Cântico dos cânticosMuestra

Dize-me

Ela não confundirá a companhia de Seus servos com a de seu Mestre.

Se tu não sabes, ó mais formosa entre as mulheres, sai-te pelas pisadas dos rebanhos e apascenta os teus cabritos, junto às tendas dos pastores.

Essas são as palavras das filhas de Jerusalém e respondem corretamente aos questionamentos dela. Que ela demonstre seu amor ao seu Senhor ao alimentar Suas ovelhas, ao apascentar Seus cordeiros (veja João 21:15-17), e ela não precisará temer perder a Sua presença. Ao compartilhar com outros pastores o cuidado por Seu rebanho, ela encontrará o Pastor-chefe ao seu lado e desfrutará os sinais de Sua aprovação. Isso será serviço com Jesus, bem como para Jesus.

Mas muito mais doce do que a resposta das filhas de Jerusalém é a voz do Noivo, que é quem fala agora. É o fruto vivo da unidade de coração com Ele que faz com que o Seu amor irrompa nas palavras cheias de alegria dos versículos 9 a 11. Não somente é verdade que o nosso amor por nosso Senhor será manifesto ao alimentarmos Suas ovelhas, como também Ele, que, quando estava na Terra, disse: “Em verdade vos afirmo que, sempre que o fizestes a um destes meus pequeninos irmãos, a mim o fizestes”, tem o amor do Seu coração inflamado e frequentemente revela-se a Si mesmo, de maneira especial, àqueles que estão ministrando a outros para Ele.

O elogio feito à noiva no versículo 9 é de admirável propriedade e beleza:

Às éguas dos carros de Faraó te comparo, ó querida minha.

Lembrem-se de que, originalmente, os cavalos vieram do Egito, e que os puros-sangues, ainda encontrados na Arábia, foram trazidos durante o reinado de Salomão, por seus mercadores, para todos os reis do Oriente. Aqueles selecionados para os carros de Faraó eram não apenas os de mais puro-sangue e perfeitos em suas proporções e simetrias, mas também perfeitamente treinados, dóceis e obedientes; eles não conheciam nenhuma outra vontade a não ser a do condutor da carruagem, e o único objeto de sua existência era transportar o rei onde quer que ele fosse. Assim deveria ser com a Igreja de Cristo: um corpo com muitos membros, habitado e guiado pelo Espírito, retendo o Cabeça, e não conhecendo nenhuma outra vontade a não ser a Dele — seus rápidos e harmoniosos movimentos deveriam levar o Seu reino a se expandir pelo mundo.

Muitos anos atrás, um amado amigo que retornava do Oriente pela via terrestre, fez a jornada de Suez ao Cairo na incômoda diligência que era usada naquela época. Ao embarcar, os passageiros tomaram seus lugares, e aproximadamente 12 cavalos jovens e bravios estavam atrelados com rédeas ao veículo. O condutor tomou seu assento e estalou seu chicote, e os cavalos partiram depressa, alguns para a direita, alguns para a esquerda, e outros para a frente fazendo a carruagem partir com um pulo e subitamente parar, arremessando primeiramente aqueles que estavam no assento da frente ao colo dos que estavam assentados atrás, e, depois, ao contrário, jogando os de trás para a frente. Com a ajuda de árabes competentes, que corriam de cada lado para manter os agitados animais avançando na direção certa, os passageiros eram arremessados e golpeados com solavancos, moídos e sacudidos, até que, ao chegar ao seu destino, eles estavam tão exauridos e doloridos que nem podiam ter o descanso de que tanto precisavam.

Não é a Igreja de Deus hoje mais parecida com estes cavalos sem treino, do que com as éguas dos carros de Faraó? E quando vontade própria e desunião estão aparentes na Igreja, não é de se admirar que o mundo ainda esteja a jazer no maligno e que as grandes nações pagãs mal sejam tocadas.

Mudando o Seu sorriso, o Noivo continua:

Formosas são as tuas faces entre os teus enfeites, o teu pescoço, com os colares. Enfeites de ouro te faremos, com incrustações de prata.

A noiva não é apenas bela e útil ao seu Senhor; ela está também adornada, e é o prazer Dele acrescentar a ela mais adornos. Os Seus presentes não são flores perecíveis, nem berloques destituídos de valor: o mais refinado ouro, a mais pura prata e as mais preciosas e duráveis joias são os presentes do Noivo real para a Sua esposa; e estes, trançados entre os cabelos dela, aumentam o prazer Dele que os concedeu.

Nos versículos 12 a 14 a noiva responde:

Enquanto o rei está assentado à sua mesa, o meu nardo exala o seu perfume.

É na presença Dele e por Sua graça que qualquer fragrância ou beleza que possa ser encontrada em nós é manifesta. Dele como a fonte, através Dele como instrumento e para Ele como sua finalidade, é tudo aquilo que é gracioso e divino. Mas Ele mesmo é muito melhor do que toda a Sua graça que age em nós.