Reconstruindo o Lar: um Estudo em NeemiasSample
Por que cristãos deveriam nadar contra a corrente da cultura?
Minha esposa Grace e eu estamos no ministério juntos desde que nos casamos, sempre em cidades maiores, tendo até mudado de cidade algumas vezes em resposta ao chamado de Deus. Conhecemos muitas famílias do ministério, incluindo missionários internacionais que já fizeram a mesma coisa. Para quem não é cristão, a ideia de levar sua família inteira para uma cidade grande onde você conhece pouca gente, se alguém, na esperança de que vai conseguir arrumar a vida para sua família e ministrar para outros, pode soar louca. Desde os dias de Abraão e Sara até hoje, isso é exatamente o que Deus pede a algumas pessoas do seu povo. Vemos a mesma coisa acontecer em Neemias 11 por pelo menos seis razões.
Primeira, as cidades são estratégicas para o plano de Deus para o mundo. Enquanto precisa haver igrejas fiéis onde quer que haja pessoas, cidades e seus arredores têm importância estratégica. Sociólogos como James Davison Hunter, mostraram que a cultura flui das áreas urbanas onde o governo, a educação, a saúde, a informação, o entretenimento, o comércio e a indústria estão concentrados. Uma área urbana é marcada por densidade e diversidade. De acordo com algumas estimativas, mais da metade da população mundial vive em cidades, e mais de dois terços dos cidadãos americanos vivem em algum tipo de cidade. A Bíblia começa com um jardim e o mandato cultural de construir cultura, que resultaria em cidades. A Bíblia termina com a revelação da cidade celestial de Nova Jerusalém, um paraíso urbano para o povo de Deus.
Embora precisemos de igrejas e ministérios em áreas rurais, as cidades são centros estratégicos de onde enviamos ministérios e reunimos pessoas.
Segunda, alguns cristãos deveriam intencionalmente viver em cidades maiores por causa da importância estratégica. É exatamente o que aconteceu no tempo de Neemias quando cerca de 10 por cento da população foi escolhida por Deus através do sorteio para determinar quem deveria se deslocar para a cidade para fins missionários. Aqueles que se mudaram para a cidade, ocuparam os bairros onde suas famílias haviam morado em gerações passadas. Hoje em dia, seria como várias famílias tomarem a responsabilidade de serem missionárias em seus bairros e manterem esse ministério para a próxima geração.
Terceira, cristãos que vivem em cidades deveriam amar a cidade inteira e servir o bem comum. Cristãos e igrejas em cidades devem viver como Jesus ensinou, como uma cidade dentro de outra cidade, cujas crenças e comportamentos são contrários aos da cidade para que o Reino seja o exemplo de como seria uma cidade verdadeiramente boa sob o comando do Rei Jesus. Isso acontece quando nossas crenças e comportamentos são guiados pelas Escrituras, para que a maneira como lidamos com assuntos como gênero, sexo, trabalho, dinheiro, poder, família e prazer seja diferente, ou santa.
Quarta, cristãos urbanos vão pagar um preço. As cidades tendem a ser estatisticamente não-cristãs e também estão cheias de pessoas que são abertamente não-cristãs e, portanto, deve-se esperar oposição e críticas. O pecado também tende a estar concentrado em cidades por causa do anonimato que elas oferecem às pessoas. Por último, cidades são caras, principalmente para famílias com filhos.
Quinta, cidades valem o esforço de alcançar porque estão maduras para o evangelho. Apesar das dificuldades óbvias na realização do ministério urbano, que acontecem desde o tempo de Neemias até hoje, existem muitas razões, incluindo as seguintes, que fazem valer o esforço:
- Jesus disse que a seara era grande, mas os trabalhadores eram poucos, e isso se aplica especialmente às cidades.
- Como a cidade tem uma concentração maior de pecado, é exatamente o lugar onde o evangelho do perdão deve ser mais facilmente entendido.
