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Meu Pai é Deus

DIA 4 DE 4

No dia em que meu pai se foi

Hoje estou vivendo um dos dias mais difíceis da minha vida: a perda do meu pai. O que me resta agora é relembrar cenas dos bons momentos que passamos juntos e que sempre farão parte da minha vida. Assim, busquei na memória a cena que mais lembra meu pai e encontrei. Ele deitado com seu rádio preto sobre o peito escutando chorinhos, um estilo musical tipicamente brasileiro. Quase todas as noites ele me chamava para sentar ao lado da sua cama e também ouvir os maravilhosos choros brasileiros. Apesar de ser regente de coral, cantor de hinos em estilo norte-americano, ele sabia apreciar outros estilos. Esta cena está entre os momentos mais felizes da minha infância e adolescência.

Aprendi a amar e a tocar o violão com meu pai. Ele me ensinou os primeiros acordes, me ensinou a afinar o violão, a mão direita bem executada, o refinamento das harmonias, os solos, os vários ritmos. Aprendi tudo que pude com ele e parti em busca do meu caminho. Mas ainda tento tocar a guarânia com a mesma beleza que ele tocava.

Sempre que ouço um choro, uma valsa, lembro do pai. Aliás, cheguei a compor uma valsa em sua homenagem e tive a oportunidade de mostrar-lhe, e até a tocarmos juntos. Aliás, a primeira música que gravei na vida, fiz questão de convidá-lo para tocar o violão. Está lá, no meu primeiro álbum, a primeira faixa, aquele violão com o jeito único dele de fazer os baixos.

Outra cena que jamais sairá da minha mente é vê-lo ensaiar com a minha mãe após as vinte e duas horas, quando nós, os filhos, já estávamos na cama dormindo. Como esquecer as belas canções que eles cantavam. O Casal Quireza não existirá mais, mas a sua música permanecerá para sempre. Suas visitas, suas palavras, seu exemplo, seu modelo, sua persistência, enfim, seus frutos, continuarão a ecoar geração após geração, pois eles alcançaram centenas de pessoas para Jesus. No Céu, quando virem a contabilização do seu trabalho, verão que valeu a pena ter dedicado tantos dias e noites a divulgar o evangelho através da música.

Há seis meses, levei o pai para rever as velhas máquinas da Rede Ferroviária, local onde ele trabalhou por trinta e três anos e meio ininterruptamente. Diante de cada máquina ele contou a história de amigos que ali trabalhavam, mas que já partiram há muitos anos. Ele estava feliz, contudo, ao mesmo tempo, triste por ver depredado o local que ajudou a erguer e que fez história no nosso país. Percebi em meu pai a sensibilidade que falta aos nossos políticos.

Foi do seu trabalho na Rede Ferroviária que ele ganhou o suficiente para sustentar sua família. Criou seus filhos com dificuldades, mas honestamente. Formou três homens que souberam enfrentar a vida. Ele falou pouco, mas deu muito exemplo. Nunca vi alguém mais paciente com a esposa. Jamais o vi desrespeitando minha mãe, e jamais vi um marido mais companheiro em todas as situações. Nunca conheci alguém tão responsável com as suas contas e com as atividades da Igreja. Nunca vi alguém tão fiel à carreira cristã.

Lembro-me do dia em que recebi do pai o meu diploma de adulto pronto para enfrentar a vida. Há mais de vinte anos, quando eu completava um mês que estava no duro Curso de Formação de Sargentos do Exército Brasileiro, os treinamentos estavam tão intensos que eu achei que não suportaria, então liguei para ele pedindo socorro. Sei que estava com dor no coração e pronto para me receber de novo em casa, mas ele foi firme e disse: “termine seu curso, não volte atrás, vença na vida”. Daquele dia em diante me tornei um homem de verdade e venci na vida.

Há algum tempo eu sentia nele a solidão própria daqueles que vão perdendo todos os seus contemporâneos e fica só. Seus pais partiram há mais de 20 anos e o último irmão morreu há menos de um ano. Acuado pela inevitável realidade de ser o próximo, ia morrendo aos poucos, apesar da força e do entusiasmo para viver.

Há cerca de dois meses, assistimos à filmagem do culto do centenário da nossa igreja. Perdemos a conta de quantas pessoas daquela filmagem já partiram para a eternidade. E ele sempre dizia que, em breve, seria a vez de ele também partir. Eu desconversava, mas ambos sabíamos que, no fundo, era verdade, e que esse dia chegaria, quiséssemos ou não. De cada pessoa que partira tínhamos algo a dizer, a ressaltar. Seus olhos brilhavam ao falar de cada um num misto de tristeza e alegria. Parecia reencontrar velhos amigos que não via há anos, mas que em breve veria novamente. Hoje, creio, houve festa no Céu quando meu pai pôde reencontrar todos os seus amigos e festejar a sua gloriosa passagem pela vida terrena.

Dois dias antes de mudar para os Estados Unidos, pude abraçá-lo pela última vez. O Espírito Santo já me confortava dizendo que eu não o veria mais. Não imaginava que seria tão rápido – apenas 12 dias depois –, mas os desígnios de Deus são diferentes dos nossos.

Seu Sebastião deixou um rastro de brilho na história da nossa igreja, que usufruiu, por quase cinquenta anos, do seu diligente trabalho musical e administrativo. Calado, mas sempre presente, lembraremos dele como um servo que combateu o bom combate, completou a carreira e guardou a fé até o fim. Sou feliz por ter tido um pai tão incrível! Obrigado, Senhor, por essa dádiva!

As Escrituras

Dia 3

Sobre este Plano

Meu Pai é Deus

A Bíblia contém histórias de muitos pais. Alguns bem sucedidos, porém, outros nem tanto. Mas, todos, de alguma forma, marcaram seus filhos. O meu pai me marcou positivamente, graças a Deus, e tenho procurado também fazer o mesmo por meus filhos. Que estas mensagens o ajudem a compreender a visão dos seus pais, nas várias fases da paternidade, e aquelas que você mesmo terá que enfrentar como pai.

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Gostaríamos de agradecer ao Atilano Muradas por fornecer este plano. Para mais informações, visite: https://www.editoramuradas.com