Maravilhoso nome

No dia em que o anjo anunciou a Maria o nascimento do menino, também revelou-lhe o nome que Ele deveria receber: “Darás a Ele o nome de Jesus... Ele será grande e será chamado Filho do Altíssimo; o Senhor Deus lhe dará o trono de Davi, seu pai, e Ele reinará eternamente.” (Lucas 1: 31-35) Em sonho, o anjo também falou a José, acrescentando: “Ele será chamado Jesus, pois salvará o seu povo dos seus pecados.” (Mateus 1:21-23)

As profecias já indicavam os títulos que Ele receberia. No livro do profeta Isaías, Ele é chamado Emanuel, Maravilhoso Conselheiro, Deus Forte, Pai da Eternidade, Príncipe da Paz. Esses nomes expressam tanto a Sua presença divina entre nós como o Seu papel como Rei e Salvador.

Para os judeus, o nome carregava um profundo simbolismo, representando um evento ou característica marcante. O nome “Jesus” por si só é um evangelho. Sua beleza e profundidade foram bem expressas por São Bernardo: “O nome de Jesus é mel na boca, melodia aos ouvidos e júbilo ao coração.” Em seus diversos títulos, Ele responde a todos os anseios humanos, revelando uma personalidade plena de excelência e majestade.

Jesus é simultaneamente o Deus-Homem e o Homem-Deus. Ele é o Verbo que se fez carne, e ao tomar a forma humana tornou-se “Filho do Homem” sem deixar de ser o “Filho de Deus.” Sendo verdadeiramente Deus e homem, Ele se tornou o Redentor do mundo. Não apenas Emanuel (Deus conosco), mas Jesus (Salvador) e Cristo (Rei). Como homem, pôde assumir a tarefa de redimir; como Deus, realizou a redenção. Carregou a iniquidade humana e apresentou-se diante do Pai para quitar a dívida de todos.

A lei, transgredida pelo ser humano, exigia sofrimento; a ofensa infinita exigia reparação infinita. O ser humano poderia sofrer, mas não satisfazer essa exigência; Deus poderia satisfazer, mas não sofrer. Portanto, a salvação só poderia ser realizada por alguém que fosse simultaneamente Deus e homem. Jesus, o Filho do Homem, veio “não para ser servido, mas para servir e dar a sua vida em resgate por muitos.”

Porém, essa união hipostática em Jesus Cristo mantém a distinção entre Sua divindade e humanidade, preservando as faculdades e ações próprias de cada natureza. Como mostram os Salmos messiânicos e a profecia de Isaías, o Ideal Humano tornou-se realidade na pessoa de Jesus, o segundo Adão, que veio sem a mancha do pecado original, nascendo de uma virgem.

Para purificar a humanidade de sua corrupção e revogar a condenação universal, o Redentor precisava ser totalmente puro. Assim, a concepção de Jesus foi tanto natural quanto miraculosa, unindo linhagem humana com uma origem singular e divina. Historicamente, Ele descende de Davi, mas inicia uma nova linhagem espiritual: a dos que creem, obedecem e são salvos.

Ele é também o “Príncipe da Paz.” De linhagem davídica, é identificado como o Rei cujo domínio será eterno. No entanto, Ele sempre esclareceu: “Meu reino não é deste mundo,” (João 18:36-38) contrariando a expectativa judaica de um reino político e temporal. Seu reino é espiritual e eterno.

“Ele reinará eternamente,” disse o anjo, destacando Sua natureza teantrópica. Ele veio para reinar nos corações daqueles que O aceitam como Salvador e pertencem ao Seu reino, que, segundo Isaías, é glorioso, pacífico e eterno. Enquanto os reinos do mundo oscilam, prosperam, atingem o ápice e decaem, o reino de Cristo permanece imutável e eterno, alheio às mudanças e limitações do mundo.

A expansão do Seu reino foi realizada pelo testemunho e fé dos discípulos, regada pelo sangue dos mártires e fortalecida pela coragem dos missionários, arautos do Evangelho e embaixadores da Paz.

Gloria in excelsis deo

Aqueles simples pastores, parte de uma classe humilde e pobre, da qual também fazia parte o rei Davi, que um dia cuidara de suas ovelhas nessas mesmas montanhas e longes desertos, foram os primeiros a receber o anúncio do grande evento. A eles, em uma mensagem gloriosa e esplendorosa, foi dita:

"Não temais, pois vos trago novas de grande alegria..." (Lucas 2:10-11)

Não foram os grandes da terra, nem os escribas e fariseus, que se dedicavam a ensinar e interpretar a lei e as tradições, os primeiros a receber a auspiciosa notícia do nascimento do Senhor. Mais tarde, esses mesmos homens mostrariam-se indignos de ouvir a mensagem de esperança e consolo.

Um evento de tal solenidade só poderia ser anunciado com sons festivos e na eloquência de uma protofonia celestial. Naquela noite jubilosa, o coro angelical entoou o cântico novo e singular:

"Glória a Deus nas alturas, paz na terra, boa vontade entre os homens." (Lucas 2:14)

Era como se Deus celebrasse a chegada de Jesus ao mundo, assegurando que o ser humano não teria desculpas para ignorar a notícia de Sua vinda.

Provavelmente era inverno, e os pastores vigiavam o rebanho destinado ao serviço sacrificial. Em meio ao frio da noite escura, seus corações se aqueceram com o brilho celestial, e seus ouvidos ouviram uma música divina — uma mensagem de alegria e esperança. Perplexos, contemplaram uma visão esplêndida: a apoteose do encontro entre céu e terra, quando o Filho de Deus se fez Filho do Homem.

O cântico "Gloria in excelsis Deo" representa o epílogo de um dos mais encantadores dramas da história, enquanto o "Benedictus" e o "Magnificat" são o seu prólogo.

Assim, este cântico é, em si mesmo, um evangelho — o singular Evangelho de Natal — proclamado pelos anjos. Exalta a pessoa de Jesus, vaticina a profundidade e o alcance de Seus ensinamentos sagrados e celebra a esperança que Ele trouxe ao mundo.