Advento: de Onde Brota a EsperançaSample

Água Viva

Minha filha de quatro anos adora suco. Laranja, uva, maçã, maracujá. Isso não é um problema. O problema é lembrá-la de tomar água. Lembrá-la de que, muitas vezes, a vontade de tomar algo, como suco ou leite, ou de comer alguma coisa pode ser apenas sede.

Jesus sabia o que era ter sede. A vida dele envolvia caminhadas, pescaria, trabalho manual na carpintaria, entre outras atividades extenuantes. Nada mais natural do que sentir sede. Na passagem de João 4.3-15, vemos Jesus chegando a um poço, ao meio-dia, no trajeto de caminhada entre uma região e outra. Jesus está cansado. Por isso, pede água à mulher que também chegava ali.

Jesus inicia uma conversa profunda. É interessante ver que ele a trata, e a nós também, como se tivéssemos maturidade para compreender a simplicidade de verdades tão profundas. Ela se surpreende com sua aproximação. Quão maior seria sua surpresa ao ouvir Jesus dizer: “Se ao menos você soubesse que presente Deus tem para você e com quem está falando, você me pediria e eu lhe daria água viva” (Jo 4.10).

O interessante dessa passagem é que Jesus não apenas se coloca de modo empático no lugar da mulher: “Ah, se eu tivesse sede, seria assim. Então, imagino que ela esteja se sentindo deste jeito”. De fato, naquele momento, Jesus está mostrando que ele também tinha sede — e não apenas sede de água.

Jesus não falava do que não conhecia. Por isso, acredito que só chegou à conclusão dessa analogia não pelo fato de ser “apenas” Deus, mas por ser também homem. Sendo plenamente homem, ele sabia o que era sentir sede das duas formas. Afinal, por qual outro motivo ele se retirava para orar e ter um tempo com o Pai? Sede. Pois embora sendo Deus, ele esvaziou-se a si mesmo e veio como servo, tornando-se semelhante a nós (Fp 2.6-7).

Minha oração é que, em nossa sede, aprendamos com a sede de Jesus, e que possamos encontrar refrigério para saciá-la na nascente de água viva que ele já nos deu.

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Texto: Gabriel Louback

Arte: Pedro dos Anjos

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