Dias Melhores VirãoExemplo
COMEMORE COM DEUS CADA DERROTA!
Falar de grandes realizações quando a vida está de vento em popa é fácil. Difícil é comemorar derrotas. O insucesso enfraquece, desestabiliza, embora possa causar fortalecimento e aprendizado a longo prazo. Mas por mais que tenhamos isso em mente, a verdade é que ninguém quer aprender com derrotados, e nem eles são confiantes para ensinar. Não há perdedores nos TED Talks e talk shows da vida, nem palestrantes milionários, ou autores de best-sellers que vivam a conquistar plateias com os seus fiascos.
O salmo 60 foi escrito numa situação de derrota, que não causava rebaixamento num campeonato, mas representava perigo para a nação, ofensa contra o Deus de Israel, humilhação e enfraquecimento das tropas. Lidar bem com derrotas é algo que algumas pessoas podem fazer melhor ou pior, mas não é o natural do ser humano. E o salmo 60 começa com um lamento duvidoso que é repetido muitas outras vezes no livro de salmos. Será que Deus abandonou o Seu povo? Ficou com raiva dele? Não voltará a demonstrar amor por aqueles que foram escolhidos para serem a Sua propriedade? Mais ou menos as mesmas perguntas que fazemos quando a maré de azar nos deixa na praia. Ah, claro! Não existe azar....
Davi escreveu o salmo 60 para ensinar aos seus leitores, o que nos inclui a nós, a confiar no Senhor quando encontrassem dificuldades semelhantes às que ele enfrentou. Nas derrotas é sempre muito difícil evitar o pensamento de que Deus está zangado, ou que resolveu vingar-Se de todas as ofensas que Lhe são dirigidas. Não à toa há muitos que olham para o Deus dos cristãos como um ser azedo, rancoroso, incapaz de amar idealmente.
Davi certamente não pensava assim! Ele tinha plena consciência de que a pior derrota era a sensação de separação de Deus. Como disse um teólogo, o povo de Deus vive uma existência sem sentido sem a presença d'Ele. Spurgeon disse que “ser rejeitado por Deus é a pior calamidade que pode sobrevir a um homem ou a um povo; mas a pior forma dessa rejeição é não estar ciente dela ou indiferente a ela. Quando a deserção divina, por assim dizer, causar luto e arrependimento, será apenas parcial e temporária. Por isso o povo de Israel era sempre lembrado do dever de levar uma derrota a sério, porque o abandono divino seria e é a mais miserável das condições que a humanidade pode alcançar. Assim, quando uma guerra era perdida havia sempre um chamado ao arrependimento e um clamor por restauração para a nação.
Como é próprio dos poetas, Davi foi intenso no uso das metáforas para descrever a ação de Deus. A terra foi sacudida, e nela foram abertas fendas. Deus foi severo a ponto de deixar seu povo com o atordoamento dos bêbados. Era realmente difícil de entender. Derrotas são sempre incompreensíveis. Paralelamente a essa intensidade o raciocínio teológico é bem simples – se Deus tinha permitido a derrota, com a finalidade de confrontar a incredulidade, Ele seria o único capaz de revertê-la.
O texto bíblico não sugere que Davi tenha encarado a derrota soltando euforia. Não se espera que façamos isso também. Apesar da desolação Davi lembrou uma profecia recebida que garantia o sucesso militar de Israel. Deus tinha dito que daria os lugares onde estavam os povos que mais tarde viriam a ser derrotados. E havia muito simbolismo de vitória nesses lugares. Siquém, onde Deus prometeu dar a terra de Canaã a Abraão. Padã Arã, onde Jacó se estabeleceu depois de se reconciliar com Esaú. Lugares que representavam vitórias em ambos os lados do Rio Jordão. E para cada lugar prometido havia uma metáfora, como capacete, em sentido de defesa, cetro no sentido de governo, pia, no sentido de servidão, e um sapato jogado sobre a terra de Edom, o que significava na cultura do Oriente Médio Antigo sinal de apropriação forçada, ou renúncia a um direito, sendo em ambos os casos sinal de posse legal.
Por causa de Deus e da Sua fidelidade, Davi tinha em perspetiva as vitórias futuras, ainda que estivesse humilhado por uma derrota. A sua teologia entendia muito bem que a vitória tinha que vir de Deus. Não haveria sucesso sem ajuda divina.
Por isso os versículos 11 e 12 dizem “Ajuda-nos contra nossos inimigos, pois todo socorro humano é inútil. Com o auxílio de Deus realizaremos grandes feitos, pois ele pisará os nossos inimigos."
Palavra de um grande guerreiro que já tinha visto e enfrentado muitas coisas nos campos de batalha, inclusive homens corajosos realizando grandes feitos. E mesmo com toda a sua experiência militar, Davi não buscava uma solução estratégica para os seus problemas, no sentido da guerra, ele reconheceu que a vitória tinha que vir de Deus.
Tanto a vitória quanto a derrota vêm de Deus. Consequentemente, devemos olhar para Ele em ambas as situações, e confiar na Sua força sobrenatural e nas Suas promessas de aliança para obter sucesso nas nossas lutas, ou melhor, lutas d'Ele. Dizer para comemorar cada derrota pode soar exagerado, mas se as lutas são de Deus, o que mais se pode dizer?
Wilson Avilla
Escritura
Sobre este plano
Predizer o que está por acontecer é tentar antecipar uma dimensão fundamental da existência. Mas sem confiança em Deus o amanhã pode significar somente frustração e vazio. Vários salmos foram escritos em momentos nos quais o futuro era uma sombra assustadora para os seus autores. Nestas experiências há valiosas lições de fé para lidarmos com as tensões do que ainda não aconteceu e acreditarmos que melhores dias virão.
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Gostaríamos de agradecer ao #V3 Comunidade Cristã por fornecer este plano. Para mais informações, visite: https://prwilsonavilla.blogspot.com/