O Livro de Jonas: quando o propósito de Deus não está em nossos planosExemplo

Ao encerrarmos nossa análise do livro de Jonas, lembremos a configuração desse capítulo final. Nínive acabou de experimentar um avivamento massivo com apenas um sermão de oito palavras, e quando Deus viu o arrependimento do povo, ele mostrou sua misericórdia quanto ao desastre que viria sobre eles.

Então, o capítulo quatro começa com um versículo chocante: Jonas está furioso! Em vez de se alegrar porque o povo de Nínive se voltou para Deus, ele fica furioso. E a conversa que ele e Deus têm neste capítulo revela o porquê.

Jonas ficou feliz por receber a salvação, mas odiou que seus inimigos cruéis, maus, violentos e bárbaros estivessem recebendo a mesma salvação. Sua hipocrisia egocêntrica ocupa o centro do palco durante o resto do capítulo, à medida que a alegria de Jonas na misericórdia de Deus para com ele é contrastada com a raiva que ele sente quando a misericórdia de Deus se estende aos outros.

Por fim, a história termina sem resolução. A cortina cai e não temos ideia do que Jonas disse ou fez. Por quê? Porque o objetivo desse livro não é o que Jonas disse ou fez. É o que nós, como ouvintes, faremos.

Então, eu deixarei sete perguntas que precisamos fazer em nossas vidas após ler o livro de Jonas.

1. Você já quis seguir mais o seu próprio caminho do que a vontade de Deus? Quantas vezes Deus lhe disse: “Levante-se e faça isso”, e você se levantou e fez exatamente o oposto? Ou apenas ficou parado? De que forma você está resistindo à Palavra de Deus em sua vida?

2. Você tende a se contentar com o conforto de pessoas e lugares que lhe são familiares, em vez de pagar o preço para estar com pessoas e lugares que lhe são estranhos? Qual é a sua disposição para estar com pessoas ou em lugares vistos por você como ameaçadores ou hostis?

3. Com que frequência você ora e deseja o bem de outras pessoas que podem ser consideradas suas inimigas? Se uma imagem da sua vida de oração fosse exibida em uma tela agora mesmo, com que frequência os seus inimigos apareceriam? Você deseja sinceramente o bem delas — o suficiente para orar por elas — ou você, na verdade, quer ver essas pessoas se darem mal?

4. Você já questionou a justiça de Deus ou a misericórdia de Deus? Você já viu bondade para com pessoas más e perversas e pensou “Por quê?” ou pelo menos “Onde está você, Deus?”. Quando alguém faz algo mal e parece prosperar, você não questiona o motivo ou a maneira que isso pode estar certo na visão de Deus?

5. É possível que você conheça o caráter de Deus e ainda assim não demonstre a compaixão de Deus? É possível que você tenha uma boa teologia — uma compreensão bíblica correta de quem Deus é e de como Deus ama o mundo —, mas não conseguiu demonstrar amor por outras pessoas (especialmente aquelas que não amam você)?

6. Você às vezes se preocupa mais com os próprios desejos terrenos do que com o destino eterno dos outros? Existem coisas — bens que possui, seus objetivos de vida, prazeres que ama — que você prioriza mais do que levar as pessoas à vida eterna?

7. O que você realmente deseja mais: uma vida confortável no seu país ou a propagação do evangelho em todas as nações? O propósito global de Deus sempre enfrentou resistência do povo nacionalista de Deus. Essa é a história de Jonas. E é a nossa história também.

Nós somos Jonas. Sua história é um espelho que reflete nossos corações, mentes, lutas e pecados. Espero que todos saiamos deste momento sem pensar na tolice de Jonas, mas na nossa. Pois é possível para nós, assim como para Jonas, receber a misericórdia de Deus e ainda resistir à missão de Deus. Sua missão obviamente não é nada natural para nós. Em nós mesmos, somos como Jonas e pecadores: gostamos de conforto, não nos preocupamos, não gostamos da ordem de Deus e não gostamos do caráter de Deus. Mas Jesus faz de nós nova criação, livre do pecado, para um propósito inteiramente novo neste planeta: espalhar a sua mensagem salvadora a todas as pessoas em todos os cantos da terra.