A Esperança do RedentorSample
O Lugar do Natal
Belém é o local mencionado no livro do profeta Miquéias como o cenário onde ocorreria o extraordinário milagre anunciado:
“E tu, Belém-Efrata, pequena entre as milhares de Judá, de ti sairá aquele que será Senhor em Israel.” (Miqueias 5:2-4)
Essa pequena cidade localizava-se a pouco mais de dez quilômetros ao sul de Jerusalém, numa região montanhosa, a uma altitude de aproximadamente oitenta e nove metros, sobre uma encosta alongada.
A história de Belém remonta ao patriarca Jacó e inclui figuras ilustres como Rute e Boaz, Obede e Jessé. Ela ficou conhecida como a “cidade de Davi”, já que esse notável rei era filho de Jessé e tinha suas raízes nesse local.
Foi então que o imperador romano César Augusto decretou um censo geral em todo o vasto império. O reino da Judéia, um estado vassalo sob o governo de Herodes, o Grande, estava sujeito a participar dessa operação censitária, mesmo que isso ferisse o orgulho e os sentimentos do povo judaico.
Conforme as leis romanas, todos deveriam ser registrados em seus locais de origem. Assim, o census identificaria cada habitante pela linhagem e pela casa de sua família. Segundo o costume judaico, o povo deveria ser registrado de acordo com as tribos, famílias e a casa de seus pais. Como, no entanto, as dez tribos não haviam retornado à Palestina, o registro tribal era limitado, sendo mais prático que cada um se apresentasse “em sua própria cidade”.
Foi em obediência a esse censo obrigatório que José e Maria realizaram uma longa viagem de cerca de cento e quarenta e oito quilômetros, desde Nazaré, no norte, onde viviam, até Belém-Efrata, no sul, sua terra de origem.
Belém estava repleta de pessoas de diferentes regiões que haviam chegado para se registrar. Hospedava, naquele dia, pessoas de todas as classes sociais: soldados e funcionários públicos, comerciantes, artesãos, sacerdotes e o povo em geral, superlotando as hospedarias da cidade. Não restando outro lugar disponível, o único espaço onde o santo casal pôde se alojar foi aquele destinado ao recolhimento dos rebanhos.
Panoramas do Natal
Ao chegarem a Belém, completaram-se os dias para o nascimento do menino Jesus, que veio ao mundo numa estrebaria. Foi colocado de maneira humilde entre panos simples e, talvez, sobre as palhas que forravam e aqueciam o fundo de uma manjedoura.
Assim, “o mais extraordinário de todos os nascimentos é narrado sem comentários e com tamanha singeleza que comprova sua veracidade”.
De fato, o mais extraordinário de todos os nascimentos e o evento mais grandioso na história da humanidade: o Filho de Deus se fez Filho do Homem; o Verbo se fez carne.
“Na verdade”, como disse Rousseau, “o Evangelho tem caracteres de verdade tão profundos, tão comoventes, tão perfeitamente inimitáveis que o próprio inventor seria mais admirável que o herói”.
Belém — “Bethlehem”, que significa “casa do pão” — recebeu este nome devido à grande produção de trigo em sua região fértil. Pequena cidade, mas extremamente exaltada, pois nessa “casa do pão” nasceu o pão vivo que desceu do céu, o pão eterno que concede vida eterna àqueles que dele se alimentam, por meio da fé e da confiança.
No quadragésimo dia, o santo casal levou o menino ao templo, onde, como pobres e em conformidade com a lei, ofereceram um par de pombas, conforme narram os Evangelhos.
Lá estava o ancião Simeão, que tomou o menino em seus braços e proferiu o seguinte oráculo, como um piedoso profeta:
“Agora, Senhor, despede em paz o teu servo, segundo a tua palavra; porque os meus olhos já viram a tua salvação...” (Lucas 2:29-30)
Sim, ele segurava em seus braços o Bendito Filho de Deus, a própria Salvação de Deus, o Evangelho na sua grande síntese.
A Data
O Natal de Jesus é comemorado em 25 de dezembro, embora essa celebração só tenha se consolidado a partir do quarto século. Em 386, São João Crisóstomo já mencionava em uma homilia que as igrejas do Ocidente haviam escolhido essa data para a festa natalina, enquanto no Oriente a data ainda oscilava entre janeiro e maio, frequentemente coincidindo com a festa da Epifania, que teve origem no segundo século e é celebrada em 6 de janeiro.
A razão exata para a escolha de 25 de dezembro como data do Natal não é completamente conhecida. Existem várias tentativas, nem sempre convincentes, de justificar essa escolha. É provável, no entanto, que o objetivo fosse contrapor-se ao culto pagão do Sol, que também era celebrado nesse período. O Natal então marcaria o nascimento do verdadeiro “Sol”, o Sol da Justiça, cuja grandeza e poder emanam luz e esperança sobre o mundo, aquecendo as almas com o calor do evangelho e o poder de Deus.
Vale notar que o período do Natal ocorre próximo ao solstício de inverno no Hemisfério Norte, quando os dias começam a se tornar gradualmente mais longos. Santo Agostinho alude a essa mudança ao citar a passagem do Evangelho em que João Batista declara sobre Jesus: “É necessário que Ele cresça e eu diminua.” (João 3:30) João Batista nasceu em junho, quando a luz do dia diminui, enquanto Jesus nasceu em dezembro, quando a luz cresce.
Essa associação poética é uma bela metáfora para ilustrar a realidade de Jesus como Sol divino: não uma figura mítica, como alegam alguns racionalistas, mas o centro de atração de toda a esperança e expectativa da humanidade.
Independentemente da data, Jesus é o Sol divino que veio iluminar as almas, “a luz do mundo” e o “oriente do alto” — oriens ex alto, como Zacarias proclama em seu cântico. O evangelista Mateus, citando Isaías, enfatiza essa luz divina ao escrever:
“A terra de Zabulon e a terra de Naftali, o caminho do mar, além do Jordão, a Galileia dos gentios; o povo que estava assentado em trevas viu uma grande luz; sim, aos que estavam assentados na região da sombra da morte, a estes a luz raiou.” (Isaías 9:1-8)
About this Plan
Este devocional foi adaptado do livro "Panoramas do Natal", assinado por S. J. Ribeiro, de 1962. Algo interessante sobre ele: ano passado, nós da FABAPAR, procuramos um conteúdo natalino em nossa biblioteca (com mais de 35 mil títulos). Nos deparamos com esse livro raro, cujo autor não encontramos. Uma obra misteriosa com um texto inspirador e biblicamente profundo. Adaptamos o texto e a linguagem e esse conteúdo agora está em suas mãos! Esperamos que você aproveite e renove suas esperanças em nosso amado Redentor. Se você tem informações sobre o autor, por favor entre em contato conosco! Feliz Natal!
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