COMO ORAR - O encontro surpreendente com o EternoExemplo

ORAÇÃO DE INTERCESSÃO
Ao ler o trecho acima, algumas perguntas me vem à mente: Como Jesus soube dos planos de Satanás? Como Jesus previu a reação negativa que Pedro teria? Como poderia Jesus estar seguro que Pedro iria voltar para ele após o ter negado? Esses questionamentos me levam a perceber que a intercessão de Jesus tinha um nível muito acima de todas as demais. Era certeira, profética, eficaz. Não jogava palavras ao ar. Não falava somente do presente, mas também do futuro. Era do tipo de intercessão que invade e rasga os céus. O texto revela algumas virtudes dessa intercessão de Jesus.
A intercessão eficaz discerne o mundo emocional e espiritual. No mundo emocional, o vacilo de Simão. No mundo espiritual, o ataque do inimigo. O texto começa com o que Jesus revelou: Simão, Simão, eis que Satanás pediu para peneirar vocês como trigo! Jesus começou essa conversa chamando-o de Simão, que significa “caniço, bambu, cana”. Assim como o caniço dobra-se facilmente diante dos ventos, Jesus já sabia o quanto Simão cederia facilmente perante pressões. Por isso mesmo, Jesus intercederia bravamente por ele. Jesus conhecia sua fragilidade, vulnerabilidade, medos, vacilos. Além disso, Jesus tinha claro discernimento do movimento do inimigo nas regiões espirituais. Não foi a primeira vez que demonstrou ter esse conhecimento. Após seu batismo, foi levado ao deserto onde foi tentado diretamente pelo diabo. Em outra ocasião, mostrou ter essa visão aberta do mundo invisível no regresso dos setenta discípulos, quando disse: Eu via Satanás caindo do céu como um relâmpago (Lucas 10.18). O ato de peneirar o trigo refere-se basicamente à prática de sacudir repetida, rápida e violentamente o trigo na peneira. Jesus sabia muito bem toda a luta por que passariam seus discípulos que seriam duramente confrontados, atacados, provocados, levados à dúvida, à negação, à fuga (João 15.20, 21). Satanás pessoalmente estaria envolvido na missão de destruir a Jesus e todos os seus seguidores.
A intercessão eficaz fortalece a fé do abatido. Jesus declarou: Eu, porém, orei por você, para que a sua fé não desfaleça. Sua intercessão reconheceu o que estava em risco: a fé de Simão. Orou de maneira focada e assertiva. Foi direto ao ponto. Orou por livramento, assim como tinha ensinado na conhecida oração do Pai nosso: não nos deixes cair em tentação; mas livra-nos do mal (Mateus 6.13). Orou por Simão o que logo mais estaria orando por todos nós, na conhecida oração sacerdotal: Não peço que os tires do mundo, mas que os guardes do mal (João 17.15). Em última instância, toda intercessão tem um toque de livramento e fortalecimento, salvação e sustento, cuidado e proteção.
A intercessão eficaz conquista a vitória. Jesus afirmou: E você, quando voltar para mim, fortaleça os seus irmãos. Não havia dúvida em seu coração que Pedro voltaria a ele. Aliás, duas expressões de Jesus preveem que haveria completa vitória na vida de Pedro. A primeira é a frase do Mestre “para que sua fé não desfaleça”, ou, em outras palavras, “para que sua fé prevaleça”. Ao passar tempo em oração, Jesus teve pleno conhecimento do que aconteceria a Pedro e aos discípulos e obteve a convicção de que, ao final, ele prevaleceria firme em sua fé e confiança em Deus. A segunda expressão “quando voltar para mim” pode ser traduzida como “uma vez que você tiver voltado aos seus passos”. Jesus também sabia claramente em seu coração que Pedro, depois de passar pela luta, voltaria aos caminhos do Senhor e fortaleceria seus irmãos na fé. A conversa ainda teria um segundo capítulo, não acabava por ali. Sua continuidade seria após a ressurreição, com a tríplice pergunta se Pedro o amava (João 21.15-19). Três seriam as negações. Três seriam as reafirmações. Cura completa haveria no futuro já prevista por Jesus. Primeiro era necessário que o amor fosse regenerado (Tu me amas?) para somente depois a missão ser apontada (Então cuida das minhas ovelhas). A vitória sempre tem o componente do resgate e também do propósito. O Senhor intercede por nós para que sejamos fortalecidos para fortalecermos aos outros.
