O Outro nome de Aslam: Explorando as Lições Bíblicas nas Crônicas de NárniaSample

2. O Leão, a Feiticeira e o Guarda-Roupa

NoO Leão, a Feiticeira e o Guarda-Roupa, os irmãos Pevensie (Pedro, Susana, Edmundo e Lúcia) são enviados para uma casa no interior durante a Segunda Guerra Mundial. Lá, eles descobrem um portal mágico dentro de um velho guarda-roupa que leva a Nárnia, um mundo encantado congelado em um inverno eterno pela maligna Feiticeira Branca. Edmundo, seduzido pela feiticeira, trai seus irmãos, causando um grande perigo para Nárnia. Agora, unindo forças com o nobre leão Aslam, eles embarcam em uma jornada para resgatar Edmundo, quebrar a maldição e restaurar a paz desse mundo mágico.

Dentre todas as Crônicas de Nárnia, esta é a mais querida e conhecida, além de ser a que possui as simbologias mais estudadas e reconhecidas. Vários livros foram escritos para explicar como o evangelho é retratado nesta história, já que é nítido que existe uma outra história de fundo permeando a trama.

O ponto crucial desta crônica é a morte substitutiva de Aslam. Edmundo trai seus irmãos por um prato de comida, um ato que ecoa várias vezes nas Escrituras, e agora precisa pagar por seu erro. A Feiticeira se apega à lei, inscrita na mesa de pedra, que dita que o sangue de todo traidor é seu: "Sabes que todo traidor por direito é minha presa e tenho direito de matá-lo". A vida de Edmundo, assim como seu sangue, pertence a ela. O pecado levaria à morte, lembrando um versículo conhecido: “Pois o salário do pecado é a morte, mas o dom gratuito de Deus é a vida eterna” (Romanos 6:23).

A Feiticeira confronta Aslam sobre a necessidade do derramamento de sangue para compensação da traição de Edmundo. Existem várias referências bíblicas ao sangue como purificador do pecado. Aslam decide se oferecer no lugar de Edmundo. A Feiticeira aceita a proposta, e Aslam precisa se entregar. O grande leão faz um passeio noturno, cena que tem uma relação com a solidão de Cristo no Getsêmani (Mateus 26:38).

Apesar da traição de Edmundo, Aslam sofre e morre para libertá-lo do poder da Feiticeira Branca. Lúcia pergunta a Susana: “Ele sabe o que Aslam fez por ele?”. Parece que essa pergunta ainda ecoa nos nossos dias: será que realmente sabemos o que Cristo fez por nós? A punição pelo pecado de Edmundo não pode ser ignorada, esquecida ou suspensa. A falta deve ser paga, e Aslam assume essa responsabilidade. Isaías 53:4 diz sobre Jesus: “certamente, ele tomou sobre si as nossas enfermidades e as nossas dores levou sobre si...”.

O ritual humilhante de raspagem da juba do leão pode ser uma alusão à “coroa de espinhos” de Cristo, assim também como a humilhação de tirarem suas vestes, terem cuspido e batido Nele. Satanás acreditava que a morte de Cristo seria a sua vitória. Se isso não fosse suficiente para demonstrar o que Lewis queria ensinar através da morte de Aslam, as comparações e alusões à Bíblia não param por aí: “Mas [Aslam] ficou quieto, mesmo quando os inimigos rasgaram a sua carne de tanto esticarem as cordas”. Este trecho parece até ser uma citação de Isaías 53:7, que diz: “Foi maltratado e resignou-se; não abriu a boca, como um cordeiro que se conduz ao matadouro, e uma ovelha muda nas mãos do tosquiador” (Ele não abriu a boca).

Embora Aslam tenha se sacrificado por apenas uma única pessoa, isso sublinha a pessoalidade e individualidade do sacrifício. Cristo morreu por todos nós, mas também teria morrido por uma única pessoa, se necessário! Ele morreu por você. Ele sofreu por você, pois Ele acredita em você! Acredita que pode transformar sua vida e justificá-lo. Exatamente como Aslam fez com Edmundo.