Domínio próprio 

Chegamos ao último aspecto do fruto do Espírito: domínio próprio. Essa expressão nos remete de modo claro à lista assustadora de obras da carne apresentada logo antes do fruto do Espírito (ver Gl 5.19-21). Muitos dos comportamentos que Paulo apresenta nessa lista mostram a natureza humana fora de controle, em seu pior estado de excessos. Esse tipo de vida descontrolada permite que o indivíduo se entregue à complacência, à gratificação sexual, ao orgulho, à gula, e assim por diante.  

O pecado tem poder próprio que age em oposição a nossas melhores intenções. Paulo conhecia muito bem o poder do pecado e da carne e sabia que o único poder capaz de controlá-los era o Espírito Santo.  

Parte da obra do Espírito Santo consiste em como ele nos capacita para que refreemos os desejos e impulsos pecaminosos que ainda estão à espreita dentro de nós. Domínio próprio inclui esforço da volição, mas é um esforço inspirado e fortalecido pelo Espírito de Deus, à medida que sua vontade dá fruto em nossa vontade. 

Paulo começou com amor, uma qualidade que direciona nossos pensamentos e ações para fora, para outros. E termina com domínio próprio, uma qualidade que direciona nossos pensamentos e ações para dentro, para nós mesmos, com vistas ao nosso bem e ao de outros. Para Paulo, a menos que exercitemos essa prática necessária de domínio próprio e vivamos de modo disciplinado pelo Espírito Santo, dificilmente produziremos o restante do fruto. 

Adaptado de Christopher J. H. Wright, Aprendendo a viver como Jesus: Um novo olhar sobre o fruto do Espírito (Mundo Cristão, 2019).