Transformados Pela ContemplaçãoExemplo

HUMILDE

É um desafio para nós, seres humanos caídos e cheios de orgulho, compreender o que de fato é a humildade. Tendemos sempre aos extremos da autocomiseração ou da falsa modéstia. Nossa visão é embaçada e sempre nos vemos muito acima ou muito abaixo de quem realmente somos. Porém, contemplar a Cristo é contemplar a verdadeira face da humildade. Ele sabia plenamente quem era: o Filho de Deus, o verbo vivo, o que era, é e há de vir. Ele sabia que o prazer do Pai estava sobre Ele e jamais esqueceu da glória que tinha com o Pai desde a eternidade. Ainda assim, Ele não considerou isso como algo a que devesse se apegar, Ele escolheu esvaziar-se e tomar a forma humana. Ele escolheu tornar-se um servo sofredor. Ele escolheu abrir mão da Sua glória, e tudo isso sem nem ao menos duvidar de quem Ele era.

No deserto, Jesus foi tentado por Satanás, e nas três ocasiões, o inimigo questionou a sua identidade: “Se verdadeiramente és o Filho de Deus…” faça isso ou aquilo. O Mestre não foi ameaçado em nenhum momento por essas investidas. Ele estava firmado em quem o Pai declarou que Ele era. Isso não estava em cheque nem poderia lhe ser roubado.

Enquanto isso, nós estamos o tempo todo tentando provar para nós mesmos e para os outros quem somos e qual o nosso valor. Vivemos inseguros da nossa identidade e, por isso, oscilamos tanto em nossa postura. Mas se desejamos ser mansos e humildes como Jesus, precisamos, antes de tudo, ouvir o que o Pai tem a dizer sobre nós, o que a obra da Cruz fez em nosso favor, qual é a esperança que sustenta as nossas vidas. E então, a partir disso, viver a vida, caminhar em nossos relacionamentos, desempenhar nossas funções, sabendo que não somos definidos por opiniões, tarefas ou circunstâncias, mas pela Voz do Sentido que nos chamou à existência.

João faz questão de enfatizar no capítulo 13 do seu evangelho como Jesus, tendo plena convicção de quem era, tomou sobre si uma toalha e passou a lavar os pés dos seus discípulos, escolhendo ser o menor. Ele tinha todas as prerrogativas para ser servido e receber todas as honras ou para ser consolado e amparado nos momentos que antecederam a Cruz, mas Ele escolheu ensinar os seus seguidores pelo exemplo, e não apenas pelo discurso. Essa é a graça do autoesquecimento, que cresce em nós à medida que entendemos que já estamos crucificados com Cristo. E agora que Ele vive em nós, podemos baixar nossas defesas e caminhar em humildade, sabendo que nossa identidade está escondida e guardada em Cristo.