A intercessão eficaz não nega e nem se desanima diante da realidade contrária. Jesus predisse: Eu lhe digo, Pedro, que hoje, antes que o galo cante, você negará três vezes que me conhece. Jesus começou a conversa chamando-o de Simão, mas terminou chamando-o de Pedro, relembrando a identidade daquele bem-aventurado que o tinha declarado como sendo o Messias (Mateus 16.17). Mesmo sendo tão enfático em sua afirmação, Pedro não reconheceu a seriedade do alerta, nem sua própria fraqueza. Ao contrário, respondeu que estaria pronto até para ser preso e morrer se fosse necessário. Pobre Pedro. Não acreditou que seria capaz de negar o próprio mestre quando fosse confrontado. Não se conhecia muito bem, muito menos a fragilidade de sua alma e a instabilidade de suas emoções. Pensava ser de ferro, mas era pura porcelana. Aparentava valentia, mas sua covardia ainda estava prestes a ser revelada. Falava alto e grosso, mas um choro de medo e desespero estava por invadir seu coração. Apesar de estar predizendo a trágica experiência pela qual Pedro passaria, Jesus não se faz de vítima. Preste bem atenção: Jesus está dizendo que intercederia por Pedro apesar de que Pedro teria uma atitude decepcionante e repreensível. Jesus mostra a maturidade plena desejável a todo intercessor que deve ter maior consideração pelo outro do que a si mesmo.
Jesus nos mostra que existe um nível de intercessão que se torna eficaz. Ele aponta o nível que viveu e também quer que vivamos. Isso me leva a pensar que quanto mais orar por outros, mais vou amá-los. Sim, se todos orassem pelos outros todos se amariam. Jesus não somente fez isso no passado, mas as Escrituras revelam que Jesus vive para interceder por nós ainda nos dias de hoje (Romanos 8.34; Hebreus 4.14, 15; 7.25; 9.24). As Escrituras também mostram que estamos assentados com Cristo nas regiões celestiais (Efésios 2.6) para o imitarmos em tudo (1 Coríntios 4.16; 11.1; Efésios 5.1; Filipenses 3.17; 1 Tessalonicenses 1.6; 2.14; 2 Tessalonicenses 3.7, 9). Somos, portanto, desafiados a praticarmos, como Jesus, a intercessão que rasga os céus. Como escreveu Walter Wink: a História pertence aos intercessores, que com sua crença moldam o futuro. Olha que ideia interessante: faça um diário de oração por outra pessoa e, após um tempo, entregue-o para ela. Aguarde a reação. Fica a dica prática.
As Escrituras
Sobre este Plano

Expressões como “pode orar por mim?”, ou “precisamos orar mais!”, via de regra, associam oração ao ato de pedir, interceder, clamar. De fato, pedir faz parte, mas está longe de ser tudo o que oração significa. Durante este plano, você será estimulado a ampliar sua experiência de oração à medida que ficar mais claro a anatomia da oração. Anatomia da Oração é a expressão que está sendo utilizada aqui na busca de se entender as partes que compõem uma vida de oração saudável. O plano foi inspirado no livro Como orar: o encontro com o Eterno, de Rodolfo Montosa.
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Gostaríamos de agradecer ao Editora Vida & Caminho por fornecer este plano. Para mais informações, visite: www.vidaecaminho.com.br