Discipulado da FamíliaExemplo
Antropologia Amorosa: O ser humano como homem e mulher, em sua relação de amor, representando um dos aspectos sociais da antropologia bíblica
O ocidente tem sofrido o impacto de grandes mudanças. Os valores judaico-cristãos têm sido destruídos numa escala ascendente. Valores fundamentais, inerentes a pessoa humana, estão sendo trocados por valores que parecem contribuir para uma desumanização do homem; além de levá-lo para longe do seu sentido e propósito existenciais.
Uma das grandes mudanças ocorridas no ocidente se relaciona com a compreensão da identidade do homem, definida a partir do seu corpo. O transgenerismo, a ideia de um gênero não biológico, permite ao homem definir o seu gênero independentemente do que é apresentado pelo seu próprio corpo. Como ensinado e fortemente fomentado pelas grandes vertentes progressistas, homens biológicos podem definir-se como mulheres, e mulheres biológicas podem definir-se como homens. Além disso, a identidade não biológica não se restringe apenas ao gênero, mas também a outras formas de identidade denominadas “não-binárias”. Pessoas que se identificam como uma espécie ou animal não humano (homens que se veem como animais), ou até mesmo as que se referem às etapas do desenvolvimento humano (homens que se veem como bebês, por exemplo). Aos olhos de alguns, essa capacidade de autodefinição da identidade, independentemente do que afirmam as características biológicas de seu gênero e espécie, pode ser vista como sinônimo de liberdade. Mas o que acaba sendo promovido pelo transgenerismo e pela relativização da espécie é uma falta de referencial identitário, um terreno fértil para crises de identidade. Uma identidade que acaba sendo definida em termos de identitarismo[1], ao invés de necessariamente uma identidade individual e integral, intrinsecamente ligada ao corpo. No final, ao mesmo tempo em que tudo é possível, nada existe em absoluto.
Outra mudança, que tem alterado vertiginosamente os costumes e relações sociais, está relacionada com o uso da tecnologia e sua influência cada vez mais substitutiva, real e afetiva na vida humana. A “máquina” tem assumido muitas funções, que até então eram realizadas pelo homem. Não apenas em relação ao cumprimento de tarefas práticas, como robôs que varrem a casa; mas por assumir o lugar do homem em tarefas intrinsecamente ligadas à sua natureza, como o pensamento e as relações afetivas. O homem pensa cada vez menos por si só, e está cada vez mais dependente de plataformas e mecanismos de pesquisa, como observado pelo advento das Inteligências Artificiais. E se relaciona cada vez menos de maneira real e direta, sem o auxílio de tecnologia. Sem contar as vezes em que se relaciona afetivamente com a imagem projetada (pornografia, relacionamentos com um programa de computador etc.). Com isso, aquilo que é desprovido de vida e sentimentos é tratado como algo vivo, muitas vezes dignos do mesmo valor e tratamento éticos e que possui capacidade inerente de envolvimento afetivo. Enquanto, ao mesmo tempo, o ser humano é muitas vezes rebaixado pelo conflito de imaginação, a partir do real x irreal, em que relacionamentos virtuais ganham a preferência na convivência entre sujeitos. Os sistemas são tratados de forma cada vez mais humanizadas, enquanto os valores da humanidade se tornam cada vez mais artificiais e substituíveis.
Além disso, outra grande mudança, enfatizada ascendentemente por influências ideológicas, se relaciona com a desvalorização da vida e da posteridade. O desinteresse pelo casamento, pela posteridade e o legado geracional é uma das marcas mais evidentes do ocidente. Enquanto casamento, maternidade e paternidade são desprezados, o aborto já não é apenas pauta de debates, mas incentivado e legalizado em muitos países ocidentais. Além da noção de que os filhos são sinônimo de derrota social e financeira, de prejuízo para o corpo, para a imagem, e empecilho para os prazeres. Enquanto isso, os métodos contraceptivos, mesmo os abortivos, são fortemente indicados e amplamente utilizados. Dessa forma, já se pode observar uma população cada vez mais velha. Uma sociedade cada vez mais pobre e carente de trabalhadores ativos, que possam sustentar a aposentadoria dos mais idosos[2]. Em outras palavras, o ocidente tem cultivado uma cultura de morte; e uma cultura de morte mata. Não apenas bebês inocentes no ventre de suas mães - mas aos poucos vai matando as próximas gerações - bem como os seus próprios valores, como o valor a vida, a liberdade e a dignidade humana.
A partir desses poucos exemplos, e dadas as circunstâncias, poderíamos afirmar que as grandes mudanças no ocidente, e no mundo globalizado, têm afetado a humanidade no que diz respeito a compreensão da natureza e existência humanas, especialmente em suas relações sociais?
O homem pode definir a si mesmo?
