Os prazeres de DeusExemplo

O prazer de Deus na obediência pessoal e na justiça pública

Em primeiro lugar, Deus tem prazer na obediência, porque a desobediência mostra um direcionamento equivocado do temor. Por que Saul obedeceu ao povo em vez de obedecer a Deus? Porque temia o povo em vez de temer a Deus. Ele temia as consequências humanas da obediência mais do que temia as consequências divinas do pecado. Ele temia o desprazer do povo mais do que o desprazer divino. E esse é um grande insulto a Deus. Se nossa vida for guiada pelos mesmos temores dos incrédulos, segue-se que nós não consideramos Deus santo. Não o honramos e não o reverenciamos como maior do que todas as coisas. Quando ouvimos as promessas e confiamos nele com coragem, temendo a acusação lançada sobre Deus pela nossa incredulidade, aí então ele é grandemente honrado. E nisso ele tem prazer.

Em segundo lugar, Deus tem prazer na obediência, porque a desobediência demonstra um direcionamento equivocado do prazer. Saul tentou persuadir Samuel de que era nobre a intenção que o levou a desobedecer a Deus e a preservar vivo o melhor das ovelhas e dos bois (1Samuel 15.21). Ele disse que o povo queria sacrificá-los ao Senhor em Gilgal. Contudo, o Senhor tinha dado a Samuel a percepção do verdadeiro motivo de Saul e do povo. Quando Samuel diz, “Por que você se lançou sobre o despojo e fez o que era mau aos olhos do Senhor?”, ele quer dizer com isso que o povo foi impelido por um desejo presunçoso pelos prazeres proporcionados por toda aquela carne. Seu prazer era equivocado. Ele deveria estar voltado para Deus. No entanto, eles se deleitaram mais na carne de ovelhas e de bois do que no sorriso e na comunhão com Deus. Isto, é claro, é um grande insulto a Deus e, portanto, bastante desagradável aos seus olhos. Contudo, olhar as promessas de Deus e a perspectiva de sua presença maravilhosa, e se deliciar mais nisso do que nos prazeres fugazes da desobediência é uma grande honra para Deus. E nisso ele tem prazer.

Em terceiro lugar, Deus tem prazer na obediência, porque a desobediência revela um direcionamento equivocado do louvor. Quando Saul derrotou os amalequitas, a primeira coisa que ele fez foi construir um monumento para si (1Samuel 15.12). É evidente que Saul estava mais interessado em obter renome para si do que em propagar o renome de Deus pela obediência diligente à sua palavra. O louvor que era para Deus, ele equivocadamente direcionou para si. Saul não estava contente com a glória de Deus e a honra de ter sido escolhido rei por ele. Saul queria glória própria e louvor próprio. E o caminho da obediência não oferece esse tipo de louvor e de glória. Por isso, ele fez as coisas do seu jeito para obter glória própria.

Em quarto lugar, Deus tem prazer na obediência, porque a desobediência é como o pecado da adivinhação. Esta é precisamente a razão apresentada por Samuel para que a desobediência seja desagradável a Deus em 1Samuel 15.22,23. Por que a rebelião e a desobediência são como o pecado da adivinhação? A adivinhação procura saber o que fazer de um modo que ignora a palavra e o conselho de Deus. Ela faz pouco da orientação e da revelação divinas, ou as toma por algo errado ou insuficiente. É nisso exatamente que se baseia a desobediência. Deus diz uma coisa, e nós dizemos: “Acho que vou consultar outra fonte de sabedoria”. Se seu médico lhe prescrevesse três comprimidos ao dia e você decidisse tomar apenas um, o que pensaríamos dele? Que ele está abaixo de você! Você desconfia da capacidade, da competência dele e de sua credibilidade. É um grande insulto, e ele não pode se agradar disso — e não será nada bom para você.

Em quinto lugar, Deus tem prazer na obediência, porque a desobediência é idolatria. Quando Deus diz uma coisa e nós consultamos o pequeno mago da nossa sabedoria, e então, de modo obstinado, escolhemos seguir nosso próprio caminho, somos efetivamente idólatras. Portanto, é lógico que Deus ficará aborrecido com a desobediência, uma vez que em cada aspecto ela é um ataque à sua glória. A obediência, porém, sendo o exato oposto, em todas essas coisas entroniza Deus e o honra. Portanto, Deus tem grande prazer na obediência. Ele fica radiante como qualquer pai quando seus filhos demonstram coragem, porque sabem que o braço forte do pai os ampara. Deus se alegra conosco quando nossa obediência mostra que depositamos nele nosso tesouro e não nos chamarizes do pecado. Ele se alegra na mansidão e na humildade da nossa submissão que ama promover o renome de Deus, e não a do homem. Ele se alegra quando descansamos nossa alma na suficiência da sua sabedoria. E ele exulta por nós com cânticos quando entronizamos sua vontade como a coisa mais preciosa do que todos os caminhos do mundo.

Adaptado do livro Os prazeres de Deus, de John Piper. Vida Nova.