“Por que o Todo-Poderoso não marca um dia para julgar, um dia para fazer justiça aos que são dele? Há homens que mudam os marcos de divisa para aumentar as suas terras; eles roubam ovelhas e as põem no meio das suas. Levam jumentos que pertencem a órfãos e ficam com o boi de uma viúva como garantia de pagamento de empréstimo. Eles não respeitam os direitos dos pobres e forçam os necessitados a correr e se esconder. “Como se fossem jumentos selvagens, os pobres andam pelo deserto procurando alimento para os filhos. Os pobres precisam trabalhar nas colheitas dos maus e apanham uvas para eles. Não têm cobertas para se cobrir de noite, não têm nada que os proteja do frio. Nas montanhas são encharcados pelas chuvas e procuram abrigo nas rochas. Os perversos pegam orfãozinhos e fazem deles escravos e recebem os filhos dos necessitados como pagamento de dívidas. Os pobres andam por aí quase nus e passam fome enquanto trabalham na colheita do trigo. Eles movem as pedras dos moinhos dos maus para fazer azeite e pisam as suas uvas para fazer vinho, mas morrem de sede durante esse trabalho. Os feridos e os que estão morrendo gritam nas cidades, mas Deus não escuta os seus gritos pedindo socorro. “Os perversos odeiam a luz; em todos os seus caminhos, em tudo o que fazem, não querem saber dela. O assassino se levanta de madrugada para matar o pobre e de noite vira ladrão. O adúltero espera o cair da noite e cobre o rosto para que ninguém o veja. Os ladrões invadem de noite as casas; eles não saem de dia, pois não querem nada com a luz. Eles têm medo da luz do dia, mas a escuridão não os deixa apavorados.” “O homem mau é arrastado pela enchente. As suas terras são amaldiçoadas por Deus, e ele não volta a trabalhar na sua plantação de uvas. Como a neve se derrete no tempo seco e no calor, assim também o pecador desaparece da terra dos vivos. A própria mãe não lembra dele. Os vermes o devoram com gosto, e ele é esquecido por todos. O pecador é destruído como uma árvore que cai. Isso acontece porque ele nunca ajudou as viúvas, nem teve pena das mulheres que não podem ter filhos. Deus, com o seu poder, destrói os maus; ele age e acaba com a vida dos perversos. Deus deixa que vivam seguros, mas fica sempre de olho neles. Durante algum tempo, os perversos prosperam, mas num instante secam como o capim, são cortados como as espigas de trigo. Quem pode dizer que essas coisas não são assim? Será que alguém pode provar que não estou dizendo a verdade?”
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