As grandes mudanças observadas no ocidente, e que se relacionam diretamente com a definição da natureza e dignidade humana, na verdade são eventos superficiais que revelam uma mudança muito mais profunda; uma mudança de cosmovisão. Muitos podem tratar a moralidade apenas como um conjunto de regras, mas todo sistema moral parte de uma cosmovisão. Nas palavras do teólogo Stanley Hauerwas, um ato moral “não pode ser visto apenas como um ato isolado, mas envolve opções fundamentais sobre a natureza e o significado da própria vida”[3]. E, por isso, muitas das teorias morais pós-modernas contribuem para a desvalorização do ser humano e destroem os verdadeiros direitos humanos. De acordo com Nancy Pearcey, as mudanças recentes na antropologia consistem numa fragmentação do homem, fruto de um pensamento secular dualista:
A chave para compreender todos os assuntos controversos dos nossos dias é que o conceito de ser humano também foi fragmentado nos andares inferior e superior. O pensamento secular atual presume uma divisão corpo/pessoa, com o corpo definido no reino do “fato” pela ciência empírica (andar inferior) e a pessoa definida no reino dos “valores” como base para os direitos (andar superior). Esse dualismo criou uma visão quebrada, fragmentada do ser humano, no qual o corpo é tratado como algo separado do eu autêntico.[4]
O cristianismo, por séculos, defende a visão de uma unidade integrada entre corpo e alma, mas a cosmovisão secular se baseia nessa dicotomia entre corpo/pessoa, e é o que norteia a visão e os valores da vida, sexualidade, transgenerismo, e tantas outras questões éticas.
Uma das causas dessa mudança, que influenciou fortemente a cosmovisão secular, foi a conhecida teoria da evolução de Charles Darwin, publicada em 1859. Por ter abraçado a filosofia materialista, Darwin não negava a existência de um certo design na natureza, mas ele trabalhou fortemente para reduzir esse design a uma mera ilusão, desvinculada da materialidade. Segundo ele, apesar de parecer que as estruturas vivas tivessem uma espécie de organização teleológica[5], na verdade elas caminham aleatoriamente sem direção. Apesar de parecer existir uma espécie de intenção (inteligência e vontade) por trás da organização dos seres vivos, na verdade tudo acontece como fruto de um processo que não tem um propósito definido. As variações aleatórias e a seleção natural, por conta da sua visão materialista, se tornaram os dois elementos norteadores da sua teoria. E visavam claramente excluir qualquer ideia de propósito, inteligência ou vontade nas ordens dos vivos. O grande impacto da teoria de Darwin para a compreensão do ser humano segue a sua ordem lógica. Se a natureza não é obra de Deus, então ela não fornece mais base para proposições morais. E se a natureza não revela a vontade de Deus e pode ser alterada, logo ela é moralmente neutra. Em outras palavras – a partir da herança deixada pela teoria de pensadores materialistas, como Darwin - o homem agora pode definir a si mesmo, não existindo mais uma realidade teleológica que impõe sobre ele a realidade da sua natureza:
Em uma escala Richter de pensadores, a teoria de Darwin causou um terremoto que fica bem acima de 9.0, e as suas ondas sísmicas não se limitaram à ciência. Elas também causaram vários terremotos secundários no pensamento moral. Porque, se a natureza não é obra de Deus – se ela não carrega sinais dos bons propósitos de Deus – então ela não fornece mais a base para as verdades morais. É apenas uma máquina agitada por forças materiais cegas. O filósofo Charles Taylor explica: “O cosmos não é mais visto como a materialização da ordem significativa que pode definir o que é bom para nós”. O próximo passo na lógica é crucial: se a natureza não revela a vontade de Deus, então é um mundo moralmente neutro onde os seres humanos podem impor a sua vontade. Não há nada na natureza que os humanos sejam moralmente obrigados a respeitar. A natureza torna-se o reino dos fatos de valor neutro, disponível para servir a quaisquer valores que os seres humanos possam escolher.[6]
Será que o materialismo e a herança de pensadores como Charles Darwin têm razão em suas proposições a respeito da natureza do homem? Existe uma neutralidade moral, permitindo ao homem definir a si mesmo? Ou será que a tentativa de autodefinição do homem apenas contribui para a sua desumanização?
A possibilidade de uma antropologia bíblica
Podemos definir biblicamente uma antropologia - uma definição do homem - a partir de uma gramática antropológica[7], pensando sobre a própria existência do ser humano, em si mesmo. Também podemos pensar numa antropologia biográfica[8], sobre o tempo do ser humano. Sobre quem é o homem, através da sua relação com o tempo; a vida do ser humano, como uma narrativa temporal. Mas além de pensar sobre a existência do ser humano em si mesmo, bem como sobre a vida do ser humano, como um acontecimento histórico; cumpre-nos pensar no mundo do ser humano. Além de uma gramática antropológica e uma antropologia biográfica, outra maneira de definir o ser humano se dá a partir de uma antropologia sociológica. Ou seja, esse ser humano que existe em si mesmo, e que existe no tempo e na história, também existe como um ser social e relacional. O ser humano existe como alguém que foi criado para se relacionar.
Não é nosso propósito tratar de todos os aspectos da antropologia bíblica. Mas cumpre-nos refletir sobre a natureza interpessoal e existencial do ser humano. Obviamente, apenas esse aspecto da antropologia sociológica seria o tema para um livro, ou para uma série de muitas palestras. Podemos pensar em diversos aspectos da antropologia sociológica; como a relação do homem com a criação, a relação entre pais e filhos, entre amigos, senhores e servos, indivíduo e sociedade. Mas, nesse breve espaço, eu gostaria de sugerir um desses aspectos da antropologia sociológica: a relação entre o homem e a mulher, no casamento. Porém, mesmo restringindo o nosso assunto à relação entre o homem e a mulher, focaremos na relação de ambos, como uma relação de amor inerente ao ato criativo de Deus, bem como definidora da própria existência humana. Poderíamos pensar biblicamente sobre alguns elementos do direito matrimonial ou até mesmo sobre as perturbações do amor (os problemas conjugais), mas será que poderíamos definir uma antropologia amorosa? Quais seriam os fundamentos antropológicos do casamento, que podem ser aplicados ao homem e a mulher, em sua relação de amor?
