COMPARTILHAMENTO

No coração de uma devocional está o convite ao alinhamento da vida cotidiana com os princípios das Escrituras, um chamado à reflexão e à ação.

Em 1 Pedro 3:7, encontramos uma exortação que se estende além do tratamento digno e respeitoso:

“Igualmente vós, maridos, coabitai com elas com entendimento, dando honra à mulher, como vaso mais frágil, e como sendo herdeiras convosco da graça da vida; para que não sejam impedidas as vossas orações.”

Há aqui um princípio que transcende o mero respeito. Trata-se de compartilhar — participar com o outro em suas alegrias, interesses e atividades. Isso vai muito além da cortesia; é um ato de entrega e de amor.

Compartilhar com seu cônjuge não é apenas uma questão de fazer o que o outro gosta; é um testemunho vivo de uma aliança que reflete o amor de Cristo pela igreja, um amor que não busca seus próprios interesses, mas que se derrama em favor do amado (Efésios 5:25). Quando renunciamos às nossas preferências para entrar no mundo do outro — seja participando de jogos de mesa ou de uma partida de ping-pong — estamos praticando a humildade e a preferência pelo outro acima de nós mesmos (Filipenses 2:3-4).

Este ato de compartilhar vai além do entretenimento; é um exercício espiritual. Ao participarmos das atividades preferidas do nosso cônjuge, estamos dizendo que valorizamos a pessoa mais do que a nossa própria satisfação pessoal. Estamos, de fato, encarnando o amor ágape, aquele amor incondicional que a Bíblia nos mostra como o mais elevado.

Entretanto, essa entrega não é uma via de mão única. É uma via de mão dupla, onde ambos os cônjuges se movem em direção um ao outro, criando uma dança de mutualidade e respeito. Em uma sociedade que exalta o individualismo, a prática de compartilhar interesses com o cônjuge é radicalmente contracultural, mas profundamente bíblica.

Que esta devocional sirva de lembrete para que possamos buscar, intencionalmente, maneiras de compartilhar a vida com nosso cônjuge. Que não sejamos meros coabitantes sob o mesmo teto, mas verdadeiros companheiros de jornada, celebrando cada momento com alegria, paciência e amor genuíno.

Portanto, façamos do compartilhamento um exercício diário, reconhecendo que, ao servir nosso cônjuge, estamos servindo ao próprio Cristo (Mateus 25:40). E que este serviço não seja uma obrigação, mas uma celebração daquilo que Deus uniu, uma prática que, quando feita com o coração, tem o poder de transformar o ordinário em sagrado.