Advento: de Onde Brota a EsperançaExemplo

Coragem e Alegria

Há pouco mais de dois mil anos, um anjo trazendo uma notícia divina bateu à porta de uma casinha humilde, numa cidade sem importância. O que ele disse mudou a vida de uma moça e, por consequência, a história de toda a humanidade: ela havia sido agraciada e seria mãe do Messias. Incrível, não é?

Maria era apenas uma menina (imagine a pressão de gerar e cuidar do Filho de Deus?) prometida a José (como explicar algo assim para seu futuro marido?), virgem (ninguém nunca havia engravidado sem ter relação sexual) e que poderia sofrer consequências graves, caso José a entregasse às autoridades. Uma combinação difícil, não é?

Ao pensar nessa situação improvável, lembrei-me de quando Deus chamou Moisés para libertar seu povo do Egito, e o herói da fé recusou o chamado cinco vezes, implorando a Deus que usasse outra pessoa. Maria, no entanto, depois do choque inicial e de entender como o plano seria posto em ação — porém com nenhuma das circunstâncias solucionadas —, disse: “Sou serva do Senhor; que aconteça comigo conforme a tua palavra” (Lc 1.38).

Lucas não menciona medo, dúvida ou vontade de fugir e passar a responsabilidade adiante, como vemos acontecer com tantos homens da Bíblia. Ecoando as narrativas de Rute, Débora e Raabe, que fé foi essa que creu numa promessa impossível? Que entrega foi essa que não considerou seu bem-estar, mas apenas desejava cumprir a vontade de Deus?

Maria não tinha calibre para a tarefa, assim como Moisés, Jonas, Davi e tantos outros. E nem nós temos. Somos todos inaptos para sermos coparticipantes da história que ele tem escrito desde o início dos tempos. Temos medo, nos sentimos desqualificados, imploramos para que outros sejam enviados. Maria, porém, nos mostrou outro caminho: ali, ela entendeu que realmente havia sido “agraciada por Deus” (Lc 1.30) e enfrentou o chamado com humildade, coragem e alegria.

Que assim como ela, nós possamos corajosa e alegremente caminhar na direção que Deus está nos chamando, descansando na certeza de que ele está no controle. Lembrando-nos, convictos, de que para Deus não há impossível e que somos agraciados por participar da sua história.

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Texto: Cris Amado

Arte: Pri Sathler

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