Os fundamentos do casamento e da sexualidade, como um dos aspectos sociais da antropologia bíblica – em Gênesis 2. 18-25
Em sentido contrário ao que afirmam as filosofias materialistas, as Escrituras apresentam a relação entre o homem e a mulher, como um dos aspectos da própria definição existencial do ser humano. A Escritura define o ser humano como “imagem de Deus”. E essa “imagem de Deus no mundo, como a humanidade de dois sexos”[9] (Gn 1.27). Ao ponto de que seria impossível falar sobre uma definição do ser humano, sem considerar um estudo do componente social; mais especificamente a relação entre homem e mulher.
Os primeiros livros da Escritura não possuem uma proeminência apenas cronológica, mas também apresentam o alicerce e o padrão de Deus ao longo da história. Deus se revela ao homem de maneira progressiva, mas não para alterar quaisquer de seus atributos ou propósito. Sendo assim, a revelação progressiva lança luz ao que já é estabelecido desde o relato da criação do homem e da mulher. Podemos constatar que o próprio Senhor Jesus e os apóstolos recorriam ao que foi estabelecido na criação, para tratar de assuntos relacionados ao casamento[10]; não para modificar o que fora posto, mas para reiterá-lo. Nesse sentido, a própria narrativa da criação, e a realidade do paraíso, já pressupõe uma satisfação existencial mútua, bem como um relacionamento de plena felicidade, entre o homem e a mulher. Os diversos aspectos dessa relação de completude, mutualidade e alegria no matrimônio já podem ser observados desde o início, nos textos que a descrevem, em especial o de Gênesis 2.18-25:
1 – Deus declara que não é desejável que o homem esteja sozinho.
“Disse mais o SENHOR Deus: Não é bom que o homem esteja só”. (Gn 2.18a)
Uma das maiores falácias do nosso coração egoísta, bem como de uma cultura cada vez mais autocentrada, é a mentira de que não dependemos de ninguém para sermos felizes e satisfeitos. Tal argumento descarta a realidade de que, em primeiro lugar, o homem jamais encontrará satisfação fora do relacionamento com o seu Criador. Mas, nesse texto, observamos que essa dependência existencial se estende para as relações sociais e interpessoais, tendo o ápice de sua experiência na relação entre um homem e uma mulher. De certa forma, o homem que vivia no paraíso de amor - em relação de comunhão com o Criador – ainda experimentava uma falta. Mesmo não havendo ainda a separação e interrupção da queda, que passou a impedir a comunhão com o Criador, ainda assim lhe faltava um tipo de completude que precisava ser satisfeita. Sendo o homem a semelhança de seu Criador, como um ser comunitário, lhe faltava um igual, porém diferente, que o completasse e o correspondesse. O ponto de destaque é que essa não é apenas uma percepção do próprio homem, como que julgando a si mesmo de maneira egoísta ou pecaminosa. Ao contrário, o próprio Deus é quem declara: “Não é bom que o homem esteja só”. O significado dessa expressão aponta para a realidade de que a relação entre o homem e a sua mulher é inerente a sua própria condição de humanidade. Em outras palavras, não podemos pensar em termos de definição antropológica, sem considerar o casamento como um estado de completude, de um ser que foi criado para compartilhar e se satisfazer no outro.
Em termos de sexualidade, esse princípio demonstra que o ato conjugal é aplicado a ambos os cônjuges, como uma maneira de atingir um objetivo de completude comum. Tanto o homem, quanto a mulher, são, de certa forma, passivos na relação sexual. Não em termos meramente anatômicos, mas como fruto da dependência mútua na relação entre eles. A relação entre ambos supre uma falta, que pressupõe a comunhão e a autodependência. Isso significa, de maneira prática, que não se faz sexo sozinho. Pelo contrário, quaisquer formas particularizadas de pensar a sexualidade devem ser consideradas como distorções da própria sexualidade. Esse é um dos grandes problemas da pornografia, do voyeurismo e da masturbação. Além de distorções culturais, que restringem o sexo a apenas um dos gêneros (alegações de que o sexo foi feito apenas para o homem, ou de que a mulher jamais poderá desfrutar plenamente do sexo). Qualquer tentativa de desfrutar a sexualidade de maneira meramente particularizada, nega a natureza de mutualidade comum, inerente ao ato conjugal.
2 – O parceiro é definido como uma ajuda correspondente ao ser humano (de mesma natureza, mas de sexo oposto).
