A Soma De Todos Os MedosExemplo

Sem noção de perigo

Os debates sobre a ‘saúde do planeta’ são cada vez mais intensos, graças às ‘tragédias climáticas’ que têm ocorrido com frequência assustadora. Enquanto essa guerra de argumentos acontece, usando fatores relacionados à segurança, acesso a medicina e saúde, recursos educacionais, infraestrutura e meio ambiente, uma das mais respeitadas revistas do mundo listou as melhores cidades para se viver. E a primeira delas foi escolhida por ter muitos parques e áreas verdes, excelente infraestrutura de transportes, educacional e cultural, uma vocação incrível para o esporte e, como se não bastasse, praias incríveis!

Mas será que esses critérios bastam para dizer que um lugar é o melhor para se viver? Eles são suficientes para garantir a paz de seus habitantes? Qualidade de vida é o mesmo que paz interior?

Próximo de sua morte Jesus deu aos seus discípulos três notícias perturbadoras: um deles era um traidor; ele iria embora e ninguém poderia acompanhá-lo; e o discípulo mais impetuoso e voluntarioso dos Doze iria negá-lo. Eles não lidaram bem com tudo isso e hoje não seria diferente para nós.

A paz oferecida por Jesus parece ineficaz hoje tanto quanto há dois mil anos. O mundo sempre foi perigoso e o seu ‘não tenham medo’ soa tão ambíguo quanto o ‘no final tudo vai dar certo’, que muita gente usa sem convicção.

Quanto mais nos preocupamos com os problemas, mais focados neles ficamos. A busca por realidades ‘perfeitas’ tem promovido mais frustração do que realização. A positividade tóxica das mídias sociais contribui para isso e confunde paz com o bem-estar medido pelos mesmos fatores que elegem o melhor lugar do mundo para se viver.

Paz era uma palavra costumeiramente usada como saudação e despedida entre os judeus. Ao encorajar seus discípulos a não terem medo, Jesus se referiu à paz que só Ele poderia oferecer, como um legado permanente de estabilidade para enfrentar todo tipo de oposição.

Falta ao nosso tempo uma condição fundamental para compreender a principal causa do conflito da humanidade - sua natureza decaída. Por isso, prazer, fama e riqueza são oferecidos como garantia para a tranquilidade, mas geram mais ansiedade e culpa. Palavras vazias são dadas em garantia de relacionamentos que não permanecem. Filosofias e religiosidades também não satisfazem a sede por paz porque não aliviam consciências e não promovem reconciliação pessoal com Deus.

Jesus tornou a paz possível por meio da cruz. Ele atende todas as necessidades da alma, silencia os alarmes da consciência e joga no oceano de Deus uma âncora de fé que nos mantém firmes quando as instabilidades da vida geram medo.

Ninguém alcança paz buscando qualidade de vida. Embora não haja nada errado em buscá-la, viver só para isso é não ter noção de perigo.

Wilson Avilla