Os prazeres de DeusExemplo

O prazer de Deus nas orações do justo

Medite alguns momentos comigo em Provérbios 15.8, fazendo algumas perguntas e analisando por que Deus abomina os sacrifícios dos ímpios e se deleita nas orações do justo. Aqui está minha primeira pergunta: Como pode uma coisa tão boa quanto um sacrifício a Deus, que ele ordenou no livro de Levítico, tornar-se uma abominação ao Senhor? A primeira metade de Provérbios 15.8 diz: “O sacrifício dos ímpios é uma abominação para o Senhor”.

A resposta parece ser a de que um ato bom em si mesmo pode se tornar desagradável a Deus quando feito com a motivação interior errada. Um ato externo que pareça piedoso para nós, pode parecer horrível aos olhos de Deus porque esse ato vem de um coração que está errado. Parece haver um princípio implícito aqui que seria mais ou menos o seguinte: aos olhos de Deus, a beleza (e, portanto, seu desfrute) de um ato é decorrência da beleza interior, e a fealdade de um ato é decorrência de uma fealdade interna. Uma vez que Deus sempre olha para o coração (1Samuel 16.7), ele sempre vê nossos atos externos não como os homens os vê, mas como extensões do que vê em seu interior. Quer nossos atos sejam imorais, como roubar, mentir, adulterar, quer sejam morais, como ir à igreja e prestar serviços à comunidade, ambos poderão ser "abomináveis aos olhos de Deus", se o coração não for correto.

Paulo ensina a mesma coisa quando diz em Romanos 14.23: “Tudo o que não provém da fé é pecado”. A beleza interior de esperar em Deus, de confiar nele em busca de ajuda e de orientação, torna belo o ato externo. E se essa fé não estiver ali motivando o ato, este não é agradável ao Senhor; é pecado. A passagem de Hebreus 11.6 ensina: “Sem fé é impossível agradar a Deus”. A justiça meramente externa não agrada a Deus. Na verdade, veremos que não é justiça de modo algum se não vier acompanhada da fé. No contexto imediato de Hebreus 11.6, surge a mesma questão a respeito dos sacrifícios que temos aqui em Provérbios 15.8. Hebreus 11.4 diz: “Pela fé, Abel ofereceu a Deus um sacrifício mais aceitável do que o de Caim”. Por que o sacrifício de Abel agradou a Deus e o de Caim não? Porque o sacrifício de Abel foi oferecido "pela fé", ao contrário do de Caim; e sem fé é impossível agradar a Deus.

Portanto, responderei à nossa primeira pergunta dizendo que a razão pela qual um “bom” ato (como um sacrifício) pode ser uma abominação para Deus é que um ato pode ser entendido por Deus como uma decorrência da condição do coração. Se o coração não produziu o ato a partir de um impulso de fé, o ato não agradará a Deus, não importa o quanto seja “religioso” ou "moral”.

Em outras palavras, se nosso comportamento não glorifica a Deus, ele não o agradará. O comportamento que mais glorifica a Deus é fruto da grande confiança de que Deus atende a todas as necessidades. “Abraão fortaleceu-se em sua fé, dando glória a Deus, plenamente convencido de que Deus era capaz de realizar o que havia prometido” (Romanos 4.20,21). Confiar nas promessas de Deus e agir de acordo com essa confiança (esperança) glorifica a fidelidade de Deus e sua capacidade, sabedoria e poder para fazer o que promete. Glorificamos a Deus quando nosso culto procede da fé em sua força, porque aquele que dá a força recebe a glória. Esta é a declaração inequívoca de 1Pedro 4.11: “Aquele que serve, sirva na forca que Deus concede, para que em tudo Deus receba a glória”.

Portanto, Deus se agrada de um ato que procede da fé porque ele tem prazer na demonstração da sua glória. Os atos que não vêm da fé não são assim teocêntricos e não podem agradar ao Deus que conhecemos pela Escritura.