“Far-lhe-ei uma auxiliadora que lhe seja idônea”. (Gn 2.18b)
Essa declaração pressupõe a necessidade de ajuda, para suprir uma falta existencial inerente ao ser humano (como vimos a pouco). Mas também está posto o aspecto social da diferença entre os sexos. A auxiliadora, que aqui cumpre um aspecto missional semelhante ao que é dado ao homem - como um objetivo em comum -, pode ser claramente apontada como sendo uma só pessoa do sexo oposto[11]. Além disso, outro ponto de destaque é que Deus por várias vezes repete que tudo o que ele criara “era bom” (ex. Gn 1.10,18,31); mas diante da realidade da solidão do homem, ele diz que isso “não era bom” (Gn 2.18a). E aqui Deus apresenta o objetivo da criação da mulher, como o de fornecer ao homem uma ajuda correspondente. Mas o ponto é o de que essa ajuda correspondente - de mesma natureza e de sexo oposto, que supre uma falta existencial complementar – é o de uma “auxiliadora idônea”. De certa forma, o homem estava na companhia dos animais. Mas, a companhia dos animais não era a companhia perfeita. Em outras palavras, o que se observa como inerente a natureza do matrimônio transcende a mera ajuda funcional, ou até mesmo ao sexo como uma mera necessidade. O matrimônio é o deleite e a celebração de um verdadeiro companheirismo. Nas palavras de D. A Carson: “O conto encantador de Deus criando Eva a partir da costela de Adão e então apresentando-a a ele como que numa cerimônia de casamento resume, de forma belíssima, muitas das ideias bíblicas fundamentais sobre o casamento. Aqui e em 1.27,28 temos a apresentação do padrão divino para as relações entre os sexos. Enquanto 1.28 destacou a importância da procriação, 2.20-24 explora a natureza do companheirismo no casamento”[12].
Em tempos de redefinições e relativização do matrimônio, o fundamento bíblico para o casamento é o da relação entre iguais de sexo oposto. Nos padrões da Escritura, não pode haver casamento entre iguais do mesmo sexo. A relação sexual, por sua vez, é exclusivamente heterossexual. Além disso, em termos de sexualidade, claramente se observa que o sexo não deve ser desprovido de um contexto de amizade e companheirismo. Ao ponto de ser possível existirem relações sociais de amizade sem sexo, mas ser impossível haver sexo sem companheirismo. A união entre o homem e a mulher surge justamente para suprir uma necessidade de complementariedade e satisfação existenciais, como uma companhia que seja idônea. Nesse sentido, o ambiente do matrimônio deve ser um ambiente de amizade e companheirismo. Os cônjuges devem encontrar no casamento um relacionamento que jamais poderá ser encontrado no reino animal. O casamento não é apenas o firmar de um contrato, com direitos e deveres. O casamento não é um mero acordo para dividir as contas e as responsabilidades da família. O casamento é muito mais do que sexo. E não é apenas um local de alívio dos desejos sexuais, ou apenas para a procriação, como no reino animal. Marido e mulher devem, de forma intencional, cultivar um relacionamento de amizade e cumplicidade. E o relacionamento sexual, por sua vez, passa a ser uma forma de compartilhar intimamente. O relacionamento sexual, como fruto de um ambiente de companheirismo, simboliza apreciação, aceitação, aprovação e respeito. O relacionamento sexual deve promover unidade, comunhão e confiança mútua.
3 – A ajuda correspondente, pela falta existencial do homem, não pode ser encontrada no reino animal ou nas demais coisas que foram criadas.
“Havendo, pois o SENHOR Deus formado da terra todos os animais do campo e todas as aves dos céus, trouxe-os ao homem, para ver como este lhes chamaria; e o nome que o homem desse a todos os seres viventes, esse seria o nome deles. Deu nome o homem a todos os animais domésticos, às aves dos céus e a todos os animais selváticos; para o homem, todavia, não se achava uma auxiliadora que lhe fosse idônea”. (Gn 2.19-20)
O ser humano é claramente distinto do reino animal. Tal distinção se dá especialmente pelo fato de que o ser humano foi criado a imagem e semelhança de seu Criador. Mas, também, pela superioridade quanto à língua (o homem é quem dá nome aos animais) e pelo seu governo mediato, concedido por Deus. Deveria ser óbvio, mas é necessário destacar que o casamento, além da união entre o sexo oposto, também se dá exclusivamente entre iguais de uma mesma natureza. O matrimônio é intrínseco a relação da natureza humana. O homem jamais poderá encontrar a “ajuda idônea”, de alguém que o corresponda, no reino animal. Nesse sentido, o homem, mesmo possuindo superioridade em relação ao reino animal, permaneceria solitário nesse reino. A ajuda correspondente não poderia vir do reino animal, mas de alguém do sexo oposto, que fosse de sua mesma natureza.
