A Escola De OraçãoExemplo
A ESCOLA DE ORAÇÃO
Receio que o nosso agitado sistema de vida (chamada moderna), dominado pela ditadura da urgência, esteja afetar a nossa capacidade de reconhecer o que Deus faz a longo prazo.
Não é saudosismo dizer que há poucas décadas tudo acontecia mais devagar. O mundo ficou mais ágil, mas também ficou mais frenético, desordenado, e somos incapazes de lidar com a velocidade que a virtualidade projeta sobre a mente de cada um de nós.
Esse é um dos reflexos do secularismo que mais tem contribuído para o aumento da incredulidade. Esperar em Deus não é a primeira opção para a maioria das pessoas.
Eugene Peterson tem chamado o livro de Salmos de ‘Escola de Oração’. E se assim é, o Salmo 40 é uma aula magistral sobre confiança em Deus. Nele Davi oferece a si próprio como um sacrifício porque o Senhor lhe foi favorável. Gratidão e lamento formam um contraponto no qual ecoam em harmónicos as preces de incontáveis justos de todos os tempos.
A gratidão pela salvação é a tónica da primeira parte do salmo (vs.1-10) e o testemunho de livramento e restauração cria no salmista o desejo de louvar através de uma nova canção ao Senhor. Os versos vitoriosos são um valioso encorajamento a renovar a confiança em Deus para esperar com paciência, seja o que for, seja com qual paciência for.
Digo qualquer que for, porque há tipos de paciência. Não se pode, por exemplo, comparar a paciência circunstancial com a espera da volta de Cristo. A paciência do cotidiano está diretamente ligada à necessidade que todos temos (e os que estão à nossa volta também) de constância, estabilidade, e tudo isso é resultado da habitação do Espírito em nós. Ter paciência para o dia a dia revela um senso de propósito (Romanos 8:28) e conformidade com o ensino de Jesus, sobre uma coisa de cada vez.(Mateus 6:34 - "Não vos inquieteis, pois, pelo dia de amanhã; porque o dia de amanhã cuidará de si mesmo. Basta a cada dia o seu mal.")
Um turista visitou uma catedral onde um artista trabalhava num enorme mosaico. A maior parte da parede continuava vazia à frente do artista e o turista perguntou: - Não o incomoda olhar essa imensa parede a ser preenchida? Não o preocupa quanto tempo ainda vai demorar para terminar? O artista respondeu simplesmente: - Eu sei o que posso fazer num dia de trabalho, então, a cada manhã marco a área que farei naquele dia e preocupo-me somente com ela. - E não me permito preocupar com o resto. Eu assumo um dia de cada vez. E alegro-me com o meu trabalho a cada dia. Um dia, o mosaico estará terminado.
Há também a paciência para frutificar. É inconcebível pensar que alguém lance alguma semente na terra e se deite impaciente à espera que no dia seguinte ela tenha brotado. O frutificar acontece ao longo de processos que podem parecer amargos, como disse Rosseau, mas cujos frutos são doces. Em Lucas 8:15 Jesus referiu-Se a esse frutificar como algo relacionado com a perseverança.
A mesma perseverança que é necessária para obedecer no meio das dificuldades e tribulações. Os nossos dias são marcados não apenas pela ditadura da urgência, como foi dito, mas pelo pragmatismo dos resultados pelos resultados. A ética dos fins que justificam os meios destrói a paciência para obedecer.
O apóstolo Paulo é uma autoridade quando o assunto é tribulação e em todos os seus escritos inspirados, principalmente em Romanos (5:3-5), o que ele nos diz, indiretamente, é que nenhuma tribulação deve ser desperdiçada, mas aproveitada para crescimento em confiança plena na soberania divina.
Ter paciência para obedecer é ter fé que Deus sabe muito bem o que faz, e às vezes, o que Ele faz pode acontecer a longo prazo. Temos esperança nisso – “se esperamos o que não vemos, com paciência o aguardamos”.
Deus tem todo o tempo do mundo para construir o que ele quiser, no tempo que quiser. Ele constrói uma vida (a de Moisés foi edificada ao longo de cento e vinte anos); Ele age na vida de pessoas por quem oramos pela conversão (e por quanto tempo estamos dispostos a insistir nisso?); Ele restaura vidas; Ele edifica igrejas. Não é sábio dar prazos para as obras que Deus realiza em nós, ou através de nós.
Há por fim uma paciência escatológica, a ser exercida por todos os que perseverarem até o fim (Mateus 24:13), quando a justiça de Deus se manifestar completamente. Através dela alcançaremos a promessa. Tiago lembrou os seus impacientes irmãos, que sofriam com as tribulações, a ter esse tipo de paciência. “Sede, pois, irmãos, pacientes, até à vinda do Senhor. Eis que o lavrador aguarda com paciência o precioso fruto da terra, até receber as primeiras e as últimas chuvas.” (5:7).
Uma das lições do Salmo 40 é que a paciência precedeu o favor e as bênçãos do Senhor. Algo que gosto de traduzir para mim mesmo como “o melhor vem depois”. A gratidão deve ser portanto a tónica do viver confiante de quem sabe que Deus não falha. Enquanto o resultado que pedimos a Deus não se realiza, e mesmo que não se realize, devemos dar graças por tudo que Ele já fez. E no roteiro do salmista isso é discriminado: “Ele se voltou para mim (v. 1); Ele ouviu meus pedidos de socorro; Ele me tirou do fundo de um poço de desespero e medo (lama) (tumulto, tremedal – fervente) (v. 2); Ele me fez andar sobre a rocha e me firmou os passos; Ele colocou um novo cântico na minha boca (v.3)”
Na Escola de Oração, o Salmo 40 ensina-nos que as nossas emoções, sentimentos, necessidades, impressões, e tudo mais que insiste em nortear a vida, deve ser subjugado, com paciência, ao verdadeiro norte das nossas almas, a fé no Senhor. A fé e paciência andam juntas e devem ser buscadas e aprendidas em oração.(cf. Colossenses 1:11: "..sendo fortalecidos com todo o poder, segundo a força da sua glória, em toda a perseverança e longanimidade; com alegria,.."). Deus é cheio de terna misericórdia, compassivo, e é chamado por Paulo de o “Deus da paciência”(Romanos 15:5).Temos muito a aprender com Ele, se soubermos esperar.
O resumo da aula:
a) Declare a bondade de Deus na sua vida.
b) Declare o seu desejo de fazer a vontade de Deus, imite o Senhor Jesus: “seja feita a Tua vontade, assim na terra como no céu”.
c) Declare a sua necessidade de Deus (em Jesus).
d) Ore, agradecendo ao Pai pelo que Ele tem feito na sua vida
e) Aprenda a esperar com paciência no Senhor, e peça discernimento para compreender o que Ele está a fazer na sua vida.
Wilson Avilla
Escritura
Sobre este plano
O livro de Salmos é um grande dicionário de emoções e sentimentos. Nele está descrito todo o repertório existencial de qualquer ser humano. Eugene Peterson tem chamado essa coleção de poesias de ‘Escola de Oração’. Os salmos ensinam como orar com confiança e dependência de Deus em todos os momentos da vida, sejam de alegria ou tristeza.
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Gostaríamos de agradecer ao #V3 Comunidade Cristã por fornecer este plano. Para mais informações, visite: https://prwilsonavilla.blogspot.com/