Vem Pra Vida: uma Série de Devocionais sobre Saúde Mental e FéExemplo

Até quando, Deus?

Autor: André Felipe da Matta Pereira — Integrante da Coordenadoria Vem Pra Vida da JBB

"Até quando, Senhor?" Essa é a pergunta do salmista, do homem segundo o Seu coração: “até quando?”

Deus, essa é a indagação presa na garganta de Teu povo. Frustração e angústia nos seguem dia após dia, esse é o verdadeiro vale da sombra da morte.

Responda o meu clamor, ó Senhor! Olhe para mim e responda. Tu és o Deus Todo-Poderoso, não há o que fuja do Teu controle, então por que prolongas o meu sofrimento?

Neste caminho escuro percebo que não há em mim segurança alguma, fui quebrado e pisado pelos meus inimigos. No meu íntimo me deparo com toda a minha fraqueza, vejo quem realmente sou, sem mais as vestes do orgulho me cobrindo.

Sem mais lugar em mim para me esconder, ouço uma voz que há pouco quase havia esquecido. Uma promessa que até então era apenas letra de uma linda canção.

Em meu vazio reconheço a necessidade da Tua graça. O "até quando?" do meu coração é consolado pela eternidade de Tua Palavra.

Quantas vezes não nos deparamos com um sofrimento e não conseguimos pensar em outra coisa além de questionar o Senhor? Fazer das palavras de Davi as nossas, perguntando a Ele até quando haverá tanta dor, tanta angústia. Seja ao olhar para dentro e sentir pressões que nos consomem, ou ao olhar para fora e ver a miséria humana se repetindo dia após dia.

A verdade é que o sofrer acompanha o amor. É impossível verdadeiramente amar aos outros e não ter empatia frente ao sofrimento alheio, não sofrer junto ao outro (Romanos 12.15). A Bíblia não nos esconde isso; vez após vez aponta a existência do sofrimento.

O problema maior: agimos como se já fôssemos perfeitos, sem ter espaço para sofrimento em nossas almas. Nós sofremos e precisamos aceitar essa realidade. Seja um sofrimento emocional, seja na perda de um ente querido, seja nas lutas diárias, nada disso deve ser escondido. Não é a inexistência do sofrer que nos torna cristãos, que nos faz mais parecidos com Cristo. A realidade é que só podemos ser consolados se primeiro expusermos essas feridas.

O salmista aqui nos ensina que o passar pelo vale não é não sentir, não se trata de ser forte e não ser atingido, ou de ter uma fé tão poderosa que não há complicações. Aqui vemos um coração exposto, uma ferida aberta sem qualquer tentativa de se maquiar, de parecer ao Senhor algo que não é. Davi nos mostra que precisamos reconhecer nossas feridas, nossas angústias, nem que seja ao questionar ao Senhor, pois não há ninguém melhor do que Ele para lidar com o nosso coração. Só assim poderemos experimentar verdadeiramente o conforto do Consolador.