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Mark Driscoll - Romanos: Teologia Para Todos (6-11)Sample

Mark Driscoll - Romanos: Teologia Para Todos (6-11)

DAY 9 OF 17

Um argumento comum contra a doutrina da predestinação é que ela leva a uma vida cristã sem coração, que não é motivada para evangelizar ou amar os não-cristãos. Infelizmente, em alguns casos esta crítica é merecida. Contudo, nos escritos de Paulo e em sua própria vida, a qual ele dedicou de todo o coração ao evangelismo e à plantação de igrejas, vemos um homem que crê tanto na predestinação quanto no evangelismo.

Em Romanos 9, Paulo fala de judeus que tinham tanto a bênção quanto a instrução de Deus e que, contudo, não vieram a conhecer e a amar Jesus como Paulo viera. Sob a inspiração do Santo Espírito de Deus, Paulo antecipa cinco perguntas que as pessoas em seus dias – e em todas as épocas desde então – têm feito. O restante de Romanos 9-10 é o esforço de Paulo para responder a cada uma destas perguntas sucessivamente.


Pergunta #1: Se tantos judeus não amaram Jesus, a Palavra de Deus falhou (Romanos 9:6)? 

Já que o povo judeu havia descendido de Abraão e desfrutava da provisão e instrução de Deus por tantas gerações, o fato de que muitos judeus, embora não todos, tenha rejeitado a Jesus, levanta a pergunta de se a Palavra de Deus, em última instância, falhou.

A Palavra de Deus não falhou e jamais falhará. Abraão tem três tipos de descendência. A primeira é a descendência física. A segunda é a descendência espiritual, que não é relacionada biologicamente, mas está relacionada pela fé mútua em Jesus Cristo. A terceira é a descendência física e espiritual, como o Apóstolo Paulo, que descende de Abraão tanto por nascimento quanto por novo nascimento. 

Para responder a esta questão, Paulo se volta para Gênesis 25. Lá nós lemos que o filho de Abraão, Isaque, teve dois filhos, que se tornaram o foco da atenção nos 12 capítulos subsequentes de Gênesis.

O conflito entre os meninos começou no útero, enquanto eles lutavam pela preeminência. Curiosa sobre o que estava ocorrendo no seu útero, Rebeca orou a Deus por discernimento, e Ele disse a ela que os meninos lutariam no decorrer das suas vidas. O mais velho serviria o mais novo, e cada menino cresceria até se tornar uma nação em conflito uma com a outra (Esaú tornou-se a nação de Edom, e Jacó tornou-se a nação de Israel).

O primeiro filho a nascer foi Esaú, que significa “cabeludo”, e ele também era chamado de Edom, que significa “vermelho”. Aparentemente, ele era uma criança vermelha e cabeluda, talvez como o Elmo da Vila Sésamo. O segundo filho a nascer foi Jacó, que significa “enganador”, e ele saiu do útero agarrando o calcanhar do seu irmão. Conforme os meninos cresciam, Esaú era o cara que caçava, comia sua caça e era o favorito do seu pai. Jacó era o filhinho da mamãe, que preferia ficar ao redor da casa e ser mimado por sua mãe.

Como o primogênito, Esaú tinha o direito de nascença da família, o que garantiria a ele uma dupla porção das posses do seu pai e o faria o cabeça da família quando da morte do seu pai. Isso também permitia-lhe receber uma bênção especial do seu pai. Um dia, Esaú voltou faminto para casa, e o seu irmão, Jacó, o enganador, conseguiu fazer Esaú trocar o seu direito de nascença por uma refeição. Neste relato, o irmão mais novo tirou o lugar do mais velho, como havia ocorrido previamente em Gênesis com Caim e Abel e Isaque e Ismael.

No âmago do pecado de Esaú estava a indiferença em relação à promessa da aliança de Deus de abençoar as nações através dos descendentes de Abraão, uma bênção que, em última instância, traria Jesus Cristo. Esaú levianamente recusou a aliança de Deus por uma refeição. Resumidamente, nenhum filho era particularmente santo, e ambos viviam como a maioria dos homens pecaminosos não-arrependidos vivem. Surpreendentemente, esta briga entre dois irmãos no útero continuou no futuro à frente. De fato, muitos anos depois ela alcançou o seu clímax, quando o Rei Herodes, um descendente de Esaú, buscou assassinar Jesus Cristo, um descendente de Isaque (1).  

