O Cordeiro Que Foi Morto

O capítulo 5 do livro de Apocalipse contém uma das visões mais arrebatadoras e teologicamente ricas de toda a Escritura. Nos versículos 6 a 14, João descreve uma cena celestial onde o Cordeiro, que é Jesus Cristo, é aclamado como digno de receber poder, riquezas, sabedoria, força, honra, glória e louvor.

No versículo 6, João vê "um Cordeiro de pé, como que morto". Esta imagem é profundamente pascal, pois Cristo é apresentado como o Cordeiro da Páscoa que foi sacrificado. A Páscoa judaica, na qual um cordeiro sem defeito era morto e seu sangue era um sinal de proteção e redenção, encontra seu cumprimento em Jesus, o Cordeiro de Deus que tira o pecado do mundo (João 1:29). A morte de Cristo, o Cordeiro sem mancha e sem defeito (1 Pedro 1:19), forneceu a redenção que o sangue de touros e bodes jamais poderia oferecer (Hebreus 10:4).

No versículo 9, o novo cântico cantado pelos seres celestiais e anciãos declara que o Cordeiro é digno porque foi morto e com Seu sangue comprou para Deus pessoas de toda tribo, língua, povo e nação. A morte de Cristo não é apenas um evento redentor histórico; é um ato cósmico de compra e reconciliação.

Os versículos 11 e 12 revelam que toda a criação reconhece a autoridade e o valor do sacrifício do Cordeiro, indicando a universalidade do Seu senhorio e a eficácia de Seu sacrifício. Tudo culmina no versículo 13, onde "toda criatura" no céu, na terra, debaixo da terra e no mar, e tudo o que neles há, diz: "Àquele que está sentado no trono e ao Cordeiro, sejam o louvor, a honra, a glória e o poder, para todo o sempre!". A cena conclui com os quatro seres viventes dizendo "Amém!", e os anciãos prostram-se e adoram (v.14). Isso nos mostra que o sacrifício de Cristo não só abre o caminho para nossa salvação, mas também é o fundamento da adoração verdadeira.

Na prática, Apocalipse 5:6-14 nos inspira a viver em uma constante atitude de adoração ao Cordeiro que foi morto, reconhecendo o imenso custo de nossa redenção. Na celebração da Ceia, somos chamados a recordar o sacrifício único e completo de Cristo, o Cordeiro pascoal. Isso nos move a viver vidas que honram o Seu sacrifício, vidas de obediência, gratidão e louvor. Assim como a visão de João, nossas vidas devem ser uma resposta de adoração diária, não apenas em palavras, mas em ações e em verdade, refletindo o amor e a graça que foram derramados sobre nós pelo Cordeiro que foi morto e que agora vive para sempre.