Viciados em si mesmosExemplo

O dia em que a Trindade me despertou

Aguardar apaixonadamente o porvir nos ajudará a dizer não às tentações. Funciona assim: se a expectativa do céu produzir em nós um prazer tão grande a ponto de pararmos de exigir coisas nesta vida, a sedução do prazer do pecado se torna resistível.

Mas isso é possível? É possível aguardar apaixonadamente o retorno do Senhor a ponto de que a perspectiva de encontrá-lo pessoalmente nos fortaleça contra a sedução do pecado?

Nós, cristãos, cremos, ou pelo menos temos razões para crer, que aquilo que mais desejemos experimentar está disponível no cristianismo e somente no cristianismo. Sim, tudo o que as pessoas mais desejam, cristãs ou não, somente pode ser encontrado no cristianismo. Não viveremos a vida cristã em sua plenitude até reconhecermos o que o cristianismo tem a oferecer que a alma humana mais deseja em seu íntimo mais profundo. E o que é? Eis o núcleo do que o evangelho oferece:

O Filho desfruta de um relacionamento com o Pai para o qual eu, como portador da imagem de Deus, também fui criado para fruir. Em outras palavras: graças ao plano do Pai para minha vida, graças à obediência do Filho ao Pai, obediência até a cruz, e graças à obra contínua do Espírito em mim para transformar minha afeição interior em exterior, de mim para Deus, agora estou incluído nessa comunidade. Hoje posso experimentar um pouco daquilo que Jesus vive em seu relacionamento com o Pai. Hoje sou um filho de Deus (com “f” minúsculo, não com o “F” maiúsculo do Deus Filho); ainda sou um ser humano criado, porém vivificado como filho amado de Deus.

À medida que avanço em direção à possibilidade dessa visão, é razoável esperar que eu adquira consciência dessa sede profunda em minha alma, que acima de tudo anseia por experimentar o amor do Pai pelo Filho se manifestando em mim, uma experiência que será completada por ocasião do retorno de Cristo.