- Como a cidade é mais aberta a mudanças do que áreas mais tradicionais, as pessoas podem estar mais abertas a mudanças como a conversão a Cristo.
- Como as cidades dificultam para as grandes igrejas, as novas oportunidades de ser um campus múltiplo e uma igreja plantadora de igrejas que envia congregações para várias partes da cidade é uma oportunidade para os cristãos se espalharem em missão, como no tempo de Neemias.
- Como as cidades são caras e menos caridosas, a generosidade de cristãos fiéis é uma demonstração muito visível das suas verdadeiras prioridades e do amor que têm por Jesus e pela cidade.
- Começando em uma cidade, áreas periféricas e até o mundo pode ser alcançado.
- A alta concentração de inovadores, líderes emergentes e pessoas altamente criativas nas cidades significa que a conversão deles resulta na evolução da igreja.
Sexta, o próprio Jesus deixou o Céu para demonstrar para nós como podemos ser missionários em nossas cidades. No evangelho de João, Jesus nos diz, não menos do que 39 vezes, que Ele era um missionário do Céu que veio ministrar encarnacionalmente (literalmente Deus “em carne”) em uma cultura terrena.
Além disso, Jesus também nos manda ser missionários na cultura como Ele foi, dizendo em João 17:18: “Assim como tu me enviaste ao mundo, também eu os enviei ao mundo”. Ele também disse em João 20:21: “Assim como o Pai me enviou, eu também envio vocês”.
Para fechar, quero compartilhar com você um exemplo histórico do que acontece quando os princípios de Neemias são aplicados na prática em uma igreja plantadora de igrejas em uma cidade. Por volta de 1550, João Calvino viu a população de sua cidade, Genebra, dobrar por causa dos cristãos que vieram fugindo da perseguição. Um daqueles refugiados era o britânico John Bale, que escreveu: “Genebra me parece um incrível milagre do mundo. Pois tantas pessoas de todos os países vêm para cá, por assim dizer, para um santuário. Não é incrível que espanhóis, italianos, escoceses, ingleses, franceses e alemães, com costumes, línguas e aparências diferentes possam viver de maneira tão amável e amigável, juntos como uma… congregação cristã?”
Em Sua providência amável, Deus fez com que Genebra se tornasse um campo de treinamento de curto prazo para missões urbanas. Cristãos de várias culturas viveram juntos sob os ensinamentos de João Calvino e tinham que determinar o que receber, rejeitar e resgatar de suas culturas para contextualizar o evangelho efetivamente e evangelizar.
Depois de terem um treinamento teológico e uma experiência missiológica tão incríveis, muitos dos cristãos voltaram para suas culturas quando a perseguição acabou. O resultado foi uma explosão de disputas, contextualização e plantação de igrejas. Em 1555 havia apenas cinco Igrejas Protestantes discretas na França, mas em 1562, 2150 igrejas haviam sido plantadas, totalizando cerca de três milhões de pessoas. Além disso, algumas das igrejas eram muito grandes, tendo de 4 a 9 mil pessoas presentes.
Além de tudo, missionários plantadores de igrejas também foram enviados por Calvino para a Itália, Holanda, Hungria, Polônia e as cidades-estado imperiais livres na Renânia. O Oceano Atlântico até foi cruzado por missionários plantadores de igrejas que Calvino enviou para a América do Sul, onde hoje é o Brasil, muitas vezes começando em cidades e espalhando para as outras regiões e nações.
Reflexão:
Quais são as maiores necessidades que só o evangelho e a fé cristã podem suprir no lugar onde você mora?
Scripture
About this Plan
Neste plano de 13 dias, você estudará o livro de Neemias, que destaca a ideia de Cristo x cultura e a colisão entre Deus e o governo. Esperamos que você aprenda a ser um líder cheio do Espírito e persevere no chamado de Deus para a sua vida, apesar da oposição dos outros.
More