A Esperança do RedentorSample
Prelúdios do Natal
Tão elevado foi o Natal do Senhor que este evento se revestiu de glória com hinos e celebrações.
Dois cânticos introduzem o momento e um terceiro forma seu admirável epílogo: o Benedictus de Zacarias (Lucas 1:68-79) , o Magnificat de Maria (Lucas 1:46-55) e o Gloria in excelsis Deo dos Anjos (Lucas 2:14).
Embora o cântico de Zacarias esteja ligado ao nascimento de João Batista, ele também se relaciona com os eventos do Natal, pois faz parte da preparação para a presença divina. O cântico menciona ainda Jesus, a “Aurora do Alto”, cujos caminhos seriam aplainados pelo precursor e arauto, em uma missão honrosa ao preparar a recepção do Rei vindouro.
Isabel, mãe do profeta-predecessor, recebe a visita de sua prima, a quem caberia a honra singular de uma maternidade sem igual.
Essas duas mulheres, tão grandemente agraciadas, regozijam-se mutuamente: uma será a mãe do Senhor e Rei; a outra, a mãe do precursor do Rei. Trocam saudações, e Isabel proclama uma bênção — também um cântico de louvor — para Maria, a quem considera bem-aventurada, e para o filho que ela está para receber.
Em resposta, Maria pronuncia seu cântico:
“Minha alma engrandece ao Senhor, e o meu espírito se alegra em Deus, meu Salvador, pois Ele contemplou a humildade de Sua serva. Desde agora, todas as gerações me considerarão bem-aventurada, porque o Todo-Poderoso fez grandes coisas em meu favor; Santo é o Seu nome. A Sua misericórdia estende-se aos que O temem, de geração em geração. Com Seu braço, realizou feitos poderosos; dispersou os soberbos no pensamento de seus corações. Derrubou dos tronos os poderosos e exaltou os humildes. Encheu de bens os famintos e despediu os ricos de mãos vazias. Socorreu Israel, Seu servo, lembrando-se de Sua misericórdia, como prometera aos nossos pais, a Abraão e à sua descendência, para sempre.” (Lucas 1:46-52)
Esse cântico expressa profundamente as emoções e experiências pessoais de Maria. Ele está impregnado dos ideais da esperança messiânica e revela o profundo conhecimento que Maria possuía da história de seu povo e das grandes promessas de Deus. É um hino de devoção, louvor jubiloso e imensa gratidão; ao mesmo tempo, destaca-se pela proclamação de uma santa e rara humildade, refletindo a profundidade de seus pensamentos e a sublimidade de seus sentimentos.
A exigência teológica e moral de que Jesus tivesse um nascimento virginal exigiu duas comunicações: o anúncio a Maria por um mensageiro celestial, o anjo Gabriel, e o anúncio a José, por meio de sonhos.
Essas anunciações serviriam para evitar surpresas e perplexidades, orientando o comportamento de José e Maria, comprometidos em casamento. Foi necessária a intervenção divina para que a natividade fosse garantida como um evento ocorrido dentro de uma família e, ao mesmo tempo, um fato de origem celestial, situado na economia divina dos milagres.
A Plenitude dos Tempos
A esperança pelo Messias inspirou profundamente o povo israelita e transcendeu as fronteiras étnico-religiosas, inspirando as tradições mais belas de outros povos.
Contudo, ao longo do tempo, a promessa do Redentor não se concretizou tão prontamente quanto se esperava, pois Deus não se submete às limitações do tempo nem depende de suas contingências. O propósito divino para a humanidade requer a cooperação humana. Para que as antigas promessas e expectativas se realizassem, era necessário aguardar a "plenitude dos tempos", ou seja, a preparação do mundo e de um ambiente adequado para a vinda do Cristo encarnado. O apóstolo Paulo expressa isso da seguinte forma:
"Vindo a plenitude dos tempos, Deus enviou Seu Filho, nascido de mulher, nascido sob a lei, para remir os que estavam debaixo da lei, a fim de recebermos a adoção de filhos." (Gálatas 4:4-7)
Assim, torna-se evidente que Deus conduz o curso da história em parceria com o fator humano e em conformidade com Seu propósito eterno, delineando o destino da humanidade.