Paulo, então, prossegue e argumenta que antes que Jacó e Esaú tivessem nascido, e antes que eles tivessem feito qualquer coisa boa ou má, em pura e predestinadora graça, Deus escolheu fazer que o irmão mais novo governasse sobre o mais velho e o suplantasse como o cabeça da família através da qual Jesus Cristo nasceria. Paulo cita Malaquias 1:2–3, que é uma fonte de grande controvérsia interpretativa. Alguns comentaristas afirmam que Malaquias está dizendo que Deus escolheu amar Jacó e odiar o seu irmão Esaú. Claramente, isto faz Deus parecer cruel e caprichoso, como se Ele estivesse jogando “uni, duni, tê”. Outros comentaristas afirmam, partindo da língua original, que a palavra odiar significa literalmente “passar por cima” ou “escolher não usar”, de modo que Deus escolheu trabalhar através de Isaque para trazer Jesus ao mundo, e escolheu não trabalhar através de Esaú. 

Por fim, olhando para o contexto do verso, outros comentaristas ainda argumentam que Paulo deixa de falar da seleção de Deus a respeito de Jacó em detrimento de Esaú em Gênesis, para falar dos seus descendentes em termos das nações de Israel e de Edom, as quais procederam destes homens, respectivamente. Eles argumentam ainda mais que nos dias de Malaquias, Edom pecaminosamente buscou destruir Israel; assim, o ódio de Deus por essa nação era justificado e não caprichoso, porque Ele estava respondendo ao ódio deles em direção ao Seu povo escolhido.

Seja qual for a conclusão de alguém sobre estas opções interpretativas, uma coisa fica clara: Deus, de fato, escolhe abençoar algumas pessoas e não outras, e Deus pode escolher abençoar algumas nações e não outras. A única coisa que Jacó e Esaú e Israel e Edom tinham em comum era a absoluta falha em merecer a graça de Deus em qualquer sentido. O fato de Deus dar graça a qualquer pessoa fala do quão maravilhoso Ele é para algumas pessoas merecedoras de desfavor – e não apenas não-merecedoras. 

Portanto, a resposta de Paulo à primeira pergunta é que, dentro do Israel físico, há um remanescente salvo pela graça, o qual é o Israel espiritual. Enquanto na superfície parece que Deus tentou redimir Israel e falhou, Paulo revela que Deus e o Seu evangelho não falharam. Isto é porque, enquanto Israel era predestinada por Deus para ser abençoada como uma nação, apenas alguns membros daquela nação – junto de alguns membros de outras nações – deviam receber a bênção da salvação através da escolha predestinada e soberana de Deus. Os seus exemplos de Jacó e Esaú, que vieram dos mesmos mãe e pai, servem como ilustrações de que, embora ambos fossem Israel físico, eles não necessariamente eram Israel espiritual. Mesmo que ambos tenham nascido na linhagem de Abraão fisicamente, apenas um nasceu de novo na linhagem de Abraão, espiritualmente. Paulo descreve este Israel espiritual encontrado dentro deste Israel físico: “Assim também nos dias de hoje sobrevive um remanescente segundo a eleição da graça” (2).


Reflexão:

Olhando para trás, para o modo que você se tornou cristão, como você enxerga que Deus o estava perseguindo e o escolheu antes que você respondesse com o seu novo coração, dado a você por Deus e através da fé? 

Já que Deus é soberano sobre os meios e os fins da salvação, por quem você pode orar, com quem pode falar, para quem pode comprar uma Bíblia e convidar para a igreja para que ela possa encontrar Jesus?


Notas:

(1) Mt 1:1–2; 2:13

(2) Rm 11:5

Scripture

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About this Plan

Mark Driscoll - Romanos: Teologia Para Todos (6-11)

Este plano de 17 dias o ajudará a mergulhar na profunda teologia de Romanos, dos capítulos 6 a 11, que aborda tópicos como eleição, predestinação e livre-arbítrio. Estes tópicos complexos são esmiuçados em explicações e perguntas práticas e aplicáveis para sua reflexão, tornando a teologia acessível a todos, seja você apenas um curioso a respeito da Bíblia, um novo convertido ou alguém que segue a Jesus há muito tempo.

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