Quando você entrar na casa de Deus, tome cuidado com o que faz e ouça com atenção. Age mal quem apresenta ofertas a Deus sem pensar. Não se precipite em fazer promessas nem em apresentar suas questões a Deus. Afinal, Deus está nos céus, e você, na terra; portanto, fale pouco.
Do excesso de trabalho vem o sonho agitado; do excesso de palavras vêm as promessas do tolo.
Quando fizer uma promessa a Deus, não demore a cumpri-la, pois ele não se agrada dos tolos. Cumpra todas as promessas que fizer. É melhor não dizer nada que fazer uma promessa e não cumprir. Não permita que sua boca o leve a pecar. E não se defenda dizendo ao mensageiro do templo que a promessa foi um engano. Isso deixaria Deus irado, e ele poderia destruir tudo que você conquistou.
Sonhar demais é inútil, assim como falar muito. Em vez disso, tema a Deus.
Não se surpreenda se, em toda a terra, você vir os pobres sofrendo opressão pelos poderosos, e a justiça e o direito sendo pervertidos. Cada oficial é subordinado a uma autoridade superior, e a justiça se perde em meio à burocracia. Até mesmo o rei tira para si o máximo proveito da terra.
Quem ama o dinheiro nunca terá o suficiente. Quem ama a riqueza nunca se satisfará com o que ganha. Não faz sentido viver desse modo! Quanto mais você tem, mais pessoas aparecem para ajudá-lo a gastar. Portanto, de que serve a riqueza, senão para vê-la escapar por entre os dedos?
Quem trabalha com dedicação dorme bem, quer coma pouco, quer muito. As muitas riquezas, porém, não deixam o rico dormir.
Observei ainda outro grave problema debaixo do sol: o acúmulo de riquezas prejudica seu dono. Se o dinheiro é colocado em investimentos arriscados e eles dão errado, perde-se tudo. No final, não sobra nada para deixar aos filhos. Todos nós chegamos ao fim da vida nus e de mãos vazias, como no dia em que nascemos. Não levamos conosco o fruto de nosso trabalho.
Isto também é um grande mal: as pessoas vão embora deste mundo como vieram. Todo o seu esforço é inútil, como trabalhar para o vento. Passam a vida sob uma nuvem escura de frustração, doença e indignação.
Ainda assim, observei pelo menos uma coisa positiva: é bom que as pessoas comam, bebam e desfrutem os resultados de seu trabalho debaixo do sol durante a vida curta que Deus lhes dá e aceitem a parte que lhes cabe. Também é bom receber de Deus riqueza e boa saúde para aproveitá-la. Alegrar-se com seu trabalho e aceitar a parte que lhe cabe na vida são, sem dúvida, presentes de Deus. Deus mantém as pessoas tão ocupadas com as alegrias da vida que não lhes sobra tempo para refletir sobre o passado.