Outro ponto de destaque, a partir da distinção e exclusividade da relação de mesma natureza, aponta para o fato de que o relacionamento entre homem e mulher transcende ao mero ato conjugal, desprovido de quaisquer outros aspectos que distingue a natureza humana do reino animal. Ou seja, tal relação não é meramente física ou instintiva. A completude da relação entre homem e mulher, inclusive no ato sexual, não se dá apenas física ou instintivamente, visando suprir apenas uma necessidade física ou alívio hormonal. A partir de uma antropologia social bíblica, e da compreensão do casamento como uma relação de amor, destacamos que o sexo não deve ser compreendido de maneira dualista, como é próprio de uma cosmovisão grega, que tende a enxergar o homem de maneira fragmentada. Mas, as implicações para a antropologia bíblica sempre se deparam com a realidade de que o homem é definido como um indivíduo integral. Em outras palavras, a união entre homem e mulher não se restringe apenas a alguns aspectos de sua humanidade. O sexo não consiste apenas numa troca física e na união entre dois corpos, mas também na união de alma[13]. Aquele que entrega o seu corpo também deve entregar o seu coração. De maneira prática, claramente está posto que não se faz sexo com animais ou qualquer coisa criada, que não seja de sua própria natureza[14]. Mas também está posto que não se faz sexo apenas com o corpo. Além da amizade e do companheirismo, como vimos, o sexo é muito mais do que um ato instintivo e meramente físico. Sexo não é mera ferramenta de alívio, isolado da integralidade do ser humano. Como observamos, o materialismo tende a fracionar o homem, e produzir uma visão de mundo dualista. Tal dualismo torna possível uma visão de corpo e sexualidade, meramente física e instintiva. Sigmund Freud, por exemplo, definia o sexo como instinto, fruto do seu pensamento materialista. “Freud era um darwinista dedicado e que tratava a sexualidade apenas como impulso biológico”[15]. Dentre tantas distorções da sexualidade, esse pensamento traz a ideia de um ‘sexo sem rosto’. E acaba por desprezar esse princípio da união de alma, que transcende ao mero instinto. Encontros sexuais não devem ser encarados como algo apenas casual; e o sexo é muito mais do que uma atividade física.
4 – O parceiro correspondente ao ser humano não é criado do pó da terra, como o primeiro ser humano (v.7) e os animais (v.19), mas da costela do próprio ser humano.
“Então, o SENHOR Deus fez cair pesado sono sobre o homem, e este adormeceu; tomou uma das suas costelas e fechou o lugar com carne”. (Gn 2.21)
Como vimos, esse texto reitera que o parceiro que corresponde ao ser humano é da mesma natureza do ser humano. Além disso, ele é formado a partir do ser humano e não do pó da terra, como um igual que foi criado separadamente. Pelo contrário, ao ser criada da costela do homem, a partir do próprio ser humano, a mulher e o homem possuem um relacionamento intrínseco de mutualidade. Um relacionamento que se destaca em seu aspecto qualitativo, por ser muito superior as demais criaturas. Uma mutualidade que implica na humanidade, como a união que faz com que “os dois tornem-se uma só carne” (Gn 2.24b). A própria humanidade é fruto da mutualidade entre o homem e a mulher, em uma relação de amor. Nas palavras de Hans Walter Wolff: “Apenas homem e mulher juntos representam o ser humano todo”[16]. Ao ponto de que o homem sozinho jamais alcançaria o ápice de sua humanidade; que obviamente seria refletida em seu papel na criação, não havendo reprodução ou multiplicação da imagem de Deus no mundo. Um ponto de destaque nesse texto é de que homem e mulher possuem igualdade: missional, pois desfrutam de uma missão compartilhada de domínio sobre a criação (Gn 1.28); de natureza, pois a mulher é criada a partir do homem; e de valores, pois ambos possuem a imagem de Deus (Gn 1.27).
Aplicando a sexualidade, observamos que é inerente ao ato conjugal esse mesmo princípio de igualdade, mutualidade e deleite. O sexo não deve ser para o prazer de apenas um dos cônjuges, mas para o prazer de ambos. Assim como apenas homem e mulher juntos representam o ser humano; da mesma forma, o ápice do prazer só pode ser alcançado, como fruto dessa mutualidade. Encontros sexuais, sem consentimento, e que exploram a outra pessoa são enfaticamente condenados[17]. Mas o sexo egoísta também é contrário as Escrituras. Não se faz sexo sem mutualidade (mesmo havendo consentimento), e nenhuma pessoa deve usar o cônjuge, como se fosse um objeto, para satisfazer os seus prazeres de forma egoísta. O casamento requer o compromisso de suprir as necessidades do cônjuge[18], além de que o celibato para pessoas casadas não é uma opção. Dentro do casamento, o relacionamento sexual não é apenas permitido, mas obrigatório[19]. No entanto, tal obrigatoriedade não exclui o princípio de igualdade e mutualidade no deleite do ato conjugal.
5 – Apesar da igualdade missional, de valores e de natureza, homem e mulher possuem diferenças autênticas.
“Então o Senhor Deus fez cair um sono pesado sobre Adão, e este adormeceu; e tomou uma das suas costelas, e cerrou a carne em seu lugar; E da costela que o Senhor Deus tomou do homem, formou uma mulher, e trouxe-a a Adão”. (Gn 2.21,22)
Deus fez cair um pesado sono sobre Adão (21). Enquanto isso a mulher é formada por Deus, e só é levada ao homem posteriormente, como um ser humano completo em si. A mulher não surgiu subsequentemente, como um ato de reprodução natural. Pelo contrário, apesar de ser feita a partir do homem, e não do pó da terra, não significa que não houve o ato criativo de Deus. O que implica numa mesma natureza, porém distinta. Tal distinção não se limita apenas aos aspectos físicos, anatômicos e biológicos; mas também emocionais e sociais. A mulher não possui apenas um corpo diferente, mas é um ser humano diferente, e que possui funções diferentes. Negar as diferenças da mulher, em relação ao homem, significa negar o ato criativo dela mesma. E negar a sua igualdade em relação ao homem, significa negar que juntos eles possuem uma mesma natureza. As implicações dessa distinção determinam a relação entre homem e mulher como complementar. São diferentes, de uma mesma natureza, que se complementam para cumprir a missão de glorificar a Deus no governo da criação; bem como na multiplicação de filhos, para refletir de forma visível a imagem do Deus invisível.