Nota-se, portanto, que Deus preparou a redenção, mas também precisou preparar o homem para aceitá-la. Como afirmou um notável teólogo: "Quando Jesus veio ao mundo, a humanidade estava completamente desamparada e sem esperança de salvação. O advento de Jesus foi como o surgimento da luz em meio às trevas. O ser humano, tanto individual quanto coletivamente, reconhecia a necessidade de salvação, assim como sua incapacidade de alcançá-la por si mesmo. Ao mesmo tempo, porém, o homem e a humanidade estavam espiritualmente, socialmente e culturalmente preparados para receber e propagar a salvação oferecida por Deus em Cristo Jesus."
Essa preparação do mundo envolveu aspectos espirituais, intelectuais e físicos, e os pontos de convergência dessas três esferas foram os Hebreus, os Gregos e os Romanos. "O encontro dessas três linhas no cumprimento dos tempos, foi a preparação do mundo para a vinda de Cristo e portanto tornou-se o grande ponto central o fruto do seu passado e a semente do seu futuro."
A pessoa de Jesus Cristo tornou-se o ponto central de todas as reflexões humanas. Sua religião penetrou o coração das pessoas como bálsamo para consolar os aflitos. Uma religião de comunhão e fé, não apenas um sistema legal ou ético, nem um conjunto de costumes ou tradições étnicas, mas uma fé onde Cristo é o centro, o autor, o consumador, o alvo, o mediador, o Salvador, o Senhor e o Rei.
Um cristianismo capaz de resolver todos os problemas da alma, assim como os desafios político-econômico-sociais, desde que haja observância de seus mandamentos.
Exatamente no tempo em que Jesus nasceu, as civilizações hebraica, grega e romana estavam em perfeita conjunção.
O povo hebreu contribuiu com a dimensão espiritual. Foi o povo que Deus escolheu para manifestar Sua misericórdia divina e, por meio dele, torná-la conhecida a todos os povos da terra.
Os Gregos contribuíram com as condições intelectuais. Nunca houve, na Antiguidade, um povo de cultura mais vibrante, de pensamento mais elevado, expressado através da literatura, das artes, da filosofia e da eloquência. A língua grega prevaleceu sobre todas as outras e tornou-se comum em todo o mundo conhecido, constituindo o veículo das verdades eternas do cristianismo.
A difusão dessa cultura helênica e a propagação do evangelho do Filho de Deus foram facilitadas pela contribuição do povo romano, que supriu as condições físicas. Com seu gênio político e expansionista, o Império Romano estabeleceu uma vasta rede de comunicações rápidas entre a metrópole e os diversos pontos de seus domínios.
Assim, qualquer evento significativo, mesmo em um ponto remoto da vasta colônia romana, teria repercussão em todo o Império. O Natal de Cristo, fato tão extraordinário e sublime, bem como as verdades supremas do cristianismo que dele decorreram, espalharam-se por todo o Império, alcançando até mesmo a metrópole.
Na Palestina, centro geográfico do mundo antigo, ocorreu o Bendito Natal, quando nasceu Aquele cujo advento se tornou o ápice de toda a história anterior e o ponto de partida de toda a história futura.
About this Plan
Este devocional foi adaptado do livro "Panoramas do Natal", assinado por S. J. Ribeiro, de 1962. Algo interessante sobre ele: ano passado, nós da FABAPAR, procuramos um conteúdo natalino em nossa biblioteca (com mais de 35 mil títulos). Nos deparamos com esse livro raro, cujo autor não encontramos. Uma obra misteriosa com um texto inspirador e biblicamente profundo. Adaptamos o texto e a linguagem e esse conteúdo agora está em suas mãos! Esperamos que você aproveite e renove suas esperanças em nosso amado Redentor. Se você tem informações sobre o autor, por favor entre em contato conosco! Feliz Natal!
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