Advento: de Onde Brota a EsperançaExemplo

Policromia

Um dos elementos distintivos da fé cristã reside no fato de que há um Deus que criou, sustenta e redime intencionalmente o mundo criado. Ele está pessoalmente envolvido com sua criação. Isso tem papel significativo para nossa espiritualidade e vocação, como mostra o Salmo 19, uma oração que reconhece a revelação de Deus nos dois livros da realidade: a natureza e as Escrituras.

Esse salmo nos mostra que a natureza responde às ordens e aos cuidados do Criador. Os mais belos, imponentes e exuberantes astros, como o sol, não têm autonomia própria, mas servem ao Senhor.

O texto diz ainda que o sol “sai de uma extremidade dos céus e percorre até a outra extremidade”. Dessa perspectiva, o autor usa de poesia para descrever a ação poética intencional do Criador de sustentar sua obra de arte. O salmista expressa seu maravilhamento.

O texto também manifesta a potência desse sol intencionalmente criado: “nada se esconde do seu calor”. Mas, enquanto criatura, ele não chama atenção para si, mas aponta para o domínio do Criador, que governa toda a realidade.

Ele nos lembra que as coisas criadas não são aleatórias. A natureza e a vida não são acidentes. Não! São planejadas, projetadas e executadas amorosamente pelo Senhor. A criação é um sinal dado pelo Criador, que revela seu poder generoso. E é também um sinal que nos recorda do Rei que a rege.

Uma das marcas distintivas dos escritos de Jonathan Edwards é seu olhar atento e apurado para a realidade, consciente de que ela foi criada por Deus e convicto de que ela está inteiramente permeada de intencionalidade. O autor defende que o que há de mais belo em nosso mundo é uma espécie de espelhamento da realidade espiritual.

Depois da queda, as consequências do pecado nos afastam de Deus e nos levam a enxergar o mundo em tons de cinza. Contudo, o mesmo Deus que deu vida à criação demonstrou seu amor também na encarnação. A Palavra que dirige toda a criação encarnou-se humildemente, devolvendo ao mundo criado a sua beleza, e a nós, a verdadeira vida. Agora, em Cristo, podemos enxergar o mundo em policromia: com mais vivacidade, cores, texturas e formas.

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Texto e arte: Kaiky Fernandez

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