Cântico dos cânticosMuestra

Em ti nos regozijaremos

Em ti nos regozijaremos e nos alegraremos; do teu amor nos lembraremos, mais do que do vinho; não é sem razão que te amam.

Outra descoberta não menos importante a aguarda. Ela viu a face do Rei, e como o sol nascente revela o que estava escondido na escuridão, assim a Sua luz revelou-lhe a sua cor escura. “Ah!”, ela lamenta, “Eu sou morena”; “Mas formosa”, exclama o Noivo, com incomparável graça e ternura. “E ainda, morena como as tendas de Quedar”, ela continua. “Porém para mim”, Ele responde, “tu és formosa como as cortinas de Salomão!”. Nada leva a alma a uma posição humilde como a sagrada e íntima comunhão com o Senhor; entretanto há uma doce alegria em sentir que Ele sabe de tudo, e, mesmo assim, ainda nos ama. Coisas antes chamadas “pequenas negligências” são vistas com outros olhos no “secreto de Sua presença”. Ali nós vemos o erro, o pecado, de não guardarmos nossa própria vinha. Isto a noiva confessa:

Não olheis para o eu estar morena, porque o sol me queimou. Os filhos de minha mãe se indignaram contra mim e me puseram por guarda de vinhas; a vinha, porém, que me pertence, não a guardei.

Nossa atenção é chamada aqui a um perigo que sobressai atualmente: a intensa atividade de nossos dias pode nos levar ao zelo em serviço, e a negligenciar a comunhão pessoal; mas, tal negligência não somente reduzirá o valor do serviço, mas tenderá a nos incapacitar ao mais elevado serviço. Se nós zelamos pelas almas de outros, mas negligenciamos a nossa própria — se estamos buscando remover o argueiro dos olhos do nosso irmão, descuidados da trave em nossos próprios olhos, nós, frequentemente, ficaremos desapontados com nossa falta de poder para ajudar nossos irmãos, enquanto o nosso Mestre não ficará menos decepcionado conosco. Não nos esqueçamos nunca de que o que somos é mais importante do que aquilo que fazemos; e, que todo fruto gerado fora da permanência em Cristo será um fruto da carne, e não do Espírito. O pecado de negligenciar a comunhão pode ser perdoado, mas ainda o efeito dele fica permanentemente, como feridas que são curadas, mas deixam cicatrizes.

Agora, chegamos a uma doce evidência da realidade da união de coração da noiva com seu Senhor. Ela é uma com o Bom Pastor: de imediato, seu coração vai instintivamente alimentar o rebanho, mas ela deseja trilhar os passos Dele, a quem ama, e não trabalharia sozinha, nem em outra companhia que não fosse a Dele.