Essas diferenças entre homem e mulher, além dos demais aspectos sociais (p. ex. maternidade e paternidade), também se refletem no ato conjugal. O ato sexual, apesar de exclusivo a iguais de mesma natureza, não exclui as autênticas diferenças entre homem e mulher. Isso significa que o sexo estabelecido por Deus, tanto para o homem quanto para a mulher, não exclui as diferenças de ambos. Essas diferenças são observadas fisicamente, como através de diferenças hormonais e diferentes órgãos sensoriais. Mas também por meio de diferentes formas de percepção do prazer sexual. Sendo assim, da mesma maneira como homem e mulher se complementam na educação dos filhos, na paternidade e na maternidade; ambos se complementam em sua relação sexual. O ato conjugal não deve se restringir apenas às percepções do homem ou da mulher, mas na complementariedade de um buscando satisfazer o outro, em suas percepções; alcançando o ápice de suas potencialidades sensoriais. Por isso, é necessário que haja intencionalidade de ambos os cônjuges, por meio das percepções particulares de cada um. E, dessa forma, oferecer prazer ao outro, como uma forma de serviço mútuo. A complementariedade produz a mutualidade, e nisso consiste o verdadeiro prazer entre um homem e uma mulher. Sexo é serviço, e requer intencionalidade. Em outras palavras, sexo exige intencionalidade, como uma ferramenta de mutualidade. O que significa a busca pelo conhecimento íntimo do cônjuge, de seu corpo e de suas percepções da sexualidade e do prazer sexual. A falta de intencionalidade, na busca pelo conhecimento mútuo, produz insatisfação. E explica a realidade de muitas mulheres que muito raramente atingem o orgasmo; ou de homens que se queixam da falta de iniciativa da esposa, para o ato sexual. Além de ser essa uma das principais causas de problemas matrimoniais.
6 – A expressão de júbilo do esposo demonstra uma felicidade almejada.
“E disse o homem: Esta, afinal, é osso dos meus ossos e carne da minha carne; chamar-se-á varoa, porquanto do varão foi tomada”.(Gn 2.23)
O autor bíblico vem descrevendo a criação, com ênfase nos atos criativos e nas falas do próprio Deus. Até então, o homem apenas dá nome aos animais (v.20); mas, ao descobrir a sua mulher, o autor bíblico cita pela primeira vez a fala do homem. E ele demonstra a sua alegria, com uma expressão de júbilo: “Esta, afinal, é osso dos meus ossos e carne da minha carne”. Além de reafirmar a unidade essencial e a diversidade do sexo (por meio dos nomes אִישׁ [ísh] homem e אִשָּׁה [ishá] mulher), essa expressão de Adão revela o propósito essencial do casamento, atestando a realização de uma felicidade que é almejada há muito tempo. As Escrituras apresentam o casamento como um lugar de satisfação e alegria. Engana-se o homem que, de maneira pretensiosa, busca encontrar alegria e satisfação por si mesmo, ou fora dos padrões estabelecidos por Deus na criação. As falsas ofertas de um mundo caído, por meio de um sistema corrompido de valores, frequentemente chamam de maldição aquilo que Deus chama de bênção, e vice-versa. Da mesma forma como muitos desprezam o ter filhos, como um atraso de vida ou motivo de privação, enquanto Deus chama os filhos de bênçãos e fruto de seu favor. Deus apresenta o casamento como lugar de deleite e alegria, enquanto muitos acreditam que podem encontrar tal deleite fora do casamento, ou baseados em seus pressupostos pretensiosos de uma falsa independência. O casamento é a satisfação de uma alegria existencialmente almejada.
Esse princípio aplicado a relação de amor entre o homem e a mulher, especialmente tratando-se do ato conjugal, demonstra a satisfação mútua como um objetivo não apenas autorizado, como estabelecido por Deus. O mesmo Deus, que abençoa o primeiro casal, bem como dá a eles uma ordem, para serem fecundos e encher a terra (Gn 1.28); é o mesmo Deus que cria a mulher para suprir uma necessidade, dentre tantas outras, de deleite e satisfação mútua. Muito mais do que meramente instrumento de procriação, o sexo é lugar de alegria e deleite[20]. Isso não deveria ser tratado como sinônimo imediato de pecado, ou mesmo negligenciado pelo casal[21]. O deleite sexual deve ser visto como uma maneira de glorificar a Deus. Algo a ser cultivado, para a vitalidade e para a maturidade da relação conjugal. Significa que o sexo, entre marido e mulher, não deve ser visto como pecaminoso ou algo menos espiritual. Evitar o sexo não é sinal de santidade ou maturidade, pelo contrário, privar um ao outro é sinal de imaturidade e foge àquilo que foi estabelecido por Deus. Além disso, utilizar o sexo como moeda de troca ou privar o cônjuge do sexo, por vingança ou quaisquer outros motivos, são contrários ao princípio de deleite, que é devido a cada um dos cônjuges.
7 – O amor é caracterizado essencialmente pela atração pessoal.
