Dias Melhores Virão!Exemplo
FELIZ ALGORITMO!
Tempos atrás foi realizada uma pesquisa nas mídias sociais que causou muita polêmica. Ao longo de uma semana os feeds de notícias de quase 700 mil pessoas foram manipulados, sem que elas tivessem conhecimento. O experimento dividiu os usuários de uma determinada rede em dois grupos, diferenciados pelo conteúdo emocional que seria visualizado. Assim, um grupo recebeu mais conteúdos emocionalmente positivos e o outro mais conteúdos negativos. O objetivo era medir as variações de humor e estado emocional por monitoramento dos status de cada usuário. Ou seja, medir um tipo de felicidade impulsionada pelos algoritmos. Bastante criticada por óbvias razões éticas, a empresa que promoveu a pesquisa tentou justificar seus motivos alegando que só visava a felicidade e o bem de seu público. Puxa, que emoção, não? Pensar que uma megaempresa está tão preocupada com que eu e você sejamos felizes, a ponto de não ter escrúpulos em usar a inteligência artificial para alcançar esse fim, sem que nenhum de nós concorde com isso. E nem mencionou a palavra lucro...! Mas esse é o menor dos problemas nesse contexto. Não foi um experimento isolado, é uma prática que se tornou habitual e que faz de todos os participantes das redes cobaias a serviço de interesses maiores do que as fronteiras da economia, da ciência, da política, ou qualquer área do convívio em sociedade na enorme aldeia global em que vivemos. Mas afinal, que felicidade é essa, que nos é oferecida de forma tão enganosa, com um poder pastoral tão impositivo, cruel, sorrateiro, e com um método tão humanamente desumano?
Qualquer pessoa com um mínimo de sensibilidade já descobriu que vivemos em um ambiente regido pela tirania da positividade, assim entendida por diversos estudiosos e filósofos do comportamento. Na ânsia de impor e medir a felicidade, o que se descobre, dentre outras coisas, para nossa tristeza, é que os brasileiros são os mais infelizes dentre as nacionalidades pesquisadas. 58% dos alcançados pela pesquisa sentem-se insatisfeitos com sua vida atual. Mais da metade deles tem buscado a felicidade seguindo perfis motivacionais.
O salmo 84 é uma expressão de desejo por uma felicidade que parece fora de época em todos os sentidos. Tanto por ter sido escrita em uma época em que todo o conhecimento do mundo estava muito distante do que hoje conhecemos, quanto pelo ideal de felicidade que é definido pelos salmistas, os filhos de Corá, que eram responsáveis pela organização da adoração pública do povo de Israel, e não tinham perfis no Facebook.
Para aquelas pessoas que viveram nas terras da Palestina, por volta do ano 1.000 a.C., Jerusalém representava um anseio que deveria responder ao desejo de Deus de se encontrar com seu povo naquele lugar. Por isso, em linguagem poética, os passarinhos que faziam seus ninhos nos pátios e ambientes internos onde aconteciam as celebrações, eram os mais felizes de todos os viventes por serem especialmente privilegiados e protegidos pela proximidade com o altar, numa clara representação de felicidade baseada na intimidade com Deus.
Tudo leva a crer que o salmo 84 foi escrito para ser cantado nas peregrinações que se faziam a Jerusalém. Música que servia de refrigério no meio da aridez das longas caminhadas por estradas poeirentas. Música que tinha a cara das primeiras chuvas de primavera nos solos sem água do antigo oriente médio. Música que refletia a felicidade de gente que quanto mais caminhava, mais perto de Deus se sentia. Música que era oração, soando e fazendo eco de proteção divina. Música que ansiava pelo melhor de Deus. Aliás, me faz lembrar uma frase no mínimo interessante, de Spurgeon – o pior de Deus é melhor do que o melhor do diabo. Se é que a gente consegue conceber algo pior da parte de Deus.
O salmo diz também que a influência benéfica de Deus é semelhante ao sol, fornecendo luz e calor, numa das únicas referências bíblicas a Deus como sol. Ele não precisa de algoritmos para definir o bem, tanto da graça comum, o melhor de Deus à disposição de todos, como dos benefícios da salvação para os que O temem.
A conclusão do poema bíblico é clara:
a felicidade não é um fim em si mesma, é uma consequência do anseio de viver de forma agradável a Deus. Esse anseio muda nossa visão de mundo, e nosso estilo de vida, que por uma perspectiva da economia do suficiente coloca o relacionamento com Deus, com o próximo, e com a criação, acima de interesses materiais.
Por princípio religioso, ideal de felicidade, ou não, os princípios do consumo sensato e suficiência sustentável são resumidos em três Rs – reduzir, reusar e reciclar. Parodiando um teólogo do nosso tempo, o padrão de vida consumista, integral da nossa cultura familiar contemporânea, é fruto de desejos, ambições e cobiças desenfreados na sociedade humana. Disso se alimenta a felicidade dos algoritmos.
E ela vai se tornar cada vez mais onipresente em sua intenção de nos fazer duvidar de que o melhor da felicidade é cuidar do mundo criado por Deus, descansando no conceito de que tudo foi feito por Ele e para Ele.
A felicidade dos algoritmos continuará a combater toda crença de que o melhor da felicidade é fazer parte da criação, plantando, cuidando, encontrando nela toda suficiência para nossa existência e refletindo em nós o caráter do Criador.
A felicidade dos algoritmos vai fazer de tudo para que eu e você não creiamos que o melhor da felicidade é celebrar a vida plena em Jesus, que se tornou homem para demonstrar um tipo de amor inigualável, capaz de nos dar vida de sobra.
Feliz algoritmo! Só que não!
Wilson Avilla
As Escrituras
Sobre este Plano
O futuro é uma dimensão fundamental da existência. Tentar antecipá-lo pode se tornar uma obsessão. Mas sem confiança em Deus, o amanhã pode significar somente frustração e vazio. Vários salmos foram escritos em momentos nos quais o futuro era uma sombra assustadora para seus autores. As poesias inspiradas nessas experiências contêm lições de fé para lidarmos com as tensões do que ainda não aconteceu, acreditando que dias melhores virão.
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Gostaríamos de agradecer ao #V3 Comunidade Cristã por fornecer este plano. Para mais informações, visite: https://prwilsonavilla.blogspot.com/