Mark Driscoll - Romanos: Teologia Para Todos (6-11)نموونە

Mark Driscoll - Romanos: Teologia Para Todos (6-11)

DAY 10 OF 17

Pergunta #2: Deus é injusto por escolher algumas pessoas para salvação e outras não (Romanos 9:14-18)?

“Que diremos, então? Que Deus é injusto? De modo nenhum! Pois ele diz a Moisés: ‘Terei misericórdia de quem eu tiver misericórdia e terei compaixão de quem eu tiver compaixão.’ Assim, pois, isto não depende de quem quer ou de quem corre, mas de Deus, que tem misericórdia. Porque a Escritura diz a Faraó: ‘Foi para isto mesmo que eu o levantei, para mostrar em você o meu poder e para que o meu nome seja anunciado em toda a terra.’ Logo, Deus tem misericórdia de quem quer e também endurece a quem ele quer.” – Romanos 9:14-18 

Ao dizer que Deus escolhe salvar algumas pessoas e não outras, “não por obras”, Paulo antecipa a acusação de que Deus é injusto por agir assim. Para responder a essa objeção biblicamente, ele habilmente se volta para Moisés e o livro de Êxodo. Lá, descobrimos que o povo israelita, cerca de poucos milhões de pessoas, está escravizado por um cruel tirano chamado Faraó, que governava como o mais poderoso homem sobre a terra, e era adorado como um deus. Deus chamou Moisés para proclamar a ordem de Deus a Faraó, de que Seu povo fosse liberto para adorá-Lo livremente. Para dar autenticidade ao chamado divino de Moisés, Deus prometeu que ele realizaria feitos miraculosos.

Esta demonstração inicial de poder espiritual foi importante para a validação do ministério de Moisés. Os egípcios eram dualistas; eles criam que havia dois reinos, um mundo físico no qual as pessoas viviam, e um mundo espiritual, repleto de multidões de deuses e seres espirituais. Eles criam que a magia e a feitiçaria eram os meios pelos quais o mundo espiritual interceptava o mundo físico. Portanto, as maravilhas miraculosas de Moisés representariam para Faraó que Moisés trabalhava para um deus poderoso, ou, talvez, o verdadeito Deus. 

O relato do Êxodo ao qual Paulo se refere introduz o conceito do endurecimento do coração do Faraó, um assunto que aparece mais 19 vezes nos capítulos seguintes (1). Alguns destes versículos dizem que foi Deus que endureceu o coração do Faraó, enquanto outros indicam que o Faraó endureceu o seu coração. Alguns teólogos ainda têm dito que a escolha de palavras meramente reflete o entendimento hebraico do mundo, sendo em grande parte uma questão de semântica, pois, em última instância, eles teriam visto toda ação como uma obra de Deus.

A questão que se levanta nestes versos é se Deus poderia ter sobrepujado a vontade do Faraó, endurecido o seu coração e, então, o punido pelo seu pecado. Se Deus tivesse feito isso, Ele teria sido injusto e moralmente responsável por fazer o Faraó pecar e, ainda assim, puni-lo por fazer aquilo que foi forçado a fazer. Semelhantemente, um pai abusivo que joga o seu filho sobre a mesa de jantar e o espanca por derramar o seu leite, é injusto.

Paulo é enfático ao dizer que Deus, de fato, endureceu o coração do Faraó, e, assim, devemos aceitar essa verdade. Ainda assim, a pergunta sobre como Deus endureceu o coração do Faraó é incrivelmente importante para defendermos a justiça de Deus. A resposta é que Deus endureceu o coração do Faraó com paciência e graça. Deus não precisava enviar Moises até o Faraó em múltiplas ocasiões para convidá-lo a arrepender-se de seu pecado e libertar os israelitas. Deus não precisava realizar milagres na frente do Faraó para provar o seu poder e o seu governo soberano sobre o Faraó. Além disso, Deus sabia que o coração do Faraó era duro, e que, ao pedir que se arrependesse e se submetesse à liderança do Deus de verdade, Faraó apenas se tornaria mais enraivecido e mais duro de coração. Portanto, foi a graça que endureceu o coração do Faraó, algo parecido com o amontoar brasas de fogo sobre a cabeça do inimigo de alguém, como Jesus disse.

Portanto, Deus não é injusto e permanece gracioso. A responsabilidade pelo coração duro é, em última instância, do Faraó, não-arrependido e pecaminoso, que repetidamente rejeita a oferta de graça de Deus. E assim, soa verdadeira a afirmação dos Puritanos, de que “o mesmo sol que derrete o gelo endurece o barro”.

O ponto de Paulo é que todos nós somos como Faraó – vivendo como pequenos deuses, rejeitando a graça de Deus o tempo todo. Deus seria completamente justo em enviar cada um de nós ao inferno. Contudo, Ele escolhe ter misericórdia e compaixão de alguns de nós, como fez com Moisés. De fato, é exatamente dessa maneira que Deus descreve a si mesmo por intermédio de Moisés em Êxodo 34:6–7, um dos versículos mais citados da Bíblia:  

"O Senhor passou diante de Moisés e proclamou: — O Senhor! O Senhor Deus compassivo e bondoso, tardio em irar-se e grande em misericórdia e fidelidade; que guarda a misericórdia em mil gerações, que perdoa a maldade, a transgressão e o pecado, ainda que não inocente o culpado, e visita a iniquidade dos pais nos filhos e nos filhos dos filhos, até a terceira e quarta geração!"


Reflexão:

Leia todo Romanos 9 e tome nota de tudo o que Deus faz para salvar pecadores. 

Se você tivesse que escolher uma palavra para definir o seu coração quando Deus o encontrou, qual ela seria e por quê (p. ex.: duro, quebrado, temeroso, esperançoso, egoísta, sensível etc.)?

Como está o seu coração em relação a Deus? Há alguma parte do seu coração que está se endurecendo em relação a Deus?


Notas:

(1) Êx 7:3, 13, 14, 22; 8:15, 19, 32; 9:7, 12, 34–35; 10:1, 20, 27; 11:10; 13:15; 14:4, 8, 17

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About this Plan

Mark Driscoll - Romanos: Teologia Para Todos (6-11)

Este plano de 17 dias o ajudará a mergulhar na profunda teologia de Romanos, dos capítulos 6 a 11, que aborda tópicos como eleição, predestinação e livre-arbítrio. Estes tópicos complexos são esmiuçados em explicações e perguntas práticas e aplicáveis para sua reflexão, tornando a teologia acessível a todos, seja você apenas um curioso a respeito da Bíblia, um novo convertido ou alguém que segue a Jesus há muito tempo.

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