A VIDA POR UMA MEDALHAExemplo
O IMPORTANTE É TERMINAR BEM!
A figura de Pelé, considerado o atleta do século 20, sempre me impressionou. Assisti com interesse alguns documentários sobre sua vida. Neles as menções de gratidão a Deus, pelo talento para o futebol, eram frequentes. Em suas últimas declarações, já em idade avançada, esse temor reverente foi maior, a meu ver.
Perceber a finitude da vida é talvez a experiência mais profunda da existência para qualquer ser humano. Assim foi para o apóstolo Paulo, uma espécie de Pelé do cristianismo do primeiro século. Sabendo que sua morte estava próxima ele usou duas expressões para descrevê-la.
Na primeira dizia que sua vida estava sendo ‘derramada’ como um sacrifício a Deus, na mesma forma como eram oferecidas as ofertas de adoração no Judaísmo. Ou seja, um declínio gradual, logo não sobraria nada dele, à semelhança do que acontecia quando o sacerdote oferecia o cordeiro e derramava o vinho ao lado altar, como último ato da cerimônia de adoração. É interessante pensar que não havia tristeza nessa reflexão, mas ele via a si mesmo como alguém oferecido a Deus. A vida não estava sendo tirada, mas entregue. Pensar assim faz toda a diferença, inclusive, e principalmente, para quem não está morrendo. Isso porque Paulo tinha convicção de que havia oferecido tudo a Deus.
Na segunda expressão, Paulo se referiu a si mesmo como um viajante que deixa seu país, ou como um marinheiro que solta as amarras do navio no cais, e até mesmo como um soldado que levanta seu acampamento. Vale lembrar que o imperador que poderia definir a liberdade ou a morte de Paulo era ninguém menos que Nero, conhecido por suas atrocidade contra cristãos.
Escrevendo a seu jovem discípulo Timóteo, Paulo se valeu de três figuras metafóricas, sendo duas de inspiração esportiva. Ele se comparou a um lutador e a um corredor. Ele estava tão confiante a respeito da medalha (a coroa da justiça) que receberia que a morte não lhe causava medo. Ao contrário de muitos cristãos que estão aproveitando tanto este mundo que, não somente não querem deixá-lo, como tem medo disso.
A conclusão é mais do que óbvia, não existe vitória sem renúncia (ao mundo e ao pecado, principalmente). E o esforço vale a pena. Mas há outra lição evidente na exortação bíblica – nada supera a prioridade de correr para a eternidade, pelo prêmio da soberana vocação. Em algum momento da vida de qualquer cristão convicto haverá um torneio de prioridades, na qual o Senhor Jesus pode ser o vencedor glorificado ou um desprezado perdedor.
Eric Liddell, cuja história se tornou amplamente conhecida nas telas cinematográficas (“Carruagens de Fogo”), é um exemplo maiúsculo de alguém que deixou as glórias olímpicas para correr pelo galardão maior. Ele foi o segundo filho de um missionário presbiteriano escocês. Tornou-se atleta nos tempos de universidade e representou a Escócia em inúmeras provas de atletismo e rúgbi. Em 1924 foi selecionado para participar das provas de 100 e 200 metros nos Jogos Olímpicos de Paris, pela Grã-Bretanha. Ele causou grande espanto quando anunciou sua desistência de uma competição, por motivos religiosos — as eliminatórias para a prova aconteceriam em um domingo. Optou pela corrida dos 400 m, na qual viria a obter a medalha de ouro, estabelecendo recorde mundial. A inusitada decisão prenunciava as escolhas de maior relevância que viriam. Mais tarde, abandonando o prestígio de seus triunfos, tornou-se missionário na China.
Esportistas profissionais, e todo tipo de gente, no ambiente competitivo do nosso tempo, estão cada vez mais focados na superação de suas próprias marcas. O apóstolo Paulo se orgulharia de Liddell, um companheiro seu nas pistas da vida cristã, correndo para alcançar o maior de todos os prêmios, sem se importar com suas marcas. A lógica cristocêntrica deu-lhe tranquilidade para afastar-se dos valores do mundo, mesmo em face de feroz oposição. Não correr aos domingos, desistir das competições, ou atender o chamado missionário eram definições pessoais subordinadas a um interesse maior – cumprir a vontade de Deus para sua vida.
Por definição, um discípulo não é somente alguém que não corre aos domingos, mas um seguidor fiel, que aceita Seu Supremo Mestre e divulga Suas boas novas. Um discípulo não é um partidário de uma prática religiosa com a qual se empenhe ao máximo, mas alguém que vive em exercício de obediência ao Pai até a ponto de morrer. Um discípulo é alguém que, como diz Clarke, não se julga capaz de qualquer coisa, por si próprio, antes é iluminado pelo Espírito de Deus e fortalecido em Cristo. Um discípulo é alguém que está disposto a renunciar ao conforto em favor de Jesus, consciente de que “a salvação não custa nada, mas o discipulado custa tudo; salvação ocorre em um momento, mas o discipulado leva uma vida inteira.” (Billy Graham). Muito se tem falado sobre o legado de uma olimpíada. Para cada um de nós, é necessário refletir sobre que tipo de ‘atletas’ somos. Espero que sejamos do tipo que termina bem (com Cristo)!
ORE — por capacitação para não somente correr bem, mas para terminar bem a corrida. Isso vale para uma pequena tarefa tanto quanto para a vida.
Wilson Avilla
As Escrituras
Sobre este Plano
O esporte é uma nova religião global, refletindo valores sociais, culturais, moldando identidades e comportamentos. A linguagem que se refere às competições e aos grandes esportistas está cheia de significados religiosos. Mas será que encarar a vida como um jogo é a melhor forma de vencer e encontrar sentido? Viver por ‘medalhas’ é perder o principal. A maior de todas as vitórias é espiritual: a salvação pela fé em Cristo.
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Gostaríamos de agradecer ao Wilson Avilla por fornecer este plano. Para mais informações, visite: https://prwilsonavilla.blogspot.com/