos impede de correr a carreira cristã com sucesso. Na língua grega, original do Novo Testamento, a palavra grega ‘obstáculo’ significa protuberância, ou um tumor, ou ainda um inchaço, crescimento excessivo. Alguém perguntou se uma determinada coisa faria mal a uma pessoa, e a resposta foi: ‘não fará mal, se você não deseja vencer’. (Thomas)
Vários teólogos têm ensinado que a validade da vida cristã se mostra no progresso constante, não nos espasmos de espiritualidade, no esforço e resistência constante, muito mais do que nas ‘correrias’ do ativismo espiritual.
Olhar para Jesus é o segredo para não desistir.
Já se vão milênios de história e Jó continua sendo um emblema universal de resistência ao sofrimento e uma fonte de ensinamentos para os que, como ele, enfrentam todo tipo de provação. Até hoje se discute o que realmente teria acontecido ao mais infeliz dos infelizes.
Roy Zuck fala que a doença que acometeu Jó — penphigus foliaceus — tinha como sintomas: inflamação, úlceras, coceira, degeneração das características faciais, perda de apetite, depressão, horrendas pústulas que atraíam vermes, dificuldade de respirar, mau hálito, dor contínua, rápida perda de peso, pele escurecida, febre e descamação da pele. Em meio a esse martírio ele sentava-se em cinzas e lixo, num contraste gritante com quem antes tinha assento com governantes e pessoas influentes.
Como se isso não fosse bastante, a única pessoa de quem Jó talvez esperasse algum apoio, e que, surpreendentemente, não foi dizimada, como tudo que estava à sua volta, sua esposa, preferiu brandir contra ele uma retórica do desespero – “Ainda reténs a tua sinceridade? Amaldiçoa a Deus, e morre.” (Jó 2:9). Não é à toa que alguns teólogos jocosamente afirmam que a mulher de Jó talvez fosse sua maior provação, e Agostinho viu nela uma ajudante de Satanás.
A sugestão continua tão atual quanto o sofrimento – todo padecimento deve ser evitado a qualquer custo, inclusive pela morte, se não houver outra opção. O mundo faz coro com a consorte do desventurado para nos incentivar a desistir dos casamentos – afinal “todo mundo tem direito a ser feliz”; da honestidade, já que “os honestos não prosperam”, ou “quem trabalha honestamente não tem tempo nem oportunidades para ganhar dinheiro”; da lealdade, principalmente a Deus, considerando que no mundo tão injusto que vivemos “não há ninguém que mereça nossa fidelidade”; e até mesmo da vida, afinal “o vazio nos espreita e nos espera”. Todos esses apelos contêm a essência do grito de incredulidade de ateus disfarçados e confessos, que preferem o caminho reto da angústia autocomiserativa, à semelhança do que diz o salmista – “O perverso, na sua soberba, não investiga; que não há Deus são todas as suas cogitações.” (Salmos 10:4).
A incredulidade nada mais é do que uma rendição ao conselho de Satanás, o mesmo da mulher de Jó, mas é também suicídio espiritual. Ela implica em acomodação à ausência de propósito para a vida, em negação da misericórdia divina, em satisfação com a sabedoria humana, louca e limitada, como disse o apóstolo Paulo (1 Coríntios 3:19), e incompreensão da justiça de Deus (Romanos 10:3). A falta de fé é a mais expressiva constatação de que o problema do Evangelho não está no Evangelho mas no homem. Gandhi disse: “Eu gosto do Cristo deles mas não gosto de seus cristãos”. Nietzsche afirmou: “Eu acreditarei no Redentor quando o cristão parecer um pouco mais redimido”.
O antídoto bíblico para o sofrimento, para a incredulidade, e para a desesperança é a perseverança na Palavra de Deus. Isso significa, dentre outras coisas, compreender a maravilhosa graça de Deus (cf. Hebreus 4:16); significa ainda admitir nossa própria incredulidade buscando a fé com a mesma atitude daquele homem que levou seu filho para ser curado por Jesus: “Senhor, eu creio, ajuda a minha incredulidade!” (Marcos 9:24).
Alguém disse: “Tenho dúvidas, mas não posso desistir”. É um bom mote para quem aguarda a completude das ações de Deus – “Ora, a perseverança deve ter ação completa, para que sejais perfeitos e íntegros, em nada deficientes.” (Tiago 1:4).
Quem quer um arco-íris precisa aguentar a chuva. Deus pode nos ajudar a vencer a incredulidade e seu alto risco (em conselhos como os da mulher de Jó, de Satanás, e de tantos outros céticos). Deus pode nos ajudar a perseverar, até porque, em face do que a Bíblia diz, desistir pode ser perigoso.
ORE — pedindo a Deus forças para prosseguir, apesar das dificuldades.
Wilson Avilla
As Escrituras
Sobre este Plano
O esporte é uma nova religião global, refletindo valores sociais, culturais, moldando identidades e comportamentos. A linguagem que se refere às competições e aos grandes esportistas está cheia de significados religiosos. Mas será que encarar a vida como um jogo é a melhor forma de vencer e encontrar sentido? Viver por ‘medalhas’ é perder o principal. A maior de todas as vitórias é espiritual: a salvação pela fé em Cristo.
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Gostaríamos de agradecer ao Wilson Avilla por fornecer este plano. Para mais informações, visite: https://prwilsonavilla.blogspot.com/