'Causos' de Família - 01Exemplo

EMBAIXADORES E EMBAIXATRIZES

De sorte que somos embaixadores (e embaixatrizes) em nome de Cristo, como se Deus exortasse por nosso intermédio. - II Coríntios 5.20

Há alguns dias atrás, a Larissa foi a um médico em São Paulo para fazer os exames exigidos pelo consulado da Austrália. Como já está se aproximando o dia de sua viagem de intercâmbio cultural, estamos, paralelamente, dando urgência aos preparativos. A Shirley e a vó Dete acompanharam a Lalá até o médico que, segundo elas disseram, foi muito simpático no atendimento. Depois de um exame minucioso, ele deu alguns conselhos inteiramente válidos para a Lalá. Disse mais ou menos o seguinte:

“Larissa, quando você estiver na Austrália, demonstre todo o potencial do povo brasileiro. Em nenhum momento deixe de ser, autenticamente, patriota. Fale com orgulho de nossa pátria e defenda a nossa cultura e tradições. Mostre que nós somos um povo inteligente, culto e com opinião bem formada. Sempre que for possível, demonstre o amor que você tem pelo Brasil, sua terra, pelas nossas instituições e pela sua família, da qual você deve sempre se orgulhar (Provérbios 13.17). Boa viagem e seja muito feliz”!

Achei muito boa a palavra desse homem. Ele passou a ela a responsabilidade de ser embaixatriz, ou seja, representante de nossa “pátria amada, Brasil!” em terras estrangeiras. Sobre este assunto, “embaixadores”, certo dia ouvi uma ilustração mais ou menos assim:

“O Brasil, certa vez, enviou um novo embaixador para a Inglaterra. Este homem chegou lá, e logo começou a se adaptar a um novo estilo de vida. Passou a morar no centro de Londres, em um bairro bastante tradicional, em uma casa de estilo Vitoriano. Começou a usar ternos e “blazers” de corte anglicano impecável, sempre confeccionados com a legítima casimira inglesa; começou a usar, também, chapéu coco e guarda chuvas preto. Ele aprendeu, rapidamente, o sotaque britânico e nas festas que frequentava, ninguém dizia que não se tratava de um “english man”... Assim era aquele tal embaixador. De tanto se identificar com a Inglaterra passou a pensar e agir como um verdadeiro “lord”, esquecendo-se de sua “brasileirice”. Não falava nada sobre a nossa pátria e não defendia os interesses "verde-amarelo".

Depois de alguns anos, o Presidente da República substituiu aquele tal, e mandou para lá um outro embaixador, bem diferente. Este era um nordestino, baixinho e atarracado, com sotaque carregado e que chegava com muita vontade de trabalhar. Ele não se preocupou em “parecer inglês”! Em todas as reuniões, das quais participava, defendia o Brasil com unhas e dentes, falando das vantagens oferecidas por nossa terra e tentando trazer para cá investimentos, tal como, indústrias inglesas. Sempre que se aproximava de um grupo de empresários, estes já desconfiavam: 'Lá vem aquele brasileiro fazer propaganda e falar das coisas boas de sua terra!' Este homem foi um grande embaixador e verdadeiro representante de nossa terra.

Conforme o texto da segunda carta aos Coríntios 5.20, Cristo nos elege embaixadores de seu reino aqui na terra, aqui no Brasil, aqui em nossa cidade e aqui em nossa casa. Aqui somos representantes d’Ele, falamos em seu Nome e aquilo que fizermos, tem o aval do Rei. Portanto devemos falar e agir com a dignidade e intrepidez de um verdadeiro cristão. Não podemos agir como aquele embaixador “meio-brasileiro-meio-inglês”. Cada coisa que falarmos, cada coisa que fizermos, tudo enfim, deve ser para honra e glória de quem nos confere o privilégio e a alegria de sermos seus embaixadores em terra estranha.

Que Deus Pai nos ajude a cumprir nossa obrigação de representá-lo bem e de falarmos em seu nome (Efésios 6.18-20), como bons embaixadores ou embaixatrizes, e que o mesmo Pai ajude a Lalá a ser uma fiel brasileira e, acima de tudo, uma fiel cristã em terras australianas. Amém?

Tatuí, 4 de Novembro de 1997