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A Escola De OraçãoSample

A Escola De Oração

DAY 7 OF 7

UM BRINDE AO DEUS DA SALVAÇÃO!

Nenhum dever é mais urgente do que o de demonstrar gratidão.” As palavras de Ambrósio parecem ter perdido intensidade com o passar do tempo. A ingratidão tornou-se a regra da ‘nova humanidade’, sem unidade, e não humana. A incumbência de redescobrir a gratidão é improrrogável. Mas essa tarefa não pode ser cumprida coletivamente, é de ordem pessoal. Cada um precisa das suas próprias experiências marcantes para mudar o rumo das suas devoções, tal qual o autor do Salmo 116, que permanece anónimo alguns milénios depois, mas a sua perceção da bondade divina tem sido conhecida pela poesia entoada por multidões de crédulos. Não sabemos qual foi o grande drama pessoal que o comoveu, mas ele dá graças a Deus por ter escapado da morte e ver a sua vida prolongada. Ele prometeu louvá-Lo no Seu templo pelas bênçãos.

Nenhuma bênção pode ser tratada com descaso. George MacDonald disse que “a alma descuidada recebe presentes do Pai como se Ele simplesmente os deixasse cair sobre as mãos....ela está sempre reclamando, como se alguém fosse responsável por cada um dos seus problemas. Para as bênçãos recebidas não há agradecimento – afinal, a quem agradecer? Para as deceções sobram reclamações – deve haver alguém para culpar!” A estatística bíblica, no caso dos leprosos curados por Jesus, mostra que a proporção é de um agradecido para cada nove indiferentes. Dez foram curados, mas apenas um soube a quem agradecer, e fez da sua experiência com a bondade de Deus a razão para a retribuição com ofertas de gratidão e testemunhos de vida.

A linguagem inicial do salmo não é comum. Há uma efusividade, e afetividade que não são características da literatura salmódica – “Amo ao Senhor”. O tom mais formal cede lugar a uma fala intimista. Se amar a Deus é a primeira grande responsabilidade, conhecida pelo mandamento bíblico, e definida por Jesus como a primeira e maior ordenança da lei, a vivência mostra que o pecado fez do coração do homem um campo de resistência, que precisa de ser cultivado com os adubos dos livramentos nas crises da vida para que a gratidão cresça e floresça. É interessante pensar que o salmista não culpou a Deus pela sua aflição, antes foi agradecido, chamando-O de compassivo, justo e misericordioso (cf. v. 5), e reconhecendo-O como alguém que cuida dos simples (cf. v. 6). Os mesmos sofrimentos que fazem alguns reclamar do Todo Poderoso ensinam outros que Deus é confiável. Lição que sempre vêm acompanhada da compreensão de que Ele é suficiente, e que “não possuir algumas das coisas que desejamos é parte indispensável da felicidade”.

Mesmo sendo uma reflexão em que a alegria dos agradecimentos prevalece, o salmista não deixa de ressalvar que as frustrações com os seus semelhantes o fazem crer que ‘ninguém merece confiança’ (cf. v. 11). O Rei Davi, por exemplo, certamente afligido pelos mesmos conflitos, e prefigurando a traição do Messias, disse: “Até o meu amigo íntimo, em quem eu confiava, que comia do meu pão, levantou contra mim o calcanhar.” Tais orações de desencanto são bem conhecidas de qualquer um de nós porque já as fizemos. Na hora do sofrimento e da angústia o que não falta é gente para atirar pedras e falar piadas em nome de Deus e da Sua vontade. Haja vista o mais famoso emblema disso – os amigos de Jó.

Entretanto, nem mesmo o desapontamento com os ‘amigos da onça’ – e todos os temos - é capaz de calar o ímpeto de reconhecimento expresso nos versos bíblicos em apreço. O ápice dessa demonstração dá-se na pergunta “Que darei eu ao Senhor por todos os seus benefícios para comigo?” Não é só um questionamento retórico. Há um pequeno rol de respostas que sugerem ações, porque gratidão que não se transforma em ação é mera oratória. A beleza de qualquer palavra de agradecimento reside na coerência com os gestos de quem a profere.

Embriagado pelas grandiosas realizações de Deus o salmista propõe um brinde pouco usual –“tomarei o cálice da salvação, e invocarei o nome do Senhor”. É difícil dizer-se se a intenção foi exclamar literalmente isso, mas os judeus tradicionalmente cantam o Salmo 116 depois da ceia pascal, na qual tomam quatro taças de vinho, que segundo alguns rabinos correspondem aos quatro verbos em Êxodo 6:6-7 que descrevem a redenção de Deus. O terceiro copo é chamado de ‘o copo da salvação’.

Ele também promete cumprir os seus votos a Deus na presença de todo o seu povo. Ou seja, uma manifestação pública de gratidão assumindo compromissos com a fonte de toda bênção. Nada mais apropriado, já que na emoção dos momentos agudos é fácil jurar qualquer coisa; difícil é realizar nas horas mais graves o que foi prometido. Mas esta afirmação é complementada por pela observação de que Deus não quer o mal das Suas criaturas, e muito menos dos Seus filhos. Só um coração permeado pela graça pode confortar-se com essa verdade ainda que cercado por violência e maldade. Tais realidades não nos deveriam fazer desesperançados com Deus, mas com pessoas sem Deus.

Por fim, a ‘assinatura’ da poesia não é feita com um nome, mas com um compromisso, tal qual um antigo anel de selar, que molda a cera quente com o compromisso de devolver ao Senhor ações de graças e invocar o Santo Nome como a mais elevada paga de uma dádiva que não tem valor que possa ser calculado.

Ao terminar mais uma etapa, não tenho receio de afirmar que nela não faltaram livramentos e cuidados supremos sobre as nossas vidas. Deus merece um brinde! Por Sua graça e misericórdia! Pela salvação! Por incontáveis outras razões. Que Cristo seja ‘levantado’ nas nossas vidas, como motivo maior da nossa alegria, e da nossa homenagem!

Wilson Avilla

Day 6

About this Plan

A Escola De Oração

O livro de Salmos é um grande dicionário de emoções e sentimentos. Nele está descrito todo o repertório existencial de qualquer ser humano. Eugene Peterson tem chamado essa coleção de poesias de ‘Escola de Oração’. Os salmos ensinam como orar com confiança e dependência de Deus em todos os momentos da vida, sejam de alegria ou tristeza.

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