Dia 1 - Uma jornada inesperada

Se você é um admirador de Tolkien, já deve estar, por causa do título de hoje, se transportando para o cenário do Condado, com Bilbo, o hobbit bolseiro. Sim, também sou fã das aventuras nas terras médias, em mundos fantásticos. Para contextualizar, refiro-me ao primeiro filme da trilogia O Hobbit, em que o personagem principal, Bilbo, embarca em uma jornada bastante desafiadora, a fim de libertar o reino de Erebor de um poderoso dragão, Smaug.

Escolhi este título para nossa primeira devocional, pois acredito fortemente que nossa jornada deste lado da eternidade é incerta e amedrontadora, exatamente como Deus não quis que fosse. O autor Larry Crabb, em seu livro “De dentro para fora”, diz: “em todo ser humano, principalmente nos mais maduros, por trás da fachada de tranquilidade existe um ‘doer’ que nunca se alivia. Podemos ignorá-lo, camuflá-lo, dar-lhe outro nome, ou até afogá-lo numa atividade incessante, mas ele não desaparece. E isso tem seus motivos. Fomos criados para viver num mundo melhor do que este, e enquanto isso não acontecer, estaremos gemendo, ansiosos para estar nele.”

Vamos aos fatos. Deus não criou o pecado. Deus não é o autor do mal que existe. Deus não queria que vivêssemos dessa forma, em um mundo como este e com as dores que estamos sujeitas a sentir. Tudo de ruim que vemos, sentimos, sofremos e fazemos é fruto do pecado. E, já que estamos dando nome às coisas, é válido dizer que a ansiedade, uma das maiores inimigas da humanidade, é fruto do pecado original, a incredulidade.

Quando os primeiros humanos deram ouvidos à voz que não vinha do Senhor (Gênesis 3), seus corações abriram espaço para algo inédito: dúvida a respeito de quem Deus é e o que Ele diz a respeito de nós. Seguindo esta linha de raciocínio, todo pecado que cometemos contra Deus está enraizado na incredulidade. É por isso que, pela graça de Deus, somos salvos por meio da fé (Efésios 2:8). Não podemos resolver nosso maior problema (a saber, a separação eterna de Deus) com nossas próprias forças. Precisamos crer em Deus, e a fé é um presente que Ele mesmo nos dá, de graça.

Na história fictícia que mencionei, Bilbo se sentia completamente incapaz de enfrentar o desafio proposto. Em um momento de bastante suspense e tensão, diz uma de suas icônicas frases: “Algo se move nas sombras, oculto, escondido da nossa visão.” Tem como ouvir isso e não relacionar com nossa própria experiência de viver em um mundo caído, onde o mal nos aguarda em cada esquina, em cada palavra e pensamento? Só de pensar, confesso que fico ansiosa.

Enquanto estivermos aqui deste lado, o sofrimento é inevitável e pode vir de diferentes formas, sendo a ansiedade uma das mais frequentes. O autor Larry Crabb, ainda no mesmo livro que mencionei, afirma que “o sofrimento da alma não é evidência de neurose, nem de imaturidade espiritual, mas, sim, de conhecimento da realidade. Seremos capazes de penetrar nos recessos mais profundos de nossa própria alma, onde o que mais experimentamos é um vazio total e não a santa consciência da presença divina, sabendo que um auto exame sincero revela que até nossos atos mais nobres são motivados por impulsos egoístas? Será que Cristo pode resolver essa confusão interior?”

Sim, Ele pode! Na verdade, Ele já resolveu e quero, junto com você, caminhar pela Palavra a fim de observarmos como Deus trata este assunto.

Agora, resta saber: você está preparado para abrir sua alma ao Senhor e ouvir o que Ele irá revelar a respeito das bases de sua fé? Não tenha medo, Ele é o Deus que nos vê de forma completa e pura. Não espere menos do que amor em suas palavras e exortações. Ele é a cura que nossa alma anseia. Ele é a rocha firme onde podemos depositar nossa fé, sabendo que nenhuma crise é capaz de lhe abalar.

Não sei em que ponto dessa jornada inesperada você se encontra, mas quero encorajá-lo a seguir, mesmo que se sinta indigno depois de tantos tropeços. Vamos juntos, a cruz é nosso ponto de encontro.

Como cantou Davi, creio que também podemos cantar: “Eu confio no teu amor. O meu coração ficará alegre, pois tu me salvarás. E, porque tens sido bom para mim, cantarei hinos a ti, ó Senhor.” (Salmo 13:5 e 6).

O que aprendi sobre Deus hoje?

O que aprendi sobre mim mesmo hoje?