“Por isso, deixa o homem pai e mãe e se une à sua mulher, tornando-se os dois uma só carne”. (Gn 2.24)
Observamos nesse texto, que existe um vínculo de atração pessoal superior aos vínculos da própria família de nascimento. Até mesmo os vínculos familiares mais fortes são rompidos (“deixa o homem pai e mãe”), para a união de homem e mulher, como “uma só carne” (v.24b). Esse novo vínculo de união, além de todas as questões pactuais do casamento a serem observadas aqui, nos aspectos da relação de amor entre homem e mulher representam a importância da atração pessoal[22]. Homem e mulher são atraídos um ao outro, em laços de amor. E tornam-se uma só carne, como fruto dessa atração pessoal confirmada e consumada, diante de Deus. Dessa forma, a atração pessoal não é o único fundamento do casamento, mas um dos aspectos mais importantes do matrimônio.
Em termos de ato conjugal, a atração pessoal não deve ser desprezada. Pelo contrário, como algo inerente a união do homem e da mulher em uma só carne, deve ser buscada, incentivada e cultivada. A atração pessoal, mesmo sendo de grande importância, infelizmente, tende a se esfriar em muitos casamentos. Os motivos são os mais variados. Os muitos afazeres e responsabilidades; o tempo de convívio, que traz a tentação da “mesmice”; a falta de cuidado com o corpo (preocupação com a beleza, asseio corporal, vestimentas etc.); a falta de cuidado com a rotina e o ambiente para a relação sexual (não colocar o sexo na agenda, não criar um ambiente romântico e propício à relação sexual). O investimento na atração pessoal exige que os cônjuges não vejam o sexo como mera obrigação. E não poderá ocorrer num ambiente de desprezo pelo sexo, e pelo prazer sexual. Investir e valorizar a atração sexual é uma das maneiras de cultivar um casamento feliz e saudável.
8 – O pudor, como acanhamento e inibição, surge apenas como consequência da desobediência a Deus.
“Ora, um e outro, o homem e sua mulher, estavam nus e não se envergonhavam”. (Gn 2.25)
Ao unirem-se em casamento, o homem e a mulher, que foram criados para desfrutarem mutuamente de sua relação de amor, estavam nus e não se envergonhavam (v.25b). Somente depois do primeiro pecado é que “abriram-se, então, os olhos de ambos; e, percebendo que estavam nus, coseram folhas de figueira e fizeram cintas para si”. (Gn 3.7).
As implicações dessa realidade para o casamento são várias. Dentre elas, podemos destacar pelo menos duas: que o pecado é o principal inimigo e ameaça do casamento, bem como do ato conjugal; além disso, o pudor não é naturalmente inerente ao casamento, como instituído por Deus. Ou seja, o ato conjugal deve ser encarado como algo desprovido de pudor, como acanhamento e inibição. O pudor deve existir frente as inúmeras distorções da sexualidade, mas não na esfera do casamento, como instituído por Deus e em seus moldes. Essa perspectiva influenciará drasticamente a relação entre marido e mulher, no que tange a sua entrega e intimidade. Não havendo distorção na sexualidade, o sexo não deve ser encarado como inerentemente vergonhoso. Pelo contrário, o matrimônio é o local para desfrutar o ápice da intimidade, entrega e comunhão entre o homem e a mulher. Sexualidade pressupõe intimidade. Isso significa que a intimidade só contribui para um melhor relacionamento sexual. Para que isso aconteça, não pode haver motivo de vergonha entre o casal. Como está claro no texto, o pecado é a causa da vergonha e da inibição. Ou seja, quanto mais glorificamos a Deus e mortificamos os nossos pecados pessoais, mais edificaremos um relacionamento de verdade, transparência e cumplicidade. E, consequentemente, contribuiremos para um ambiente de intimidade e entrega, que será refletido no ato conjugal.
Conclusão
Em termos de antropologia sociológica, vimos que o ser humano, que existe em si mesmo, e que existe no tempo e na história, também existe como um ser social e relacional. E, refletindo sobre a natureza interpessoal e existencial do ser humano, pensamos sobre um desses aspectos da antropologia sociológica: a relação entre o homem e a mulher, no casamento; especialmente como uma relação de amor inerente ao ato criativo de Deus, bem como definidora da própria existência humana. À luz dos fundamentos antropológicos do casamento, observados em Gênesis 2. 18-25, obtivemos a definição do que poderíamos chamar de uma antropologia amorosa, definidora e orientadora da sexualidade.
A resposta para a pergunta: "quem é o homem?" nunca será respondida, apenas olhando para o homem em si mesmo, mas impreterivelmente considerando as suas relações sociais, especialmente o casamento. O casamento não é o espaço para desfrutar de algumas sensações e prazeres egoístas, mas a união que proporciona o desfrutar de completude e satisfação existenciais. O sexo, por sua vez, segue essa mesma ordem. Dentro da esfera do casamento, visa proporcionar mais do que apenas prazeres individuais, mas completude existencial. A relação sexual, que segue os fundamentos criacionais, faz alcançar o ápice de um prazer redimido, como deleite mútuo, em conformidade e em honra ao Criador.
bibliografia
Wolff, Hans W. Antropologia do Antigo Testamento. São Paulo, SP: Editora Hagnos 2007.
Pearcey, Nancy. Ama teu corpo: contrapondo a cultura que fragmenta o ser humano criado à imagem de Deus. Rio de Janeiro, RJ: Casa Publicadora das Assembleias de Deus, 2021.
Carson, D.A. Comentário bíblico Vida Nova. São Paulo, SP: Vida Nova, 2009.
[1] Identidade definida a partir de um grupo ou abordagem política, social e cultural.
[2] Uma matéria publicada pela B.B.C. News Brasil, noticiando uma manifestação recente ocorrida na França, apresenta a queda na proporção entre trabalhadores ativos e aposentados como causa da insatisfação por parte dos cidadãos franceses. A matéria pode ser acompanhada na íntegra através do: https://www.bbc.com/portuguese/articles/c2errjyq8myo, acessado em 05/05/2023
[3] Nancy Pearcey, Ama teu corpo: contrapondo a cultura que fragmenta o ser humano criado à imagem de Deus Rio de Janeiro: Casa Publicadora das Assembleias de Deus. Pag. 13
[4] Nancy Pearcey, Ama teu corpo: contrapondo a cultura que fragmenta o ser humano criado à imagem de Deus Rio de Janeiro: Casa Publicadora das Assembleias de Deus. Pag. 16
[5] Para uma melhor compreensão do termo teleológico, Nancy Pearcy afirma: “Mesmo que o mundo esteja decaído e quebrado pelo pecado, ele ainda fala de seu Criador. Podemos “ler” os sinais da existência e dos propósitos de Deus na criação. A isso chamamos visão teleológica da natureza, do grego telos, que significa propósito ou objetivo. É evidente que as coisas vivas estão estruturadas para um propósito: olhos para ver, ouvidos para ouvir, barbatanas para nadar e asas para voar. Cada parte de um órgão é delicadamente adaptada aos outros, e todas interagem de maneira coordenada e com um objetivo de alcançar propósito do todo. Esse tipo de estrutura integrada é a marca registrada do design – plano, vontade, intenção.” Ibid. Pag. 23
[6] Nancy Pearcey, Ama teu corpo: contrapondo a cultura que fragmenta o ser humano criado à imagem de Deus Rio de Janeiro: Casa Publicadora das Assembleias de Deus. Pag. 26
[7] Termo apresentado por Hans Walter Wolff, em seu livro Antropologia do Antigo Testamento.
[8] Termo apresentado por Hans Walter Wolff, em seu livro Antropologia do Antigo Testamento.
[9] Hans Walter Wolff, Antropologia do Antigo Testamento. São Paulo: Editora Hagnos. Pag. 255
[10] Mateus 19.4-6; 1 Coríntios 6.16; Efésios 5.31; 1 Pedro 3.6
[11] Homossexualismo, bissexualidade e transexualismo são claramente apresentados pelas Escrituras como distorções da sexualidade (1 Co 6.9; 1 Tm 1.10; Dt 22.5).
[12] D.A. Carson. Comentário bíblico Vida Nova. São Paulo, SP: Vida Nova. Pag. 104
[13] “Vocês não sabem que aquele que se une a uma prostituta é um corpo com ela? Pois como está escrito: "Os dois serão uma só carne" 1 Coríntios 6.16
[14] Bestialidade: contato sexual com animais (Êx 22.19; Lv 18.23; Dt 27.21).
[15] Nancy Pearcey, Ama teu corpo: contrapondo a cultura que fragmenta o ser humano criado à imagem de Deus Rio de Janeiro: Casa Publicadora das Assembleias de Deus. Pag. 133
[16] Hans Walter Wolff, Antropologia do Antigo Testamento. São Paulo: Editora Hagnos. Pag. 263
[17] Estupro: forçar o relacionamento sexual sobre uma pessoa, sem consentimento da pessoa agredida (Dt 22.25; Jz 19.25; 20.3-5,12; Gn 19.5). O código penal define o estupro como: “ato de constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, a ter conjunção carnal ou a praticar ou permitir que com ele se pratique outro ato libidinoso”.
[18] 1 Coríntios 7.3-4
[19] 1 Coríntios 7. 2,5
[20] 1 Coríntios 7. 2-5; Provérbios 5. 18-20; Cantares 7.6, 11-12
[21] Hebreus 13.4; 1 Timóteo 4.1-4
[22] A relação de amor sobrepõe os aspectos jurídicos do casamento. “Mesmo nos textos jurídicos a relação de amor entre homem e mulher, absolutamente não tem um papel secundário; pelo contrário, foi ela que, em grande parte, ensejou seu surgimento, como prova a reivindicação de amor de uma escrava em Êxodo 21.7-11 ou a rejeição da preferência dada aos filhos de uma mulher amada em detrimento daqueles de outra que foi postergada (em Dt 21.15-17)” _ Hans Walter Wolff, Antropologia do Antigo Testamento. São Paulo: Editora Hagnos. Pag. 260
As Escrituras
Sobre este Plano
Qual a sua definição de riqueza? Qual o seu estereótipo de sucesso e realização? Em nome da busca pela riqueza, muitos acabam desprezando (ou deixando para segundo plano) o seu relacionamento com Deus e a importância da família. O assunto desse plano de leitura é de extrema importância, quando pensamos sobre o contexto da família. Veremos o que a Escritura tem a nos dizer sobre o casamento, a sexualidade, a administração dos nossos recursos, a educação dos filhos etc, à luz do evangelho.
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